Bates Motel resenha

5ª temporada de Bates Motel se desprende do filme “Psicose” e termina seguindo seu próprio rumo

Último episódio da série Bates Motel foi ao ar nos Estados Unidos na segunda-feira (24)

A série inspirada no filme “Psycho” (1960) de Alfred Hitchcock, Bates Motel, teve seu último episódio, após cinco temporadas, veiculado na última segunda-feira pelo canal A&E nos Estados Unidos. Inaugurada em 18 de março de 2013, a série teve 50 episódios e foi considerada um sucesso com trama muito bem escrita e evolução dos personagens marcando a carga dramática e de horror ao longo dela.

A quinta temporada estreou nos Estados Unidos no dia 20 de fevereiro desse ano e, apesar de já ter acabado por lá, ainda não tem previsão de estreia no Brasil. Carregando críticas muito positivas à obra, a temporada contou com a participação da cantora Rihanna no papel de Marion Crane – personagem que ficou eternizada pela atriz Janet Leigh e pela cena em que ela é assassinada no chuveiro – e com a esperada sequência que é narrada no filme original.

Com muitos plot twists pela temporada, Bates Motel não deixou a desejar nas atuações impecáveis, principalmente, de Freddie Highmore (Norman Bates) e Vera Farmiga (Norma Bates). Os dez últimos episódios retratam o ápice da insanidade de Norman enquanto ele continua a tentar a viver sua vida normal. Surtos psicóticos deixam de ser coisas que ele tem de vez em quando nos momentos de black out e passam a ocorrer ao longo do dia, com ele vendo coisas e pessoas que realmente não estão lá.

Apesar de ter sido ótima e o final ter agradado com um belo desfecho a toda loucura que vimos crescer nesses quatro anos, a série deixa algumas questões em aberto nas quais entrarei em detalhes abaixo.

RESENHA E CRÍTICA

*ATENÇÃO CONTÉM SPOILERS – MUITOS SPOILERS*

A quinta temporada começa logo após a morte de Norma Bates. A querida, adorada e louca mãe de Norman é assassinada pelo próprio filho no final da temporada anterior em uma tentativa dele de tê-la somente para ele, já que Norman tinha ciúmes de seu casamento com o policial Alex Romero (Nestor Carbonell), pois imaginava que ela deveria ser sempre única e exclusivamente dele.

Quando o suicídio falha e somente sua mãe morre, Norman, além de pegar o corpo dela de seu túmulo, levá-lo com ele para casa e deixá-lo guardado seguramente em um congelador, ele começa a ver sua mãe viva tocando piano, fazendo café da manhã, limpando a casa, jantando e conversando com ele a todo momento.

Com a ilusão de que ela estaria fingindo sua própria morte somente para ficar com ele, Norman segue a sua vida dirigindo o motel e conversando com o seu, agora, único amigo, Chick Hogan (Ryan Hurst), que na verdade só se aproximou da família Bates para poder ter exclusividade nas ilusões de Norman e poder estar a par de todos os fatos para escrever um livro sobre toda essa loucura.

Riri em Bates Motel

Por volta da metade da temporada, temos a participação da cantora Rihanna fazendo ponta de atriz como foi dito no começo da matéria. E quando todos esperavam que ela fosse morrer a facadas no banheiro do motel, ela consegue sair ilesa e outra pessoa toma o seu lugar, marcando o começo da lucidez de Norman, que pela primeira vez comete um assassinato como ele mesmo, sem black outs e sem assumir a personalidade de sua mãe.

Muitas pessoas criticaram muito a mudança da história do filme na série, mas ficou claro que a trama ganhou voz própria e conseguiu surpreender todas as pessoas que a assistiam sem se desprender totalmente da narrativa original, já que outra pessoa morreu exatamente igual (inclusive com os mesmos direcionamentos de câmera) que a Marion Crane em Psicose.

Outra grande mudança de Bates Motel, mas que terminou por dar identidade e asas à série, foi o final dramático com Norman atingindo o ápice da sua loucura imaginando uma vida nova, começada do zero com sua mãe, ao chegar (novamente) no Bates Motel como se fosse sua primeira ida à casa e ao empreendimento.

Sempre carregando o corpo da mãe para lá e para cá, para retratar o quanto ele gostaria de estar com ela, a série termina com Dylan (Max Thieriot), irmão de Norman, tirando a vida do próprio irmão após ele pedir que fosse morto ao ver que não ia conseguir levar a sua ilusão de que a mãe estava viva para frente. E é com o corpo estirado em cima de Dylan que Norman consegue se ver reencontrando a mãe e agradece o irmão com um “Obrigado” antes de dar seu último suspiro.

Pontas soltas

Algumas perguntas não foram completamente respondidas o que deixou algumas pessoas com uma pulga atrás da orelha e outras defendendo os roteiristas dizendo que acreditam que foi intencional deixar algumas coisas para que o próprio público imaginasse. Aqui vai uma lista do que ficou sem respostas:

1 – A morte de Caleb

Irmão de Norma e pai do Dylan, Caleb foi morto ao voltar para o Bates Motel. Prestes a ser assassinado pela personalidade de Norma dentro de Norman, Caleb começa a fugir e acaba atropelado pelo carro de Chick, este que acaba ajudando Norman a se livrar do corpo ao cremá-lo. Porém, ficamos até o final da temporada esperando o momento em que Dylan descobre sobre a morte de seu pai e a responsabilidade que seu irmão tem nela – o que nunca acontece.

2 – A casa e o motel estão estranhamente vazios quando Norman volta

Achando que era a sua primeira vez na casa e no motel, Norman volta com o corpo da mãe nos braços achando que vai recomeçar a vida do zero e sem se lembrar de nada que aconteceu desde a morte de seu pai lá na primeira temporada. Até aí tudo bem, mas quando ele chega lá o local – que estava interditado como cena de crime – estava completamente vazio de policiais, o que é estranho já que Norman estava desaparecido da delegacia onde estava preso e o mínimo era ter um policial ali caso ele resolvesse voltar para casa – o que ele fez.

Além disso, Norman achando que está tudo ótimo, liga a placa do motel indicando que ele está aberto e com vagas para acomodação. Como ninguém passou por aquela rodovia e reportou isso à polícia? Conveniente, não?

3 – O livro do Chick

Como disse acima, o Chick se uniu a Norman Bates se dizendo amigo da família para poder escrever seu livro sobre a psicose de Norman. Porém, o livro é parado pela metade quando Alex Romero mata ele dentro da casa enquanto ele escrevia no porão no mesmo local em que o corpo de Norma uma vez estivera congelado.

Mesmo após encontrarem o corpo de Chick e o livro (que Romero não pegou), ninguém menciona o que estava escrito naquelas páginas e terminamos com a impressão de que a polícia não fazia a mínima ideia dos surtos psicóticos de Norman e o tratava como um assassino a sangue frio e que teria cometido todos os crimes com a consciência intacta.

4 – O psiquiatra de Norman

Em um momento na temporada o psiquiatra que tratava Norman na clínica em que ele estava internado, é mencionado como desaparecido. Ninguém sabe onde está, ninguém viu. Mas ao mesmo tempo em que ele estaria desaparecido, Norman conversa com ele um café da cidade. Acabamos sem saber se a conversa foi pura ilusão dele, se alguém encontrou o médico ou se foi realmente Norman que o matou, já que a mãe que vive dentro de Norman não gostava muito do médico. [E todos sabemos que quando a mãe não gosta, as coisas geralmente acabam em sangue].

5 – Todas as outras mortes

Somente quatro mortes foram atribuídas ao Norman (contando com o assassinato de Alex Romeno no último episódio), mas ao longo da série foram nove mortos pelas mãos dele e ninguém citou ou conseguiu ligar os pontos até os últimos segundos da série.

No geral, a série foi maravilhosa com cada episódio contando com um roteiro muito bem trabalhado e que nos surpreendia sempre. O final da série foi uma espécie de “final feliz” e concordo com Freddie Highmore quando ele diz que Bates Motel “acabou do jeito que deveria”.

Post Author: Bruna de Oliveira

2 thoughts on “5ª temporada de Bates Motel se desprende do filme “Psicose” e termina seguindo seu próprio rumo

    Areli Pereira

    (25 de janeiro de 2019 - 17:32)

    Incrível! A atriz Olivia Cooke se compromete muito com o personagem. Ainda não tive oportunidade de ver a série, mas muita gente já me recomendou. Eu amo os filmes e séries onde participa Judy Greer lembro dos seus papeis iniciais, em comparação com os seus filmes atuais, e vejo muita evolução, mostra personagens com maior seguridade e que enchem de emoções ao expectador. Eu recomendo em Jogador No 1, é um dos melhores filmes de ficção Desfrutei muito sua atuação. A historia está bem estruturada, o final é o melhor. Se ainda não tiveram a oportunidade de vê-lo, eu recomendo. Adorei!

    Maria de Lourdes

    (1 de julho de 2019 - 10:30)

    Algumas ponderações: Vale lembrar que a série marcou a vida do Norman Bates antes do então Psicose, fz a gente entender porque ele era daquele jeito.
    A morte de Caleb; Dylan jamais iria imaginar que o pai estaria morto, visto que saiu da casa dele e não tinha dito aonde ia e como ele vivia indo e vindo, acredito que Dylan pensou que ele foi dar “um tempo” e que depois voltaria. Só mais la na frente é que ele iria se tocar, mas mesmo assim não saberia o que realmente acontecera, visto que o Escritor morrera e Norman tava daquele jeito. Pode ser que na audição das fitas do escritor, alguém poderia ligar isso a alguma coisa. Diga-se de passagem, foi um sepultamento digno de qualquer ser humano, o escritor realmente foi bacana no final da conta.
    O que não engoli mesmo, foi a morte do Romero: como ele tão cuidadoso, iria dar as costas daquele jeito para o Norman: essa foi dura mesmo, sem chance.
    A Emma, nem se fala, lerda do começo ao fim da série, sem expressão alguma!
    No mais, estou de acordo, e adorei a série, pena que acabou!

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