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Resenha crítica de “Cafarnaum”: já em cartaz nos cinemas

Por Jaqueline Oliveira*

Cafarnaum é um arrebatamento emocional. Não pode ser vivido se a atenção devida à toda sua complexidade for mínima. É um jeito cinematográfico de despertar o tormento, a angústia, o senso de justiça e o sentimento de revolta.

Uma história que não é incomum, mas, talvez, não tão vivida de dentro. O filme que leva o nome da cidade Cafarnaum, e que muitos podem pensar ser um contexto bíblico, na verdade, te insere na realidade de crianças que sofrem, num lugar que parece ter sido esquecido por algum ser maior, e onde as pessoas não são tratadas como pessoas.

Desde a primeira cena, até a última, é possível estar no filme, fazer parte dele e não ser apenas o espectador. Essa proximidade é uma das principais características de Cafarnaum, e que fica evidente por ser tratada em todas as partes da composição do longa: o local; a autenticidade dos personagens; os atores; as escolhas de câmeras, geralmente na mão e na altura das crianças; o tom ao mostrar o medíocre e barulhento ambiente, e, é claro, o roteiro. Não te afasta, nem um pouco. E isso é perturbador, pois chegam momentos que a única coisa que deseja é ter certeza de estar assistindo um drama e não fazer parta da tal realidade que é tão desolada.

Imagem – divulgação Sony Pictures Brasil

Zain (Zain Al Rafeea) é excelente em seu trabalho. Extraordinário. Uma atuação impecável que te confronta o tempo todo sobre: ficção versus realidade. Até nos momentos onde é possível sorrir sutilmente, com os míseros minutos de leveza, tão diferente da vida conturbada do personagem, Zain te afasta da sala de cinema e te puxa pra perto, entrelaça os braços nos teus e te leva para a jornada dele. Uma jornada caótica.

A trama é dura, quase o tempo todo. Vai e volta no tempo, nos apresentando os obstáculos enfrentados por Zain até chegar onde está: num tribunal sendo acusado por um crime, e, solenemente, num processo contra seus pais, pedindo para que eles não tenham mais filhos.

Imagem – divulgação Sony Pictures Brasil

O som é o responsável por garantir todo o desconexo. Em meio ao caos visual, a cacofonia, com brigas, buzinas, gritos, choros e desesperos, concorda com a angústia que o filme entoa.

A direção tanto de Zain, quanto de todos os personagens e a própria execução do roteiro é merecedora de todos os prêmios que já conquistou e de seu lugar no pódio.

Sendo a primeira cineasta libanesa a ser nomeada para um Oscar (indicação ocorreu ontem), Nadine Labaki entrega um filme complexo demais para ser definido na estreita margem de moralmente certo ou errado, mas que, mesmo assim, no final, aposta na esperança. Nos emociona.

O filme já recebeu o prêmio Palma de Ouro no Festival de Cannes 2018 e, em sinopse, apresenta “Zain”, um menino de 12 anos que se comporta como adulto devido ao sofrimento que passa: fugiu dos pais abusivos, foi morar nas ruas, cuidou da refugiada Rahil e de seu bebê e foi preso por um crime violento.

Ficha Técnica

Título Capharnaüm (Original)
Ano produção 2018
Dirigido por Nadine Labaki
Estreia
17 de Janeiro de 2019 ( Brasil)
Duração 120 minutos
Gênero
Drama
Países de Origem
Líbano

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