Você já parou para olhar ao seu redor hoje e prestar atenção nas pessoas que te cercam diariamente? Foi com esse simples ato que Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista brasileira, deu vida as incríveis crônicas de A vida que ninguém vê.
A vida que ninguém vê, exceto Eliane Brum
O livro nasceu, na verdade, de uma coluna fixa do jornal Zero Hora que Eliane Brum possuía e que era elogiada frequentemente por seus colegas de trabalho e leitores do periódico.
Jornalista de formação, Eliane, deixava claro a cada crônica publicada que se interessava por essas pessoas que jamais seriam notícia se ela seguisse a pauta convencional do jornalismo brasileiro.
Falar sobre um carregador de malas do aeroporto que nunca andou de avião em uma coluna de um conhecido jornal? Jamais! Exceto se ele contar com a colaboração de Eliane.
Foi justamente por contar histórias reais, e que ela mesma denomina como “desacontecimentos”, que sua coluna no jornal Zero Hora ficou famosa e lhe rendeu o livro A vida que ninguém vê.
Foi, então, em 2006 que a Arquipélago Editorial, com a ajuda de Eliane, resolveu reunir as melhores produções de sua coluna fixa e transformá-las no premiado (ganhador do Prêmio Jabuti de 2007 como melhor livro de reportagem) e elogiado livro de crônicas-reportagens que estamos tratando nesta resenha.
A produção em questão retrata muito do que podemos ver na maioria dos outros trabalhos de Eliane: um olhar para o outro que só ela é capaz de ter, uma preocupação e uma dedicação tamanhas que nos fazem ter certeza de que quando o assunto é empatia, Eliane é, sem dúvida alguma, uma mestra no assunto.
As histórias de A vida que ninguém vê
Em suas 120 páginas (pelo menos na versão digital do livro) A vida que ninguém vê nos apresenta personagens ótimos e que nos ensinam a prestar ainda mais atenção naqueles que estão ao nosso redor e que, possivelmente, passam despercebidos pelos olhos mais apressados do dia a dia.
Como é o caso de Adail José da Silva, ou o “negão das bagagens”, um senhor de 62 anos, que na época em que o texto foi publicado, vivia no Aeroporto Salgado Filho carregando diariamente a mala de diversos passageiros e nutrindo a cada dia o sonho de entrar em um avião e poder voar como todas essas pessoas que passam diretamente por ele.
Ou como a história de Antonio Antunes, no texto “Enterro de Pobre”, onde Eliane conta, através da visão do próprio pai, as dificuldades enfrentadas pelas famílias com uma renda extremamente baixa para se conseguir até mesmo um atendimento digno em um hospital público do Sul do país.
A cada texto Eliane consegue nos emocionar com histórias incríveis, que, infelizmente, não seriam contadas por outros(as) jornalistas, e, ao mesmo tempo, consegue fazer algumas críticas e mostrar a situação do país em diferentes aspectos e sem muito esforço. Somente fazendo o que todo jornalista deveria saber fazer: ouvir o entrevistado e contar a sua história da melhor maneira possível.
A vida que ninguém vê merece ser lido por todos porque, com certeza, vai fazer com que cada leitor reflita sobre as pessoas que os cercam.
Informações sobre A vida que ninguém vê
Autor: Eliane Brum.
Editora: Arquipélago Editorial.
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