Desde o trailer, divulgado em novembro do ano passado, o filme ‘Um lugar silencioso’ já tinha seu hype lá no alto e seu público ansioso. O horror está na moda e é um sucesso de bilheteria e crítica, como a série ‘Inovação do mal’, que com seus dois primeiros títulos soma quase U$ 640 milhões, ou ‘Corra!’ que faturou o Oscar de Melhor Roteiro Original. Em um gênero com lançamentos tão bons, pode ser muito difícil se destacar dentre tantos nomes esquecíveis que surgem nas salas todos os anos. A película de John Krasinski (que co-roteiriza, dirige e atua) aparece com a proposta de ser lembrado e, em certo nível, ele consegue.
Já é a segunda maior estreia do ano nos Estados Unidos, ficando atrás apenas de ‘Pantera Negra‘, e os motivos para isso são bem identificáveis, como a premissa inovadora, atores reconhecidos e, principalmente, qualidades bem pontuais. O clima de horror vivido pelos personagens é passado para quem assiste de forma eficaz e, antes mesmo do letreiro, o espectador já é apresentado às consequências de não seguir as regras nesse cenário arrebatador: o silencio é a única segurança e qualquer barulho desmedido resultará certamente, sem dúvidas ou perdão, em uma morte violenta.
A história se desenvolve bem e toda a trama é bem recortada e definida, sem espaço para nenhum tipo de ousadia. E, talvez, esse seja o principal problema do filme. Quase tudo funciona, mas poucas coisas se destacam e elevam o filme para outro patamar. O monstro é bom e assustador, mas não é como o Alien (clara inspiração) ou algo tirado das histórias de H.P. Lovecraft. Os personagens são inteligentes e fortes, exceto quando o roteiro precisa que tomem decisões estúpidas e de pouco sentido. A situação não melhora com os aspectos técnicos. É um filme que poderia arriscar, ser mais filosófico e maluco, ou ter uma direção artística mais impactante com uma trilha sonora e fotografias de tirar o fôlego. Mas, aparentemente, os responsáveis se contentaram em fazer uma obra mais segura.
No fim, ‘Um lugar Silencioso’ é um bom filme. Um pouco acima da média, e recheado de momentos de tirar o fôlego, especialmente os protagonizados por Emily Blunt. A sala de cinema é tomada pela atmosfera intensa e todos até respiram devagar, para não prejudicar os personagens. Vale a pena ser conferido na telona, pois os efeitos sonoros e a concentração fazem muito bem à experiência e, apesar de provavelmente não figurar no hall das grandes obras de terror, esse ainda pode ser o melhor lançamento do gênero este ano.
Principais destaques
– Atuações certeiras;
– Clima intenso e aterrorizante, que passa num ótimo ritmo;
– Boa dosagem entre o silêncio e os poucos diálogos (todos bem encaixados);
– Clímax bem definido;
– Final fora da caixa e que rende discussões;
Veredito: altamente recomendado para quem gosta de boas experiências cinematográficas e filmes de terror modernos.
