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‘Dunkirk’ é um poderoso drama sobre um fracasso de guerra

‘Dunkirk’, a mais recente obra de Christopher Nolan, voltou aos cinemas por tempo limitado na última semana, graças às 8 indicações ao Oscar 2018. O filme, lançado em julho de 2017, era um dos mais esperados do ano e desde sua estreia já era figura esperada na categoria de Melhor Filme. E todo esse hype não é para menos: o longa é um primor visual, e uma peça bem singular na categoria filmes de guerra. Isso por que não segue pelo caminho habitual que se espera do gênero. Aqui não temos heróis condecorados, batalhas incessantes, ou grandes estratégias. Aliás, pelo contrário: é a história de minimizar perdas após um grande fracasso. Essas são as palavras-chave que definem a tonalidade de ‘Dunkirk’, no cinema e na vida.

O filme narra o desfecho da Operação Dínamo, uma manobra de resgate organizada pelos britânicos para tentar recuperar 300 mil soldados presos no porto de Dunkirk, na França. Após a tentativa fracassada de conter os avanços alemães, o exército dos aliados foi sendo empurrado e encurralado na praia, onde se encontraram sem forças ou esperanças para continuar batalhando. A única opção era esperar o iminente extermínio alemão. E é nesse clima de impotência que o filme se inicia. Essa tonalidade de desesperança é a principal marca da obra, e também seu maior triunfo. É um filme que se passa na guerra, mas não é sobre ela. Esse recorte dá ao filme um ar renovado e o torna único em seu próprio gênero, e esse é só um motivo para assisti-lo.

Aspectos Técnicos

Roteiro

O roteiro tem três fios condutores: o cais, onde estão os soldados na praia esperando pelo resgate e sobrevivendo aos ataques aéreos; o mar, que representam os barcos civis que foram ao resgate; e o ar, que mostra os pilotos da força aérea britânica (em seus spitfires) tentando combater novos avanços da artilharia alemã. Cada um deles conta com personagens principais que são os olhos dos espectadores diante da desesperançosa situação, e talvez por isso eles pouco falam durante o filme (exceto no arco do mar). Como não dialogam muito, passam seu tempo em tela agindo e observando, o que exige uma atenção maior e aumenta a imersão de quem está assistindo. Baseado em uma história real, o enredo é forte e desesperador e retrata bem o clima triste e desesperador dos soldados.

Nota: 4.0

Direção

Este com certeza é um dos melhores trabalhos de direção do Nolan até o momento. Os planos, a sequência, as emoções dos personagens, tudo o que está na tela é bem controlado e encaixado. Vários takes são obras de arte, frutos de uma bela colaboração entre o diretor e o responsável pela fotografia. O trabalho de manter o espectador focado e imerso, quase como um observador presente na situação (especialmente nos arcos do ar e do cais) é executado com maestria, e fazem valer por demais a primeira indicação ao Oscar de Melhor Direção da carreira de Nolan.

Nota: 4.5

Fotografia

Alinhado com o tom da história, a fotografia melancólica desenvolvida pelo holandês Hoyte van Hoytema (‘Ela’ e ‘007 contra Spectre’) é irretocável para o filme, e também abocanhou uma indicação em um ano com ótimos concorrentes. As cores, frias e desbotadas, ecoam com a incapacidade de reação dos soldados, que só esperam e sobrevivem. A sutileza da paleta utilizada mantém o foco do espectador, e complementa bem a experiência de assistir ao filme na melhor resolução possível, de preferência em tela grande.

Nota: 4,5

Trilha Sonora

Para fechar o hall das indicações, temos a trilha sonora composta por Hans Zimmer, outra figura carimbada nas premiações. A sensação é aflitiva do começo ao fim, e o som do filme soa como o pensamento não escrito dos personagens em qualquer uma de suas variáveis. Em seus momentos sutis ou aterradores, a música conduz o espectador e o tira da cadeira. O estilo minimalista do compositor é bem presente, e a trilha é simples porém eficaz, aparecendo sempre para somar ao filme, não para distrair quem o assiste.

Essa é a 11ª indicação de Hans Zimmer, e se vencer será sua segunda estatueta. A primeira foi por  ‘O rei leão’, em 1995.

Nota: 4,5

Considerações finais

Um filme para vivenciar e admirar, ‘Dunkirk’ é um bom respiro criativo para o seu gênero, e um filme de extremo zelo técnico. Concorre merecidamente em 8 premiações no Oscar 2018, e é imperdível para os admiradores do Nolan, que pode finalmente ser reconhecido com algum prêmio da academia.

Nota final: 4,4

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