“Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o sei desespero. E agora só queria ter o que eu tivesse sido e não fui.” – A hora da estrela
“A hora da estrela” foi o último romance lançado por Clarice Lispector, onde ela usou um alter-ego chamado Rodrigo S. M. para contar a história de Macabéa. Uma jovem pobre órfã que foi criada pela tia, que não teve conforto, amigos ou amor, apenas uma infância bem miserável.
O livro começa com o narrador/escritor contando sobre seu processo criativo para começar a produzir a história da garota que ele viu um dia na rua, e com apenas uma troca de olhares sentiu que já sabia toda a sua história; Junto acompanhamos o que ele sente ou pelo o que ele se passa enquanto tenta dar início a história, junto com algumas reflexões, e como ele se sente em relação a produção do livro. Ao longo do livro ele começa a apresentar Macabéa, a jovem com quem ele se deparou em uma rua da cidade, e apenas com uma troca de olhares ele toma conhecimento de toda sua história.
Quando sua tia decide se mudar para a cidade maravilhosa, ela a garota não tem muita opção a não ser acompanhá-la e passar a morar em uma pensão, como tem apenas um curso de datilografa, consegue um emprego na área para sobreviver com um salário mínimo. Ela divide o quarto com quatro balconistas, com quem não convive muito já que elas passam a maior parte do tempo trabalhando, restando apenas como companhia o rádio.
Em um dia ela resolve faltar ao trabalho e vai fazer um passeio, e acaba conhecendo o metalúrgico Olímpico de Jesus, que após um encontro, a inocente Macabéa já pensa que está em um namoro sério com o rapaz. Acontece que tudo isso muda quando ele vai fazer uma visita a ela em seu trabalho e acaba conhecendo, se interessando, e a trocando por Glória, uma colega de trabalho.
Depois de pensar que as coisas estavam melhorando, veio mais essa grande tristeza em sua vida, e sem esperanças de que algo possa melhorar, por indicação da própria Glória, vai a uma cartomante, que prevê um futuro bem diferente do que ela esperava. Essa inserção da cartomante na vida da jovem Macabéa foi inspirada na própria vida de Clarice.
Enquanto escrevia a obra, ela já estava doente e como sugestão de um casal de amigos começou a frequentar uma cartomante. Dona Nair viu em seu futuro que sua saúde ficaria ótima, e sua vida amorosa e seus problemas todos estariam resolvidos. Infelizmente não foi bem isso que aconteceu na vida da autora, e ela veio a falecer logo após o lançamento de “A hora da estrela“.
A leitura pode ficar confusa se você não estiver prestando muita atenção no que se está lendo, a narrativa não segue uma ordem cronológica como a maioria dos leitores estão acostumados e isso pode ser um problema, apesar de ser um livro de poucas páginas. Algumas questões acompanham essa história, assim como reflexões sobre a vida, a morte, ao abandono e também ao preconceito com nordestinos.
“A hora da estrela” acaba de fazer 40 anos, e como comemoração foi lançada uma edição especial em capa dura pela editora Rocco, para saber mais clique aqui. Que além do original, tem mais 16 páginas com a reprodução dos manuscritos da Clarice.
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Informações do livro
Autor: Clarice Linspector
Editora: Rocco
ISBN: 85-325-0812-x
