Dez anos e dezoito filmes após o pontapé inicial, o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) finalmente chega ao seu clímax em Vingadores: Guerra Infinita. Blockbuster de proporções inéditas, o filme reúne os maiores heróis do MCU contra a ameaça do titã louco Thanos, vilão que vem sendo apresentado ao público aos poucos desde sua primeira aparição numa cena pós-créditos de Os Vingadores (2012).
A trama gira em torno da busca de Thanos pelas Joias do Infinito, seis pedras de poder incalculável que juntas dão ao portador controle total sobre o universo, transformando-o num deus onipotente e onisciente. O titã envia seus guerreiros de elite (conhecidos como a Ordem Negra) à Terra em busca de duas das Joias – a do tempo, em posse do Doutor Estranho; e a da mente, que dá vida ao vingador Visão.
Dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo (desfrutando de ótima reputação no estúdio após os sucessos de Capitão América 2 e 3), Vingadores: Guerra Infinita é surpreendentemente bem construído. Um dos maiores problemas em filmes desta magnitude é como dar tempo de tela a tantos personagens queridos e importantes e ainda avançar a história. Tendo assinado também Capitão América: Guerra Civil, a dupla de roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely aproveitaram bem sua experiência com grandes elencos e dividiram os heróis em pequenos núcleos, que funcionam em separado por grande parte do filme. Isso dá aos fãs a chance de ver interações inusitadas e divertidas (como Homem-Aranha e Doutor Estranho, ou Thor e Rocket Racoon) e contribui para a dinâmica do longa.
O ritmo é frenético e a ação acontece desde o primeiro momento do filme, deixando o espectador sem tempo para respirar. São inúmeras sequências de ação, tanto na Terra quando no espaço, e cada personagem tem seu momento de protagonismo. O roteiro também se sai muito bem ao balancear a ação com momentos mais engraçados e outros de grande impacto emocional. Embora algumas interações muito desejadas pelos fãs não aconteçam, outras tomam seus lugares e devem deixar a plateia satisfeita (assim como o grande número de referências aos quadrinhos).
Mesmo não resolvendo o velho problema da câmera tremida nas sequências de ação, desta vez ele está reduzido e pouco se perde das intrincadas coreografias. Filmado totalmente em câmeras com tecnologia IMAX, os cenários, fotografia, efeitos especiais e até a paleta de cores também estão mais contidos e com mais qualidade que em exemplos anteriores do MCU, e trabalham melhor em função da história ao invés de existirem apenas para engrandecer a escala do filme.
Este também parece ter sido o ano em que a Marvel resolveu concertar seu problema com vilões. Após o sucesso estrondoso de Killmonger em Pantera Negra, Thanos segue os passos de seu antecessor e se mostra um personagem vivo e interessante, embora um pouco irreconhecível para quem está acostumado com sua versão nos quadrinhos. Ao contrário desta, onde o titã é um genocida sem escrúpulos ou sentimentos, o Thanos do MCU é mais sensível e empático, com motivações mais pautadas na realidade. Isso, é claro, não diminui em nada a presença dominante e ameaçadora do personagem, apenas acrescenta uma camada a mais em sua construção.
Sendo a primeira parte da conclusão da Fase 3 da Marvel, é inevitável que o filme abra espaço para as mudanças que virão na próxima fase do estúdio, que começa logo após Vingadores 4 (ainda sem nome definido). Assim Guerra Infinita traz altos riscos para os heróis da Terra, e não espere sair do cinema sem ver algumas mortes e reviravoltas.
Apesar da conclusão poderosa, tive a impressão de que a Marvel poderia ter mostrado mais coragem e entregado momentos mais conclusivos. O impacto deixado pelo clímax, embora grande, perde parte de sua carga emocional para os mais informados, que já conhecem os planos do estúdio para a Fase 4.
Ainda assim, Vingadores: Guerra Infinita é uma experiência incrível e os fãs não devem se decepcionar. O filme abre caminho de maneira divertida e emocionante para o grande final deste grupo de heróis e só a chegada de Vingadores 4, em 2019, irá responder as perguntas deixadas por ele. Aos curiosos, fiquem atentos: há apenas uma cena pós-créditos, e é uma das mais importantes dos últimos 10 anos.
Nota: 4.