Novo show do Netflix tem visual de quadrinhos, diretor estrela da HBO e elenco de arrasar quarteirão
Depois de algumas centenas de horas passadas em frente à TV, a gente percebe quando se depara com um show que tem potencial pra arrastar consigo um caminhão de troféus na temporada de premiações do ano que vem. É exatamente esse o caso de Maniac, novidade do Netflix estrelada por Emma Stone, Jonah Hill (quase irreconhecível depois de perder mais d 30 kg) e Justin Theroux (A Garota no Trem), que conta com participações especiais de Julia Garner (Ozark), Sally Field (Brothers and Sisters), Jemima Kirke (Girls) e Gabriel Byrne (Vikings). O seriado é dirigido por Cary Fukunaga, de nada mais, nada menos que True Detective, show pelo qual abocanhou os prêmios Emmy e o British Academy Television Award.
Maniac: se você só quer a sinopse
Em Maniac, temos as histórias de Owen Milgrim (Jonah Hill), que além de esquizofrênico é um dos filhos de uma família influente, porém perturbada de uma Nova York fictícia que oscila entre os anos 80 e o próximo século. Nesse mesmo cenário, somos apresentados à Annie Landsberg (Emma Stone), jovem cujo passado traumático levou ao vício numa droga experimental. O acaso (será?) os leva a se encontrarem em um laboratório como cobaias de teste de uma droga nova que promete curar a infelicidade e os transtornos mentais.
Maniac: senta que lá vem spoiler!
Alguns aspectos do show trazem semelhança com Legion (que resenhamos aqui ), a começar pelo visual que mescla elementos de épocas diferentes para criar uma atmosfera sombria e surreal, como um sonho ruim, sabe? Também não dá para fugir da comparação no que se refere à doença mental e na crítica à cultura da medicalização excessiva que norteia a sociedade contemporânea – vale ressaltar, entretanto, que em Maniac temos na figura de Owen um caso de esquizofrenia no qual a ausência de medicação prejudica imensamente sua rotina e temperamento, em oposição à sina de David Haller, de Legion, que passou grande parte da vida sendo medicado erroneamente para ocultar seus superpoderes.
Semelhanças sendo postas à parte, a série já começa como um drama excelente antes mesmo do elemento ficcional entrar em cena: Emma Stone está sensacional na figura da irmã destroçada pela culpa, que encontra em sua eterna repetição uma forma de penitência e válvula de escape, numa personificação voluntária do eterno retorno de Nietzsche. Hill não fica atrás, e consegue transmitir a angústia e a inadequação do patinho feio que se sente deslocado em qualquer ambiente com perfeição.
Entretanto, o golpe de mestre do show se dá no momento em que os experimentos começam, e são reveladas vidas paralelas dos dois protagonistas que se misturam às suas necessidades de elaborarem seus traumas em meio a cenários tão distintos como o mundo medieval e os Estados Unidos nos anos 60, tudo isso em um formato de sonho magistralmente dirigido – a impressão que se tem é estarmos dentro de um daqueles sonhos malucos de quando se dorme demais.
Essa maluquice toda não se dá sem propósito – Maniac tem mérito lançar o questionamento sobre até que ponto alguns comprimidos são capazes de encurtar nossos processos de luto e elaboração, além de desconstruir o que classificamos como realidade versus loucura, real versus delírio.
E aí, está preparado pra rever seus conceitos?