Em cartaz no Instituto Moreira Salles, uma exposição com fotografias do malinês Seydou Keïta, que ao longo de sua carreira produziu inúmeros retratos dos habitantes de seu país. Em seu estúdio, localizado perto da estação ferroviária de Bamako, uma pose e um clique, sob a luz do dia, na maioria das vezes, era assim que o fotógrafo registrava as expressões, os vestuários e os gostos dos visitantes que passavam por lá.
Nascido em 1921, na cidade de Bamako, Seydou Keïta começou a fotografar ainda jovem, produzindo retratos de seus amigos e familiares. Keïta fotografou em meio ao processo de independência, que é sutilmente refletido nas fotos, traduzido nas vestimentas tradicionais africanas, o que mostra um desejo de lidar com os dois mundos. Com a proclamação da independência do Mali, em 1960, tornou-se o fotógrafo oficial do governo.
Realizadas entre 1948 e 1962, suas imagens também mostram um período de transformação no Mali, quando o país caminhava rumo à sua independência.
Um recorte de sua extensa produção será exibido na mostra Seydou Keïta, que o IMS Paulista nos apresenta. A exposição reúne cerca de 130 obras do fotógrafo, considerado um dos precursores dos retratos de estúdio na África. Com curadoria de Jacques Leenhardt, a mostra inclui 48 tiragens vintage, ampliadas e comercializadas pelo próprio Keïta em Bamako, nenhuma delas jamais mostrada no Brasil.
As demais 88 obras são fotografias ampliadas na França, sob a supervisão de Keïta, ao longo da década de 1990, quando sua obra é redescoberta no país e também nos Estados Unidos. Em formatos mais clássicos ou francamente em murais, as obras sinalizam a entrada do seu trabalho num circuito internacional de galerias e museus.
Seu acervo, composto por mais de 10.000 negativos, começou a ser exibido no Ocidente a partir da década de 1990. Sua primeira exposição individual foi realizada em 1994 na Fundação Cartier, em Paris.
Keïta tirava fotos apenas em preto e branco. Os adereços utilizados pelos retratados, muitas vezes, foram providos por ele, que é notado que se repetem em diversas fotografias, como colares, óculos e até um cachimbo sem fumo.
O público pode conferir a exposição até 29 de Julho.