Romeu e Julieta 80 renova o clássico de Shakespeare

Por Letícia Akamine

Você deve achar que sabe tudo o que há pra saber sobre a história de “Romeu e Julieta”, escrita por William Shakespeare no século XVI, afinal essa é uma das histórias de amor mais famosas da dramaturgia mundial. Mas já pensou em encarar um Romeu e uma Julieta aos 80? Pois essa é a proposta da peça em cartaz no SESC Ipiranga, até 18 de fevereiro.

O clássico enredo se desenrola em cima do destino de dois jovens apaixonados, que vivem na cidade de Verona, na Itália, e são terrivelmente atingidos pela fúria da rivalidade de suas famílias. Em desespero, os jovens resolvem se casar e viver felizes para sempre, mas a tragédia acomete o casal. E em “Romeu e Julieta 80”, não é diferente. A montagem dirigida e adaptada por Marcelo Lazzarato, é totalmente fiel à história, tirando uma pequena mudança.

Surpreendentemente, o texto original aparece durante todo o espetáculo, interpretado pelos veteranos Renato Borghi (Romeu) e Miriam Mehler (Julieta) que, inclusive, assumem as versões jovens dos protagonistas da história. Os outros personagens ficam a cargo de Elcio Nogueira Seixas e Carolina Fabri, que fazem um belo trabalho interpretando tantos e tão diferentes personagens. E aqui cabe divagar sobre as constantes subversões da peça, principalmente em relação à idade – ao fazer o espectador acreditar em dois protagonistas juvenis com rostos já experientes – e também em relação ao sexo, já que os personagens secundários homens são, muitas vezes, interpretados por uma mulher e vice versa.

Mesmo o clássico já existindo, a peça parece materializar a reflexão sobre os amores proibidos, que apesar de parecerem bastante piegas e antiquados, são ainda atuais se levado em conta que muitas vezes a família e a sociedade não estão preparadas para aceitar que a liberdade de amar é um direito adquirido pela simples capacidade humana de fazê-lo. A peça faz pensar sobre os Romeus e Julietas pelo mundo a fora que também estão impedidos de exercer seu amor.