Por Carolina Costa
Estreou nos cinemas brasileiros A star is born (Nasce uma estrela), um dos filmes mais esperados de 2018 por todos os little monsters e adoradores de belas produções. Essa é a quarta produção do filme, antes estrelada por Janet Gaynor, Judy Garland, Barbra Streisand e, agora, Lady Gaga.
A cantora pop foi escolhida por Bradley Cooper, seu par romântico na trama, para ser Ally, uma garçonete que, nas horas vagas, canta em um bar de Drag Queens e tem o sonho de ser uma estrela da música. As coisas começam a mudar quando o famoso cantor de rock, Jackson Maine, vai ao bar onde Ally se apresenta e se apaixona instantaneamente. Ela, apesar de incrivelmente talentosa, é uma garota tímida e um pouco insegura com sua aparência. O papel de Jack aqui é ser o responsável por fazer a estrela que há dentro dela nascer ao mesmo tempo que lida com seus problemas com álcool e drogas.
Bradley (que está parecendo muito o Eddie Vedder, by the way) encarna o papel de Jack tão bem que decidiu cantar e tocar nas performances do filme que foram feitas todas ao vivo. As cenas de shows foram realmente feitas em grandes festivais como o Coachella e o Glastonbury, o que tornam os takes ainda mais incríveis.
A trilha sonora é, sem dúvidas, a melhor parte! As composições são todas assinadas pela própria Lady Gaga, além de ter as mãos de Bradley Copper, Lukas Nelson, Mark Ronson e outros renomados compositores. O sucesso foi inevitável! O álbum já ocupa o primeiro lugar na lista de mais vendidos da revista Billboard e a música “Shallow” também chegou no topo das vendas no iTunes em diversos países e está há 17 dias em primeiro nas paradas americanas. Além disso, outras 5 músicas do filme também estão presentes no ranking.
A crítica de A star is born é ótima e a maioria dos especialistas já farejam indicações à diversas categorias do Oscar e se asseguram de que pelo menos uma estatueta o longa deve levar. Não é para menos, já que na sua estreia como diretor Bradley Cooper não deixou a desejar e entregou uma história conhecida, porém sob um olhar completamenre diferente e de maneira sensível e tocante.
A química entre Bradley e Gaga é inquestionável, fazendo com que Ally e Jack sejam apaixonantes aos olhos do público. Não tem como não torcer pelos dois, assim como não tem como não se apaixonar por Ally como artista, que rapidamente se torna uma grande artista pop, após conseguir chamar a atenção de uma gravadora após cantar em diversos shows com Jack.
No entanto, Ally se perde um pouco como cantora e, principalmente como artista. Apesar de chamar a atenção de público e grandes premiações, Jack, que a conheceu com toda a sua essência artística, começa a demonstrar desconforto ao ver a sua amada virar apenas mais uma cantora pop com músicas simples e vazias. E, ao mesmo passo que ele sente que uma das coisas que mais adorava nela estava escorrendo após dada a oportunidade de “se vender ao mercado fonográfico”, ele enxerga o sucesso dela e de novos artistas e se aprofunda em uma crise existencial por conta de seu próprio passado de fama e o presente de decadência.
Mas, diferente das outras versões dos filmes, esse não é um Jack canalha que tem inveja da sua amada. O Jack dessa versão teme que Ally esteja esquecendo quem é ela como artista porém a apoia o tempo todo. Enquanto isso, ele continua se afundando em drogas e bebidas.
Apesar das discussões que o casal tem e a dificuldade que eles enfrentam com os vícios de Jack, Ally permanece ao seu lado e é sempre grata por tudo que ele fez por ela e por sua carreira. O amor deles se torna inabalável e nos entrega um dos melhores finais que poderíamos imaginar ver na grande tela. Uma verdadeira mistura de duas grandes formas de arte: o cinema e a música.
A performance final de Ally além de emocionante, mostra a potência vocal de Lady Gaga e legitima que a artista que ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz pela série American Horror Story, em 2016, é verdadeiramente uma atriz que merece ser reconhecida. A história da personagem se assemelha muito à sua própria vida, mas conseguimos separar Ally de Gaga e se emocionar com a trajetória da personagem e ver a estrela da atriz começar a brilhar.
Bradley, além de estar completamente irreconhecível em seu papel (merece uma indicação ao Oscar facilmente), também nos entrega uma bela obra como diretor. O longa metragem é seu primeiro neste cargo e o desafio de lidar com direção e atuação ao mesmo tempo, foi algo com que ele demonstrou lidar muito bem. As cenas foram filmadas sob belas perspectivas e algumas agradáveis surpresas, como foi o caso de uma cena em que ele emerge da água em uma piscina, foram vistas nas telonas.
Outra cena memorável é uma que Lady Gaga provavelmente teve um dedo a partir de sua própria experiência. Se trata de quando ela mostra o seu nariz, considerado anteriormente feio e inapropriado para uma cantora, para Jack e o exibe orgulhosamente, como quem diz “Essa sou eu”, vira cheia de si e vai embora.
No entanto, a melhor sequência é sem sombra de dúvida, a final. É ali que toda a emoção de toda a história de amor desse casal atinge o seu ápice. É ali que vemos Lady Gaga brilhar e Bradley Cooper nos deixar sem ar com sua direção. É naquele momento, ao escutar “I’ll Never Love Again” que temos certeza que A star is born versão 2018, não foi feita para ser esquecida.