Produção traz releitura contemporânea do livro de Patrick Suskind
“O Perfume” é um projeto ambicioso, tanto por se basear no livro considerado “Perfume: a história de um assassino“, que vendeu mais de 15 milhões de cópias e traduzido para 45 idiomas, quanto por ter sido considerado “impossível de adaptar” por diretores como Kubrick e Scorsese (o diretor alemão Tom Tykwer acabou aceitando o desafio, e lançou em 2006 um longa controverso). O show, originalmente produzido pela Constantin Film em parceria com a rede ZDFneo, teve todos os direitos de distribuição comprados pelo Netflix.
O Perfume: sinopse sem spoilers
Katherine, uma cantora pouco conhecida, é encontrada brutalmente assassinada em sua própria piscina, e o estado do corpo chama atenção dos investigadores: seus cabelos foram raspados e todas as suas glândulas que produziam odores foram cirurgicamente retiradas. A natureza do crime faz com que os suspeitos sejam cinco colegas de adolescência de Katherine, e quanto mais os detetives cavam, mais horrorizados ficam com o que descobrem.
É mais apropriado chamar a série de releitura do que de adaptação, já que temos aqui um thriller policial que se passa na Alemanha contemporânea – muito longe da França do século XVIII descrita no livro. Além disso, se em “Perfume: história de um assassino” somos apresentados aos fatos pelo perfumista assassino Jean Baptiste Grenouille, em “O Perfume” temos o enredo revelado pouco a pouco sob os olhares da equipe policial que investiga os assassinatos e de um grupo de amigos de Katherine.
O perfume: sinopse com spoilers
Se você está esperando por “só mais uma série policial igual às dezenas que aparecem sempre pra mim no Netflix”, pode acabar positivamente surpreendido: a gama de personagens complexos em O Perfume torna o show envolvente e interessante em toda sua extensão – é possível amar e odiar diversos dos personagens em momentos distintos, conforme a trama se expande e começamos a entender as motivações por trás de determinados comportamentos torpes. Vale ressaltar, entretanto, que não é o tipo de programa para se assistir em um momento particularmente sensível, já que em apenas 6 episódios somos apresentados a assassinatos em série, estupros, relacionamentos abusivos, casos extra conjugais e violência contra a mulher.
O único ponto negativo do show é o final (que não iremos revelar aqui, para não estragar a maratona de ninguém). Para uma série com personagens tão bem trabalhados, o final soa desconexo e mal amarrado – como se na pressa de entregar algo que surpreendesse, tivessem deixado pontas soltas que apenas não conversam com o resto da história. Uma pena. De qualquer forma, vale dar uma chance ao show.