Em cartaz na Luciana Brito Galeria, individual do artista Héctor Zamora na galeria. Para esta exposição em sua realização para a 11a Bienal do Mercosul, “CAPA-CANAL” contou com 13 performers de diferentes gêneros e perfis étnico-raciais – representando a heterogeneidade da população brasileira – que, sentados sobre bancos de madeira, modelaram ao longo de duas horas mais de 500 telhas de barro em suas coxas. Posteriormente, as telhas moldadas foram queimadas, dando origem às peças de cerâmica que são exibidas na exposição sob a forma de uma instalação que conta ainda com um vídeo inédito, criado a partir de imagens captadas durante a performance.
O artista parte da obra de expressão popular tipicamente brasileira “feito nas coxas”, utilizada para expressar algo mal feito, a qual supostamente teria suas origens no fato de que os escravos moldavam as telhas em suas coxas.
Zamora, iniciou sua carreira no México com uma pesquisa escultórica de caráter mais formalista em que realizava um comentário dos modernismos latino-americanos através de elementos de uso cotidiano, o artista observa uma mudança significativa em sua produção a partir de sua participação na 27ª Bienal de São Paulo e subsequente mudança para o Brasil onde passou a se concentrar em obras que estabelecem um diálogo com o contexto de sua apresentação.
Para esta exposição, Zamora ainda preparou uma performance inédita, concebida para a fachada da Luciana Brito Galeria, a obra parte de uma reflexão sobre as contradições do modernismo brasileiro. Em sua faceta arquitetônica, a modernidade deu origem a construções utópicas, algumas das quais tornaram-se símbolos de um país otimista a caminho do progresso, de uma sociedade mais justa e igualitária.
Essas mesmas construções, no entanto, falharam em incluir justamente aqueles que as edificaram, tornando-se eventualmente monumentos a um certo bom gosto acessível apenas às classes mais abastadas, denunciando que, de partida, o projeto moderno carregava em si as sementes de sua falência.
O público pode conferir a mostra até o dia 13 de outubro.
Serviço: Héctor Zamora na Luciana Brito Galeria
Endereço: Avenida Nove de Julho, 5162
Visitação: terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 18h
Maiores informações no site.
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