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“Inocência Roubada” sonda trauma e transcende arte – hoje nos cinemas

Inocência Roubada é um filme que te joga num misto de emoções. Na leve confusão de contexto, inserção e aproximação com a história, a primeira parte trata de expor os primeiros atalhos para o entendimento de toda complexidade dos arcos criados para desenvolver uma narrativa artística sobre uma dançarina que sofria abusos sexuais quando criança.

Em sinopse, Odette é uma menina de 8 anos que adora dançar e desenhar. Por que ela deveria desconfiar de um amigo de seus pais que se oferece para “fazer cócegas” nela? Hoje adulta, Odette percebe que foi abusada e, como fuga, mergulha de corpo e alma em sua carreira como dançarina. Veja trailer!

De forma caótica, como foi a caoticidade da infância de Odette, é que os respiros artísticos no longa são inspirados, e colocados à prova quando tentam ser encaixados bem no meio de cenas construídas e contínuas. Se prestarmos atenção, estas colocações de “danças, expressões e movimentos transcendentais” nas passagens que, aparentemente, não fazem tanto sentido, explicam bem a vida de uma garotinha que sonhava com um futuro brilhante na vida artística e que abruptamente desfalecia nas mãos de um agressor.

Contada como recapitulações no meio de uma terapia, Odette volta ao passado e explica para terapeuta todos os detalhes de sua rotina – infância, juventude e até mesmo no atual momento, tentando assim se afastar dos monstros que a acompanham desde os primeiros abusos e que têm sido peças fundamentais para aflição durante sua jornada.

O que achamos?

Desenvolvimento é a palavra chave para descrever este filme. Assim como a própria personagem busca um desenvolvimento pessoal para se livrar de prisões internas, o projeto expressa exatamente se desenvolver e atingir um estopim, utilizando o espaço terapêutico como ferramenta aliada. E não é um simples desenvolvimento. É transcendente, emocionante, engraçado, complexo e simples – ao mesmo tempo, mas muito profundo.

Imagem – divulgação

Arte que imita a vida

A história contada é baseado em fatos verídicos da vida da própria atriz/diretora que atua como a Odette adulta. Andrea Bescond tinha apenas 8 anos quando um dos melhores amigos de seus pais começou a brincar  de fazer “cócegas” em seu corpo. O filme é uma adaptação da peça “Cócegas ou a dança da raiva”, que Andrea criou e protagonizou em 2015, ganhadora do prêmio Molière de peça solo. O título original em francês, “Les chatouilles” (“As cócegas”, em tradução livre), refere-se às “brincadeiras” do molestador, que pedia segredo sobre os encontros dos dois. Ganhador de dois prêmios Cesar, de melhor adaptação e atriz coadjuvante (Karin Viard), “Inocência roubada” foi coescrito e codigido por Eric Métayer, marido de Andrea.

O filme, uma das atrações da 10ª edição do Festival Varilux de Cinema Francês, que se espalha por 84 cidades brasileiras .

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