Naqueles dias clássicos de verão em que o sol forte transforma a cidade de São Paulo em um forno e a tarde cai uma chuva torrencial, fomos ao estúdio do Bora 8:12 bater um papo com os meninos.
Após a entrevista os meninos fizeram um ensaio para nós e para os fãs que acompanharam tudo de perto. Eles tocaram “Não Volto Atrás” e também fizeram alguns covers sugeridos pela plateia.
Marcus e Bruno (Pinga) se conheceram ainda no colégio, montaram uma banda que não foi para frente, mas como não podiam deixar a música de lado, criaram o Bora 8:12 e foram a procura de novos integrantes. Giu foi apresentado pelo cunhado de Marcus em um churrasco. Ele mostrou um vídeo e Marcus o chamou para fazer um som e conversar no estúdio. Nem precisamos dizer que deu certo né?
Com três integrantes – Marcus, Pinga e Giu – começou a saga do baixista, foram 5, cinco! Até que Gabriel (Sabiá) que era o “quebra-galho”, tornou-se efetivo depois de tanto ajudá-los. Essa formação já tem 5 anos e a união dos meninos só cresce.
Como surgiu a música na vida de vocês?
Sabiá: Meus pais são músicos, então já veio de casa.
Giu: Eu não sei para falar a verdade. Na minha família ninguém toca, nunca ninguém me incentivou a tocar e eu comecei a tocar violão com 9 anos para impressionar uma menina na escola, que precoce né? Eu aprendi a tocar para impressioná-la, fiquei com ela e eu toco até hoje.
Pinga: Eu comecei porque meu primo é baterista e sempre que eu ia na casa dele eu queria batucar, até que meu pai me deu minha primeira bateria quando eu tinha 7 anos. Eu também tinha um primo que tocava guitarra e comecei a aprender porque eu deixava a bateria no sítio, pois não dava para deixar em casa. Então foi por causa dos meus primos e do meu pai que sempre me incentivou, me dava os instrumentos e falava para eu fazer aulas.
Em casa ninguém tocava, mas depois meu pai começou a tocar piano, teclado e hoje ele é da Orquestra Paulista de Viola. Minha irmã também começou violão e toca piano. De vez em quando vem todo mundo tocar aqui, sempre gostamos de música e de fazer um som.
Marcus: Eu sempre cantei na igreja, mentira, mentira! (risos). Desde pequeno eu fazia a espada do He-Man de violão e a vassoura de microfone, mas foi em uma brincadeira de karaokê com uns amigos, em que eu cantei Legião Urbana que pensei: Cara, até que eu canto bem!
Quando estávamos no colégio e formamos a banda, eu fiquei como vocalista porque não tinha quem cantasse. Nunca fiz aula, ninguém da minha família é músico, foi mais porque eu gostei bastante de cantar e já estava com a banda.
Quem é o responsável pelas composições?
Marcus: Do primeiro CD eu sou responsável por 11 e o Sabiá por 1, são 12 faixas.
Sabiá: Isso em relação às letras, a harmonia foi o Giu quem fez.
Giu: Agora estamos trabalhando no disco novo e todas as ideias harmônicas, melódicas e instrumentais são minhas. Eu venho com a ideia crua e juntos pensamos em como desenrolar. As letras até agora têm vindo do Marcão, eu tenho algumas coisas escritas também, mas nada oficial. Estamos em processo de pré-produção ainda.
Marcus: Eu acho que para esse novo disco vai vir muita coisa diferente, tanto de harmonia e melodia, quanto de letra, por ter mais variações. Letras não só minhas, mas também do Giu, do Pinga e do Sabiá, que sempre apresentam coisas legais.
Vocês fizeram um clipe/curta, como foi?
Giu: Quem gravou foi o Paul Domingos, ele é diretor de vídeo da Pexera Produções – eles gravaram o clipe “Vagalumes” do Polo, gravaram vários clipes do Glória, da Fresno, tudo galera do segmento –, conhecemos ele através do Júlio, que era nosso produtor artístico na época. O Paul veio aqui no nosso estúdio, ouviu a música e como nós não tínhamos nenhuma ideia, deixamos nas mãos dele.
Marcus: Ele gostou porque nos disse que preferia ter uma liberdade para ele trabalhar em cima daquilo que achava interessante.
Giu: Ele trouxe a ideia inteira do clipe e também uma equipe fantástica. O Pietro que fez toda a caracterização, figurino e maquiagem, trabalhou com o Castelo Rá-Ti-Bum, então nas bases das caracterizações ele estava envolvido. Desde os atores até os equipamentos de filmagem estava tudo impecável, gravamos no “O Velhão”.
Nossa primeira experiência profissional foi essa e hoje temos mais de 250 mil visualizações no Youtube, inclusive em Portugal, Espanha e Estados Unidos, é algo grandioso. Todas as experiências que vivemos dentro da música é sempre um aprendizado, pois temos muito contato com grandes profissionais.
Marcus: Éramos muito crus e víamos a necessidade de fazer alguma coisa para que aparecêssemos de uma maneira mais profissional, por isso gravamos nosso CD com o Tadeu Patola e nosso clipe com o Paul. Tudo serviu como aprendizado e crescimento profissional.
Giu: No início aceitávamos tudo, mas com o tempo aprendemos a dizer não. Como o Marcão falou, éramos crus, não sabíamos nada e nem conhecíamos ninguém, mas as coisas foram surgindo. Era como se fôssemos bicho de faculdade, que acha tudo diferente e novo, mas hoje somos veteranos e já podemos passar trote.
Clipe “Não Volto Atrás”
Quais são as principais influências musicais de vocês?
Giu: As influências da banda são divididas em trabalho antigo e trabalho novo. No primeiro CD a principal influência é o rock clássico, era o que ouvíamos individualmente e foi incorporado às músicas.
Marcus: O rock clássico, hard rock e até mesmo pop rock. É algo bastante diversificado, mas sempre clássico. E para o trabalho novo estamos pensando em algo mais além desse rock puro, pela nossa experiência como banda e por ouvir muitas outras bandas chegamos em um consenso que devemos fazer algo diferente sem deixar nossas raízes, queremos uma identidade musical.
Giu: Estamos buscando elementos para trazer uma brasilidade ao som, um contexto atual que não perde a essência do primeiro trabalho. Nosso show é bem animado, bem rock, cheio de energia, não queremos perder isso, só vamos reciclar e inovar.
Tem algum lugar que vocês sonham em tocar?
Giu: Sonho de banda é sempre festival grande, Lollapalloza, Rock in Rio. Mas com o Lollapaloza estaríamos satisfeitos.
Vocês ganharam o concurso esquema 110 do Hangar, como foi essa experiência?
Giu: Aconteceram muitas coisas nesse dia, algumas não podemos falar. Nos inscrevemos no concurso que eram 5 bandas concorrendo ao vivo. A melhor banda da noite, eleita pelo público, faria a abertura de uma banda maior em outra data. Ganhamos e abrimos o show do Sugar Kane e do Vivendo do Ócio.
Marcus: Tocar no Hangar 110 para nós era um sonho, íamos quando éramos moleques ver bandas que são sucesso hoje em dia. Eu estava muito ansioso a caminho do show com o Sabiá e meu cunhado. Nós paramos para fazer xixi na rua – um ato feio, mas fizemos. Estávamos lá mijando e trocando uma ideia, até que eu fui soltar um peido e me caguei.
Risos, muitos risos e mais risos.
Giu: Acredite! Isso aconteceu de verdade e faltando pouco tempo para o show.
Marcus: Eu tive que voltar correndo para casa e tomar um banho, cheguei a tempo de fazer o show e graças a Deus deu tudo certo. Ah, eu nunca mais me caguei!
Com quais bandas vocês já fizeram parceria e com quais ainda gostariam de tocar?
Marcus: Do movimento “ACenaVive” já fazemos parcerias de shows com o NDK, Bloco do Caos e Mercúrio Cromo.
Pinga: Parceria de música nós não temos, mas de show sempre tem.
Giu: Em 2015 tocamos com o Bula, que é a banda do ex guitarrista do Charlie Brown Jr. Estávamos fazendo um show em Sorocaba e tinha um especial Charlie Brown. Ele tocou guitarra conosco em 5 músicas. Eu comecei a tocar guitarra por causa deles, eu ouvia a música e queria aprender a tocar e agora tive ele ao meu lado, foi um sonho, eu ria sozinho no palco.
Marcus: Se portar no palco com um cara do lado é muito estranho. Você não sabe se olha para a galera ou para o convidado. E de banda brasileira eu tenho uma admiração muito grande pelo Frejat do Barão vermelho, seria muito legal fazer uma parceria com eles.
Giu: Pitty, eu acho ela bem foda para falar a verdade, ainda mais com esse disco novo que é incrível. E ela está muito viva na cena, o que seria muito legal para nós. E também seria interessante essas bandas que estão em evidência agora, como: Scallene, Medulla e SuperCombo.
Pinga: Ter essas pessoas fazendo parceria conosco é mais sonho do que planejamento.
E quais os planos para 2016?
Marcus: Eu quero viajar, ir para a praia e não quero cagar nas calças em 2016 (risos). Eu acho que esse ano pode ser muito importante para a banda porque estamos com esse projeto novo, apostando em um som diferente, um trabalho cada vez mais profissional. Nosso objetivo é atingir muito mais pessoas do que atingimos anteriormente.
Giu: Estamos apostando nesse disco porque, diferente do primeiro (que não teve tanto cuidado e planejamento na hora da criação), nós pegamos o que cada um sabia fazer, colocamos ali e gravamos com o Patola. Hoje, estamos planejando cada coisa, estamos buscando referências e o resultado vai ser algo maior que o primeiro disco. Temos essa preocupação, queremos gravar com um produtor que dê uma cara diferente e tudo isso vai nos possibilitar coisas novas. Com o resultado desse planejamento começaremos a pensar aonde esse disco vai nos levar.
Quer conhecer mais o trabalho dos meninos?