Por Jaqueline Oliveira
Mesmo que você tenha uma opinião geral do filme, o classificando tanto negativamente quanto positivamente, analisando-o até em termos restritos, como o fim de um legado de sete projetos, é quase impossível não se surpreender, de alguma forma, com X-Men: Fênix Negra.
Nem que seja apenas pelas decisões tomadas, o filme já entra nessa categoria: surpreendente! Logo de início já percebemos que sua principal função é mostrar a personagem mais poderosa nesse universo, num tom “sóbrio”, maduro e cheio de carga dramática, além de se despedir, em entrelinhas, dos personagens pelo estúdio Fox.
O que achamos de X-Men: Fênix Negra
O ponto mais alto do projeto é que ele se mantém neste tom sério. Defende a dramaticidade como sua característica fundamental – tão clara nos trabalhos da Fox como a razão da qualidade pretendida às obras – e que neste caso tem um forte papel de representatividade, já que Logan, que assume o pódio, serve como base.
X-Men: Fênix Negra é inteligente ao usar e abusar deste tom quando, justamente, apresenta a personagem Jean Grey no meio de um conflito pessoal de descoberta de seu potencial ao se tornar o ser mais poderoso da galáxia. Não apela pelas escapadas cômicas que tanto auxilia em outros escopos, contadas e pontuadas em somente dois momentos, com o Mercúrio – personagem icônico que foi mal aproveitado no longa.
Em termos de roteiro, neste caso o prato cheio para riscos por se tratar de um enredo bem conhecido e raso, é na execução das ideias que funciona. A narrativa se assume como responsável por dar um “valor” ao roteiro, e a execução paga de bom grado pelo “preço” exposto. É sim empolgante e a narrativa flui de uma forma bem genuína, mesmo quando parecia que não suportaria o caminho que a história estava tomando, aliada à excelente trilha sonora, consegue chegar a um pico máximo. São engrenagens: uma peça pequena que sozinha não altera, mas atrelada às outras fazem o todo funcionar.
X-Men: Fênix Negra é como se recontássemos uma história conhecida, enaltecendo-a sob aspectos utópicos de sua própria realidade, entrelaçando-a às discussões sociais e culturais pertinentes, mas sendo justos e sinceros com a trajetória que ela faz e como chega ao seu fim.
Os X-Mens, a Fênix, o empoderamento feminino, a importância e o futuro
Dirigido e produzido por Simon Kinberg, produtor da franquia desde “Primeira Classe” (2011), quando X-Men: Fênix Negra chega a seu fim a sensação de incerteza é gritante. Por mais que tenhamos em mente a possibilidade de integração dos personagens ao UCM (Universo Cinematográfico Marvel), com a compra do estúdio Fox pela Disney, a despedida da saga clássica de mutantes neste território é um tanto sem conclusão específica. O que, particularmente, traz mais intensidade ao projeto e sua finalização.
O fato é que o filme mais intenso e emocional dos 20 anos de X-Men nas telonas fecha o ciclo de forma gratificante. Principalmente ao vermos, depois de tanto tempo, a interpretação de personagens únicos, como o Professor Xavier e o Magneto, por James McAvoy e Michael Fassbender.
Outro fato é que o filme é encarregado de suprir a falta de posicionamento feminino dos antecessores, colocando uma protagonista feminina com sua história de evolução ao chegar no estopim de seu poder, Fênix – o mutante mais poderoso aqui, a antagonista sendo representada também por uma mulher, além de frases a questionar o nome da equipe ” por que não X-WOMEN?. Em termos de representatividade feminina, a Fênix nem se compara com à tal que tentou ter o espaço que só pode ser ocupado por genuinidade, e não apelação. Neste caso, cito Capitã Marvel.
A verdade de um poder supremo dentro de um ser de força, muitas vezes, considerada relativa – fazendo aqui um contexto com a sociedade estruturada no imperialismo masculino -, o ressurgimento do poder feminino, sem depender de passagens que mostram o quanto de repressão à mulher existe, é nu e cru, sem delongas, só verdadeiro. Emociona e supera expectativas não só pela protagonista, mas pelas outras integrantes que também marcaram território, como é o caso da Tempestade e a Mística.
Sophie Turner dá um show de interpretação e é impossível não nos conectarmos com a personagem, seus sentimentos, e principalmente, é impossível não entendermos as reviravoltas que acontecem pelas suas decisões. Além disso, os efeitos visuais nos prendem na experiência e são bem meticulosos em cada parte da ação.
X-Men: Fênix Negra fecha um ciclo que subjetivamente põe fim à saga com sua importância ancorada na correção de uma falha de 20 anos ao defender o papel feminino, além de optar pela emoção, intensidade e aproximação com os personagens.
Hoje nos cinemas.
Ficha Técnica
Título | Dark Phoenix (Original) |
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Ano produção | 2019 |
Dirigido por | Simon Kinberg |
Estreia | 6 de Junho de 2019 (Brasil) |
Duração | 113 minutos |
Classificação | 12 – Não recomendado para menores de 12 anos |
Gênero | |
Países de Origem | Estados Unidos da América |
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