Descubra os mistérios do Obelisco Mausoléu

Local está cheio de simbologia envolvendo números e o Herói Jacente. Segundo a lenda, se for preciso, ele e todo o seu exército se levantarão para proteger novamente a constituição brasileira

Antes de visitar este ponto turístico de São Paulo, há algumas informações e curiosidades que você precisa saber. Tudo em volta do antigo monumento de mármore está ligado a uma revolução, considerada a maior da história da cidade.

Diante disso, ao visitar o local, se dê ao trabalho de contar quantos degraus são preciso descer para ter acesso ao Mausoléu. Verá que são 9. Para chegar ao salão principal, é preciso atravessar três conjuntos, com três arcos cada, que somam, mais uma vez, 9. E lá está esse número, presente na altura do Obelisco também! Pois da base até o topo, são 72 metros, 7 + 2… já sabe né! Porém, do Mausoléu, que possui 9 metros de altura, até o topo do monumento, o resultado é outro. Multiplique 9 por 9 e encontrará a altura total, de 81 metros. Agora, só por curiosidade, já somou 8 + 1 alguma vez na vida?

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Mas este não é o único número simbólico presente ali. Quem olha de frente para este ponto famoso de São Paulo, vê que o Mausoléu possui 32 metros de largura, que a base do Obelisco tem 9 metros (olha ele ai novamente!), e que o topo, onde o monumento é mais estreito, mede apenas 7. E para quem ainda não matou a charada, foi justamente no dia 9 de julho (mês 7) de 1932, quando iniciou-se a Revolução Constitucionalista, que devido à sua importância, tornou-se feriado estadual a partir de 1997, e está simbolizada (em diversos outros cantos e em diferentes formas) por toda a cidade.

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Para entender o monumento, entenda a revolução

Chamada por alguns de “Guerra Paulista”, a revolução que aconteceu em 1932, e durou três meses (de julho a outubro), buscava não apenas a restituição do poder aos estados (que havia sido tomada por Getúlio Vargas), como também a  derrubada do governo provisório de Getúlio (que começou a partir de um golpe de Estado), a elaboração de uma nova constituição e a convocação de eleições para um novo presidente. As causas eram essas, total insatisfação política!

Porém, como as reivindicações não eram ouvidas, no dia 23 de maio começaram manifestações pelas ruas de São Paulo, que foram recebidas com forte violência policial e desencadearam a morte de quatro jovens: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo.

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Mas como diz a frase que está na faixada do Mausoléu, eles “viveram pouco para morrer bem, morreram jovens para viver sempre”, pois as iniciais dos nomes dos quatro estudantes, MMDC, tornaram-se o símbolo da revolução que reuniu militares e muitos voluntários civis em uma luta armada contra Getúlio.

Por fim, devido às suas condições deploráveis após três meses de combate, São Paulo se rende, mas marca o início da democratização do país, levando à promulgação de uma nova constituição em 1934.

A lenda

No centro no Mausoléu, bem abaixo do Obelisco, encontra-se uma escultura em mármore, que representa o Herói Jacente. A primeira impressão que se tem, é de uma homenagem aos mortos na revolução. No entanto, ao se aproximar, é possível ver os olhos abertos do herói.

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Ele está deitado com botas, sinto, abastecido com munições, e olha em direção ao topo do Obelisco – que por fora é como uma espada, mas por dentro assemelha-se a um enorme projétil de canhão. Mas embora esteja no Mausoléu, ele só repousa cercado por seus guerreiros.

Segundo a lenda, ele é nosso vigilante. Se acontecer novamente alguma violação à constituição brasileira, o Herói Jacente se levanta, convoca as fileiras e mais fileiras do seu exército constitucionalista, aciona o canhão e, juntos, começam uma nova revolução.

Curiosidades

  1. O local atende pelos seguintes nomes: “Monumento-Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932”, “Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32”, “Obelisco do Ibirapuera” ou “Obelisco de São Paulo”.
  2. 2. A construção começou em 1947. A inauguração aconteceu em 9 de julho de 1955, mas o monumento só foi concluído no ano de 1970, ou seja, 23 anos depois do início das obras.
  3. Dentro do Mausoléu há cerca de 800 urnas funerárias, que abrigam os restos mortais dos combatentes da revolução. Inclusive, ainda há parentes que deixam flores no local.
  4. O ponto turístico passou por uma reforma que durou um ano e meio e ficou fechado à visitação pública por 12 anos, sendo reaberto em 2014.
  5. Algumas das vias próximas ao momento, também homenageiam os marcantes acontecimentos de 1932. É o caso das avenidas 23 de Maio e 9 de Julho, que começam juntas na região do Anhangabaú, e da praça onde está o monumento, chamada Ibrahim Nobre, nome de um dos soldados combatentes mais ativos do movimento armado, que ficou conhecido como “Tribuno da Revolução” e que, inclusive, tem um túmulo de destaque dentro do Mausoléu.
  6. O edifício “Ouro para o Bem de São Paulo”, que está na Rua Álvares Penteado, nº 23, foi construído em 1939 com o dinheiro de joias (principalmente alianças de casamentos) que foram doadas em prol da revolução constitucionalista, em uma campanha criada pela Associação Comercial de São Paulo. Outros diversos prédios também foram construídos desta forma.

Quer conferir?

O Obelisco e o Mausoléu estão na Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Vila Mariana, e a entrada é gratuita!

O horário de funcionamento do Mausoléu é de segunda-feira a domingo, das 10h às 18h, mas o acesso ao Obelisco só é possível aos fins de semana.

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ATENÇÃO:

Embora esteja bem localizado, o monumento está praticamente “ilhado”. Isso porque, está em uma praça que é cercada por movimentadas avenidas, que não possuem nenhuma faixa de pedestre! Para as autoridades, parece que o trânsito local ainda é de 1932, pois não há nada ali, nem mesmo faróis, que ajudem o pedestre a chegar ao Obelisco e ao Mausoléu. Todos que vão visita-los, via transporte público, ou a pé, precisam se arriscar ao atravessar as vias.

A equipe do E.T.C, por exemplo, demorou cerca de 20 minutos para conseguir atravessar a Ibrahim Nobre, e só conseguiu porque pedreiros que estavam no local ajudaram a diminuir o trânsito para podermos passar. Na volta, quem ajudou foi o policial que trabalha no monumento. Ele confessou que diversas vezes já ajudou visitantes a chegarem ao local. Ainda de acordo com o relato do policial, a prefeitura diz que está analisando (há muito tempo) a possibilidade de uma faixa de pedestre, mas enquanto isso acontece, um dos mais belos pontos de São Paulo continuar ilhado e arriscando a vida daqueles que o querem conhecer. É lamentável!

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Post Author: Thais Brazil

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