Vidro (crítica) – filme ainda em cartaz

Por Guilherme Batista

M.Night Shyamalan é conhecido por seus filmes surpreenderem o público com grandes revelações. Sua fórmula ficou bastante conhecida em “Sexto Sentido”, e por onde passa o característico diretor tenta repetir sua formula.

Quando Corpo Fechado estreou, não se imaginava que 18 anos depois estaríamos assistindo o fim da trilogia. Afinal, não se esperava uma trilogia até que Fragmentado estreia e repete a fórmula do diretor de surpreender e, neste caso, foi ao mostrar que Corpo Fechado era apenas a primeira parte de uma trinca de filmes, agora com Vidro.

Fica evidente no titulo dos filmes que cada um mostrará o ponto de vista daqueles seres fantásticos no universo em que vivemos. Corpo Fechado retrata a história de David Dunne (Bruce Willis) descobrindo seus poderes de ser indestrutível, além dos segredos terríveis das pessoas só de tocar nelas. Sr. Vidro (Samuel L. Jackson) um homem que possui uma doença que deixa seus ossos frágeis como vidro, obrigando-o a estudar muito e se tornar um engenhoso homem capaz de tudo para conseguir o que quer. Já Fragmentado conta a história de Kevin (James McAvoy) que possui 23 personalidades e uma delas é a Fera, um ser capaz de fazer o inimaginável. Em Vidro vemos a unificação dos personagens principais dos filmes anteriores.

O que achamos de Vidro?

A surpresa positiva que foi Fragmentado, reacendendo a chama da formula de M. Night Shyamalan, fez com que Vidro tivesse uma expectativa um tanto exagerada. Agora todos estavam ansiosos por ver os personagens de Corpo Fechado e Fragmentado se encontrar. Era como se esse embate fosse tão importante para os fãs como o primeiro Vingadores foi para o cinema. Algo inédito na filmografia do diretor.

Nos primeiros minutos, percebemos que o filme continua com o mesmo ânimo e essência de seus antecessores, e cria no público aquele espírito de “qual será a surpresa da vez?” e essa expectativa acaba por amargar na boca um filme que poderia ser melhor do que foi se tivesse sido divulgado antes de Fragmentado estrear, pois a surpresa final foi divulgar que haveria continuação e que estaria interligada com Corpo Fechado. Ao decorrer da história percebemos que na ânsia de estender a fórmula, o diretor tira da cartola surpresas o tanto quanto esperadas, e até mesmo decepcionantes que deixa o público desanimado.

Vidro pareceu ter sido criado para justificar o final de Fragmentado, como apenas uma desculpa para amarrar as pontas soltas que não deveriam existir. M. Night Shyamalan peca por estender e poderia ter deixado os excelentes Corpo Fechado e Fragmentado como 2 grandes acertos de sua carreira. Mas com Vidro como ponto final da trilogia faz a qualidade dos outros 2 filmes descerem um pouco, infelizmente.

Imagem – divulgação

Outro ponto de vista por Jaqueline Oliveira

Fragmentado, com a certeza trazida em Vidro, é a trama principal da história. Sem Fragmentado, toda excitação do último da trilogia se perderia. Em Corpo Fechado temos a construção de personagens e de universo. Em Fragmentado temos a base sólida, que traz ao primeiro um motivo de sequência e ao terceiro uma ponta solta para a realização do mesmo. E é claro que na teoria funcionaria muito bem, considerando a necessidade de um desfecho desta ponta solta. Mas Vidro tenta ser os três e isso pesa.

Ao invés de termos ‘um’ filme, solo, com características próprias, mesmo que fazendo parte de uma sequência,  Vidro traz a sensação de repetição do que já vimos nos anteriores, e pior, de forma cansativa: autoexplicativo (até com imagens dos outros longas para recontar um momento). A narrativa do filme é óbvia, mas prende a atenção por, simplesmente, ter em sua essência o tom de mistério – este que no fim soa de forma nada inteligente, por tudo se resolver nos últimos minutos em tela. Enquanto as questões secundárias parecem que são as principais, por ganharem boa parte durante o longa, e isso aumentar a expectativa para algo realmente surpreendente, no fim, e aos poucos, começamos a perceber que não, não teremos um desfecho “desmontado”, da segunda parte do filme para o fim, que faça jus a todo o universo contado, lembrado e detalhado em Vidro. O final é apenas final mesmo. Tudo se resolve lá.

Já em aspectos técnicos, a fotografia é excelente. Tudo bem característico e que remete as emoções que o filme passa. Os enquadramentos dos personagens, principalmente da Dra. Ellie Staple (Sarah Paulson), consagram o tom de mistério do projeto – ela convence e não convence ao mesmo tempo. Interpretação de tirar o fôlego! Outro ponto positivo é a volta dos atores dos personagens principais no elenco, e o projeto todo, desde o primeiro, se beneficia e muito.

Em cartaz.

Ficha Técnica

Título Glass (Original)
Ano produção 2019
Dirigido por M. Night Shyamalan
Estreia
17 de Janeiro de 2019
Duração 129 minutos
Classificação  14 – Não recomendado para menores de 14 anos
Gênero
Drama Ficção Científica Thriller Herói
Países de Origem
Estados Unidos da América

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Post Author: Jaqueline Oliveira

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