“A Mula” – resenha crítica do road movie baseado em fatos reais e despedida de Clint Eastwood

Por Jaqueline Oliveira com colaboração de Sara Albuquerque

A Mula, o mais novo e filme de despedida de Clint Eastwood, é um drama e um road movie (gênero de filme em que a história se desenrola durante uma viagem) existencial dirigido e estrelado pelo ator. Ao lado de Bradley Cooper, Laurence Fishburne, Michael Peña, Dianne Wiest e Andy Garcia, A Mula marca a primeira vez que o vencedor do Oscar, Eastwood, assume papéis dos dois lados da câmera desde que estrelou o aclamado “Gran Torino”, de 2009. O filme, adaptação de uma história real, que gerou o artigo do New York Times, “The Sinaloa Cartel´s 90-Year-Old Drug Mule”, por Sam Dolnick, apresenta Earl Stone (Clint Eastwood), um homem de cerca de 80 anos que está falido, sozinho e prestes a perder seu negócio, até lhe oferecerem um trabalho no qual tudo o que tem que fazer é dirigir.

Em sinopse, A Mula mostra que Earl aceita se tornar transportador de um cartel mexicano e acaba fazendo um bom trabalho – tão bom, na verdade, que sua carga cresce exponencialmente e um receptador é designado para trabalhar com ele. Contudo, ele não é o único de olho em Earl, que também entra no radar do agente Colin Bates, do órgão de combate às drogas (DEA). Porém, embora seus problemas financeiros tenham se tornado coisa do passado, os erros cometidos por Earl começam a pesar sobre ele e não se sabe se ele conseguirá corrigi-los antes que as autoridades ou os membros do cartel consigam pegá-lo. Confira o trailer!

O que achamos de “A Mula”?

O filme é Earl Stone! Ele é o centro em meio aos outros personagens e, também, para quem está assistindo! Os personagens secundários se resumem à sua função no filme. Quando aparecem um pouco mais é para reforçar a trama principal que é o drama do protagonista: a convivência familiar, seu negócio e suas prioridades. A Mula (Eral Stone) é aquele personagem que leva a vida inteira (e o filme também) para entender que o que realmente importa na vida é a sua família. Ele cultiva Lírios (ganhou muitos prêmios) e cultiva, apenas, as suas amizades de fora, [atenção de spoiler] a ponto de perder o casamento da filha para beber com os amigos (e não foi sem querer!).

Além disso, o filme fala um pouco sobre o preconceito que vem com a idade. Earl trabalha para os latinos, já ajudou uma família de negros e teve um breve encontro com lésbicas motoqueiras. Em todos os casos, ele parece inocente por fazer certas piadinhas. Mas de um jeito inocente mesmo. Outro ponto, em relação ao preconceito que é discutido no projeto, é que a polícia só para suspeitos que, coincidentemente, são latinos.

Imagem – divulgação

O trabalho de Clint Eastwood em A Mula está excelente e fecha com chave de ouro sua brilhante carreira. É impossível distinguir o personagem fora do espectro Eastwood e vice e versa. A obra traz o ator menos carrancudo do que em suas últimas interpretações, como em Menina de Ouro (2004 – no pepel Frankie Dunn) ou até em Curvas da Vida (2012 – no papel de Gus Lobel). A Mula, com toda sua complexidade, é um filme de um personagem só. É ele. Mesmo, em alguns casos, dê a impressão que de que alguns personagens foram descartados ao decorrer da obra, a relevância é Earl Stone.

O legado de Clint Eastwood

São mais de 70 créditos como ator, o veterano Clint Eastwood tem mais de 60 anos de atuação em grandes obras primas, somadas 40, brilha numa carreira como diretor, começada em 71, e agora, com quase 89 anos de idade estrela e dirige a sua última, para o tão esperado e merecido descanso, longe das telonas. Desde 2008, o ator vinha declarando sua pausa, mas ainda lançou lançou Gran Torino, e, agora, A Mula. 

Elenco de peso e +

Imagem – divulgação ?(em Sniper Americano)

Cooper, que estrela como Bates, recebeu sua indicação mais recente ao Oscar por seu trabalho com Eastwood em “Sniper Americano”, que ele estrelou e produziu. O indicado ao Oscar Fishburne (“Tina”) vive o agente do DEA responsável pelo caso; Peña interpreta outro agente do órgão; a vencedora do Oscar Wiest (“Tiros na Broadway”, “Hannah e Suas Irmãs”) vive a ex-esposa de Earl; o indicado ao Oscar Garcia (“O Poderoso Chefão 3”) interpreta um chefe do cartel; Alison Eastwood vive a filha de Earl; Taissa Farmiga interpreta a neta de Earl; e Ignacio Serricchio vive o receptador de Earl.

Eastwood também produziu o filme, através de sua produtora, Malpaso, com Tim Moore, Kristina Rivera e Jessica Meier, além de Dan Friedkin e Bradley Thomas da Imperative Entertainment. Os produtores executivos são Dave Bernad, Ruben Fleischer, Todd Hoffman e Aaron L. Gilbert.  Jillian Apfelbaum e David M. Bernstein foram coprodutores.

Nos bastidores, a equipe de Eastwood incluiu o diretor de fotografia Yves Bélanger e o desenhista de produção Kevin Ishioka, além da figurinista Deborah Hopper e do editor vencedor do Oscar Joel Cox (“Os Imperdoáveis”), que já trabalharam com Eastwood em diversos projetos. A música é de Arturo Sandoval. Em cartaz.

Ficha Técnica

Título The Mule (Original)
Ano produção 2018
Dirigido por Clint Eastwood
Estreia
14 de Fevereiro de 2019 (Brasil)
Duração 116 minutos
Gênero Drama Mistério Policial
Países de Origem
Estados Unidos da América

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Post Author: Jaqueline Oliveira

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