Dentre os prédios históricos do centro de São Paulo, há um que chama mais atenção. Mas não se engane, ele já não é mais o mesmo. O antigo Banespão, símbolo da cidade e famoso por seu mirante, mudou para melhor! No aniversário de 464 anos de Sampa, comemorado em 25 de janeiro de 2018, o prédio foi rebatizado como Farol Santander.
A mudança, por sorte, não ficou restrita ao nome. Dos 35 andares que o edifício tem, alguns viraram salas comerciais e 11 deles foram abertos ao público, que têm um universo completamente diferente para explorar em pleno coração de São Paulo.
Atualmente, o que há dentro do prédio que se tornou cartão-postal, é mais do que a história do banco ou da cidade, é uma experiência única, um misto de antiguidades e inovação. No fim, o que se tem é a atração principal: o mirante com uma das melhores vistas de Sampa.
Memórias do edifício Altino Arantes
A experiência do Farol Santander começa com os funcionários indicando quais andares podem ser visitados. Embora eles estejam sempre a postos, todos os visitantes ficam livres para fazer o percurso desejado, conforme o ingresso comprado.
Seguinte a ordem numérica, os primeiros andares abertos à visitação são o 2°, 3°, 4° e 5°, que, com exceção do quarto, são destinados à história do edifício.
Show de imagens
Na primeira sala, coberta do chão ao teto por vermelho, a cor do banco Santander, já é possível sentir que experiências diferentes aguardam à frente. Essa sensação, por sinal, se confirma. No próximo ambiente, retangular, só o que há são espelhos. Mas logo uma guia avisa:
“Um vídeo de três minutos será exibido. Caso alguém se sinta mal, pode segui adiante, pela porta na outra extremidade”.
Depois do alerta, quase não há tempo para a curiosidade florir e diversas imagens são exibidas por todos os cantos da sala, em várias direções. Com isso, o verdadeiro show se forma e os visitantes passam a conhecer um pouco mais sobre o icônico edifício Altino Arantes, e como ele se tornou um ícone para a cidade.
O prédio símbolo de São Paulo
Inaugurado em 1947, oito anos após o inicio de sua construção, o edifício Altino Arantes foi inspirado no famoso Empire State Building, de Nova Iorque. Mas sua aparência inicial não foi planejada assim. Aliás, o prédio teve três projetos antes de ganhar a estrutura e altura que vemos, de 161 metros.
O próprio farol, no topo, não existia nos primeiros planos. Com a inserção dele, o prédio ganhou o posto do prédio mais alto de São Paulo, perdendo esse lugar somente 20 anos depois, com a construção do edifício Itália, também localizado na região do centro histórico.
Todos esses detalhes fazem parte da exposição Memória do 2º andar. Mas esse é só o começo. Há muito mais para ver.
Antiga rotina bancária
Depois de entender como Edifício Banespa se tornou símbolo de São Paulo, o visitante deixa a modernidade da primeira exposição e mergulha na rotina do antigo banco Banespa – Banco do Estado de São Paulo, especificamente entre 1940 e 1950.
Lá, no 3º andar, o ambiente e os objetos mudam completamente. O cheiro e até os sons, típicos das atividades bancária da época, envolvem todos que passam, os convidando a prestar atenção nos mínimos detalhes expostos.
O cenário da exposição não destoa do restante do prédio e, por alguns momentos, realmente parece que é outra época. Há mesas de madeira, carpete no chão, chapéus, guarda-chuva e diversos outros itens que mostram ao visitante como era um banco no século passado.
Entre os objetos de época que se destacam e chamam atenção, por já serem antiguidades, estão:
- telefone com discador;
- impressora manual de relevo seco;
- fichário para anotações;
- fichas numéricas com senhas para atendimento;
- diário contábil;
- máquina de calcular da década de 50;
- caderneta de conta corrente;
- cofre portátil;
- cédulas de cruzeiros;
- relógio inspirado na base do farol.
Hall dos presidentes
No 5º andar do Farol Santander, o cenário ainda é antigo e surpreendente. Mas, desta vez, o foco são os homens que presidiram o banco ao longo dos 70 anos de história do edifício. Há até uma sala, um tanto quanto claustrofóbica, que contém retratos dos presidentes, feitos em óleo sobre tela.
Além disso, há diversas salas importantes, do presidente e de diretores, nas quais muitas decisões de peso foram tomadas. A imponência dos objetos apresentados impressiona. Há uma mesa de reunião enorme, sob um lustre antigo e repleto de detalhes. Também existem revestimentos em madeira e móveis que estão muito bem preservados. Em uma das salas é possível até ouvir simulações de reuniões da época.
No gabinete do presidente, o que mais chama atenção é a vista. O prédio e janela central estão no mesmo eixo da Av. São João, o que proporciona uma linda paisagem, ornamentada pelo Edifício Martinelli de um lado e, de outro, um caminho de árvores que cerca a avenida até o fim.
Vista 360° do 4, por Vik Muniz
No 4º andar, entre a antiga rotina bancária e o hall dos presidentes, está uma exposição fotográfica que é um verdadeiro presente, não só para o Edifício, pois se trata de uma mostra permanente, mas também para a cidade.
Criadas por Vik Muniz, as fotos retratam uma vista 360º dos prédios de São Paulo, o que inclui o Farol Santander no centro, como painel principal. As imagens expostas representam a vista que o artista tinha, do entorno do prédio, quando ele era criança e caminhava pelo local, com sua mãe.
Essa obra, porém, não é uma fotografia da cidade, nem uma pintura. Muniz é um artista plástico famoso por seu apelo sustentável e por produzir experimentos/esculturas com diversos tipos de materiais, de cabelo a alimentos.
Para criar a Vista 360º do 4, o artista utilizou mais de 20 toneladas de sucatas retiradas da reforma que transformou o antigo Edifício Banespa no atual Farol Santander. Para perceber isso, no entanto, é preciso se aproximar bem dos quadros, dada a perfeição do que ele construiu.
Exposições itinerantes
Essa é uma das grandes novidades do Edifício. Agora, o 22º, 23º e 24º andar do antigo Banespão respiram arte! A ideia é que o 22º e o 23º abriguem instalações de artistas nacionais e internacionais, sempre sobre temas interligados.
Durante os primeiros meses após a inauguração do Farol Santander, o destaque entre as exposições fica por conta de um coletivo russo, chamado Tundra, com “The Day We Left Field”, que em português significa “O dia em que Saímos do Campo”.
Lá, a recomendação é clara: não use celular, deite-se em um dos puffs da sala escura e aproveite a instalação audiovisual, que transporta qualquer pessoa para um mundo fictício, repleto de lasers e paisagens sonoras. A experiência é única e incrível!
Pista do 21, por Bob Burnquist
Acredite se quiser, o Farol Santander tem até pista de street em seu interior, criada por Bob Burnquist. Com ela, os apaixonados por skate podem curtir a vibe de fazer diversas manobras em pleno coração de São Paulo, dentro de um prédio ícone da cidade, e com uma vista privilegiada, do 21º andar.
Embora o uso da pista seja cobrado e tenha que ser agendado, todos os visitantes podem passar pelo local para ver como o ambiente ficou.
Mirante e café
Para fechar a visita, que tal uma vista do 26º andar? No mirante do Farol Santander, é possível ver diversos outros pontos importantes da cidade, que são identificados por painéis no vidro de proteção que as varandas possuem.
O espaço é bem pequeno e estreito, principalmente quando comparado com outros arranha-céus, como o Edifício Martinelli, o Copan, entre outros. Ainda assim, a imensidão da cidade impressiona e encanta. Alguns dizem até que essa é a melhor parte das diversas experiências que o Farol Santander proporciona.
Como o banco financiava muitas atividades cafeeiras, nada mais justo do que ter um espaço, dentro do prédio, destinado a essa bebida. Não acha?
Para isso, foi criado o Café do Farol, por Suplicy Cafés Especiais. O local, além de servir diversas delícias, ainda tem uma decoração retrô, inspirada no ano de inauguração do prédio (1947), que, mais uma vez, faz o visitante se sentir em outra época.
Curiosidades sobre o Farol Santander
1. Como já deve ter notado, o prédio símbolo de São Paulo tem vários nomes. Em homenagem ao primeiro presidente do banco Banespa, em 1960 ele passou a se chamar Edifício Altino Arantes. Porém, popularmente também é conhecido com Edifício Banespa ou Banespão. Só agora, depois uma reforma que durou um ano, ganhou o nome de Farol Santander.
2. Os números do prédio sempre chamaram atenção. Quando foi construído, ele tinha 161 metros de altura, 35 andares, 14 elevadores, 900 degraus, 1.119 janelas, 2.000 cofres de aluguel, além de cofres fortes com 16 toneladas.
3. No hall de entrada do prédio, que tem um pé direito de 16 metros, o visitante é surpreendido por um enorme lustre de 1,5 tonelada e 13 metros de altura.
4. Além dos espaços culturais, o Farol Santander também possui um andar (8º) reservado para encontros e eventos voltados ao empreendedorismo.
5. Qualquer um pode ter a experiência de dormir no antigo Banespão. Após a reforma, o prédio ganhou um apartamento no 25º andar, com 400m². O espaço pode receber até 50 convidados e tem camas para 5 pessoas. O aluguel é feito pelo Airbnb, por R$ 4.000,00 a diária.
Quer visitar?
Para conhecer as atrações do Farol Santander há três opções de ingresso:
- visita completa: R$ 20,00 (inteira) e 10,00 (meia);
- espaço memória + mirante: R$ 17,00 (inteira) e R$ 8,50 (meia);
- exposição + mirante: R$ 17,00 (inteira) e 8,50 (meia);
- mirante: R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,50 (meia).
Todas essas opções podem ser compradas online, no site do Ingresso Rápido, ou na bilheteria do prédio, que fica aberta de terça-feira a domingo, das 9h às 19h.
O Farol Santander está na Rua João Brícola, 24, no centro de São Paulo. O local não tem estacionamento, mas a estação São Bento do metrô está apenas alguns metros do Edifício, basta escolher a saída da Rua Boa Vista.
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