“Welcome — Everything is fine.”
Em The Good Place, depois de passar seu tempo na Terra, Eleanor Shellstrop (Kristen Bell) morre e é recebida em um “Bom Lugar”, para pessoas que viveram de forma gentil e exemplar desfrutarem da eternidade de forma leve, honrada e com muito sorvete de yorgute. Eleanor é apresentada ao seu novo lar e sua nova forma de vida através de Michael (Ted Danson), o arquiteto responsável por aquela nova vizinhança perfeita.
Ao decorrer da apresentação, Eleanor se dá conta de que todo o lugar gira em torno de bons valores éticos e um pouco religiosos, e que por mais que ela esteja tentando vivenciar aquela experiência de forma positiva (mesmo incapaz de soltar uns palavrões de vez em quando), uma coisa parece certa: ela está ocupando um lugar que não a pertence.
Situações cotidianas da vida de Eleanor na Terra estão por todo a primeira temporada para nos dar a certeza de que as “boas ações” tão exaltadas no Bom Lugar, não fizeram parte de sua vida, repleta de arrogância e egoísmo.
Destinado a ser sua alma gêmea no Bom Lugar, o personagem Chidi (William Jackson Harper), ex-professor na Terra, passa a ser a única chance de Eleanor se tornar uma boa pessoa e se adequar àquele lugar. Através de aulas diárias na tentativa de salvar a personagem principal, acompanhamos toda a ética filosófica que a série apresenta, por meio das “normas para ser uma boa pessoa”, questionando as boas ações e bons valores da vida.
No formato “sitcom”, The Good Place, que está em sua segunda temporada, foi criada por Michael Schur, aclamado por séries como Brooklyn Nine-Nine e Master of None. Produzida e exibida originalmente pela emissora NBC com episódios em torno de 25 minutos, o aspecto simples e cômico de The Good Place chama a atenção pelo cenário fictício de tom pastel, que pode mudar e ter um jogo de “ação e reação” conforme os atos negativos de Eleanor tem peso no Bom Lugar.
A leveza do seriado começa em sua abertura e se estende até seus personagens, que mesmo tão distintos um do outro, acabam (sempre) se unindo para acabar com todo o caos ao redor de sua nova vizinhança. O elenco da série é bem diverso (com mulheres, homens, negros, asiáticos) e os destaques ficam para Ted Danson, como o “arquiteto branco de 40 anos” e Kristen Bell, que nos presenteia com a anti-heroína Eleanor e de forma cômica e grosseira, embarcamos na evolução de sua personagem.
Os outros personagens da série também não deixam a desejar. Além de Chidi, que não consegue se decidir entre um sabor de yorgute, Tahani (Jameela Jamil) arranca suspiros por onde passa e boas risadas do público ao conhece-la melhor junto à personagem ao longo dos episódios. Jianyu (Manny Jacinto), um monge que fez voto de silêncio, também ganha uma história interessante ao decorrer da série dando força ao personagem mais ingênuo, e Janet (D’Arcy Carden), equivalente a uma “Siri” do Bom Lugar, está ali para ajudar os moradores da nova vizinhança e arrancar as melhores risadas do público através da personagem hilária e prestativa.
Se você pensa que The Good Place é apenas uma série com “final determinado”, em que a mocinha “bad girl” se transforma em boa moça e garante umas risadas, pode parar por aqui. O roteiro filosófico (e bem engenhoso) a partir das falas e conselhos de Chidi sobre moralidade e ética, e os dramas pincelados dos personagens, leva ao público reflexões sobre nossa própria vida e ações do cotidiano, além de questionar o que de fato acontece pós-morte e o que é ser uma boa pessoa.
O conceito de “bem e mal” é colocado a prova a todo instante, desde as pontuações do sistema explicadas por Michael no início do episódio piloto, em que “cometer um genocídio vale -433669.29, abraçar um amigo quando ele está triste vale +4.54 e acabar com a escravidão vale +814295.32”, até o questionamento de Chidi sobre ser “certo” ou não ajudar Eleanor.
As duas temporadas completas de The Good Place estão disponíveis na Netflix. Continue nos acompanhando para saber mais sobre essa e outras séries.