Tomb Raider: A Origem

Só Alicia Vikander salva na fraca adaptação Tomb Raider: A Origem

Carregando o nome de uma das mais bem-sucedidas franquias de games da história, Tomb Raider: A Origem chegou aos cinemas com a missão de repetir nas telonas o sucesso do reboot que revitalizou a marca nos consoles em 2013. O longa troca a sensualidade de Angelina Jolie pela inexperiência de Alicia Vikander num claro esforço para modernizar sua protagonista: assim como no game, Lara Croft perde o status de símbolo sexual e se torna uma garota (quase) comum, de proporções corporais mais próximas à realidade e bem mais relacionável que sua contraparte dos anos 2000.

A história segue Lara sete anos após o desaparecimento de seu pai, Lord Richard Croft (Dominic West). Incapaz de aceitar sua morte, Lara se recusa a assinar a declaração de falecimento e se apossar da fortuna da família, escolhendo viver de bicos (como o trabalho de entregadora). Após encontrar um antigo quebra-cabeça contendo uma mensagem deixada por seu pai, Lara parte para a remota ilha de Yamatai em busca de respostas sobre seu desaparecimento.

Vamos direto ao ponto: não, Tomb Raider não quebra a famosa maldição das adaptações de videogame, mas também não fica entre os piores colocados. É um filme mediano que cai na mesma armadilha dos outros do gênero e esquece que plataformas diferentes pedem abordagens diferentes, por mais parecida que seja a história. A direção do norueguês Roar Uthaug transforma o filme em um game de duas horas, com sequências de ação copiadas descaradamente do reboot de 2013 e outras em que se espera que apareça um grande “x” piscando na tela, invocando a participação do jogador. Não que elas sejam necessariamente ruins, mas fica claro que a equipe teve dificuldades para atingir o equilíbrio entre a homenagem e a adaptação. A impressão final é que se assistiu um gameplay ao invés de um filme propriamente dito.

Tomb Raider: A Origem

Já o roteiro, assinado por Geneva Robertson-Dworet e Alastair Siddons, começa bem ao apresentar a personalidade de Lara e sua vida fora do conforto proporcionado por seu sobrenome. A jovem luta Muay Thai como forma de lidar com a perda de seu pai, e através do esporte a narrativa nos mostra características que serão importantes em sua aventura (teimosa e determinada, Lara quase perde a consciência durante uma luta ao se recusar a aceitar a derrota).

Os problemas maiores aparecem no segundo ato, quando já na ilha de Yamatai Lara e seu companheiro de viagem Lu Ren (Daniel Wu) precisam enfrentar o vilanesco Mathias Vogel (Walton Goggins) e seu exército em busca tumba da lendária Rainha Himiko. Aqui a narrativa começa a exagerar e a suspensão de descrença vai se estreitando, afinal, é difícil acreditar numa garota sem treinamento derrotando um exercito de mercenários armados até os dentes usando apenas um arco e flecha. Mesmo assim, o filme acerta ao não ignorar o perigo e mostrar a morte como algo real (destaque para a cena onde Lara precisa matar um homem com suas próprias mãos e o trabalho de atuação facial incrível de Vikander).

Talvez isso fosse mais fácil de aceitar caso o filme se levasse menos a sério, mas não há muito humor em Tomb Raider: A Origem. Embora este seja um aspecto que me agradou no longa, que não usa do alívio cômico em exagero e nem desmerece o luto da protagonista em prol de um humor forçado, o tom sério da narrativa acaba desfavorecendo a crença num cenário altamente improvável. Apesar de tratar dos aspectos sobrenaturais de forma realista e inteligente (um dos pontos mais altos do roteiro), a narrativa no geral fraca acaba por prejudicar o que poderia ser um ótimo filme de ação.

A falta de outras personagens femininas também afeta a credibilidade de um longa que protagonizado por uma das mulheres mais icônicas da cultura pop. Fora duas interações nos primeiros 10 minutos de filme e a presença de Kristin Scott Thomas (que interpreta Ana Miller, tutora da protagonista) no início e final, o resto do filme mostra Lara e um monte de homens correndo pela ilha e perde uma ótima oportunidade de acrescentar algumas das mulheres de apoio da história do game, elogiado por seu retrato de diversidade.

Tomb Raider: A Origem

Por sorte, a presença de Alicia Vikander consegue transformar a película em algo que vale a pena ser visto. A atriz vencedora do Oscar faz milagres com o pouco que lhe é oferecido e dá vida a uma Lara Croft tridimensional e expressiva, mas ao mesmo tempo forte e determinada. Sua Lara não é a experiente caçadora de tumbas a qual estamos acostumados. Ela apanha, sofre, grita, chora, cai e se levanta para começar tudo de novo, mostrando novamente que uma heroína forte não precisa (nem deve) ser um robô sem sentimentos. É admirável também o trabalho físico de Vikander para desenvolver com veracidade as habilidades físicas da personagem. A atriz ganhou mais de 7kg de músculo e passou por meses de treinamento, mudança claramente visível durante a película.

O grande pecado de Tomb Raider é não saber se quer ser um filme ou um jogo de videogame, resultando num filme sem personalidade e sem carisma. Não se sabe ainda se a Warner dará continuação à preterida franquia, mas, como fã dos games, fica meu desejo para que um dia Lara Croft possa finalmente ter uma adaptação à altura.

Nota: 3,5

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Post Author: Bruna de Oliveira

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