Resenha crítica: Liga da Justiça

Assistimos um dos mais aguardados filmes de heróis e contatos tudo aqui

Por Jaqueline Oliveira

Depois dos últimos filmes do universo da DC Comics, Liga da Justiça aposta na aventura e ameniza a linha dramática e sombria que os outro trilhavam. Mirando no carisma da Mulher-Maravilha e na grandiosidade de Superman (que finalmente apareceu), o longa não acerta, mas chega perto. Sendo o primeiro filme dos estúdios Warner a juntar os maiores heróis do grupo mais honrado dos quadrinhos e das animações de TV, fica à cargo de Bruce Wayne/Batman (Ben Affleck) reuni-los, com o objetivo de restaurar sua fé na humanidade e salvá-la do mal.

Inspirado por Kal-El/Superman (Henry Cavill), Bruce se alia a Diana Prince/Mulher-Maravilha (Gal Gadot) para combater um inimigo recém-despertado, o Lobo da Estepe. Juntos eles convocam outros meta-humanos para tentar salvar o planeta do ataque: Barry Allen/Flash (Ezra Miller); Arthur Curry/Aquaman (Jason Mamoa) e Vitor Stone/Ciborgue (Raymond Fisher).

O que deu e não deu certo

O filme não arrisca na apresentação de seus personagens. Numa introdução metódica de cada um, a sensação foi de parecer mais uma introdução de um drama, do que um filme de aventura, de super-herói. Apresentação que ficou mesmo só no início do filme. O roteiro se desenrola desde então, com os problemas da trama em evidência no meio do filme, e com a conclusão no final. Nada muito ousado, o que poderia ter enaltecido ainda mais, tantos os próprios personagens, como o desenrolar da própria trama.

Uma das melhores cenas é protagonizada pelas Amazonas. Numa batalha de tirar o fôlego, a violência e a sincronização das ações aparecem sem nenhuma falha, seja por edição ou fotografia. O que já não é visto no total do longa, considerando que a fotografia aparece escura durante todo o filme. Além disso, a trilha sonora é genérica e completamente desconexa às cenas em que são encaixadas, dando até a sensação de, às vezes, ser erro. O filme ainda peca por conter, mesmo que em mínima escala, piadas machistas, o que deixa muito a desejar.

Personagens

Quando se trata de filmes de super-heróis, é inevitável a alta expectativa para o resultado final. A Liga da Justiça não é um grupo de heróis desconhecido do público, muito pelo contrário. E um dos pontos alto do longa é justamente as características de alguns personagens, por exemplo, a nova e diferente abordagem daquele que já tinha recebido críticas por ter “desaparecido” em grandes projetos, além de ser, muitas vezes, alvo de “zoeiras”, por ter um papel mais bobo nas séries animadas de TV, o Aquaman.

FOTO: Divulgação

Retratado na fase inicial de sua jornada como o herói, aparece beberrão, desprendido e todo desajeitado, ainda como o Arthur, aquele que está tentando encontrar o caminho e que ainda não é caracterizado com o Rei dos Sete Mares.

FOTO: Divulgação

A Mulher-Maravilha continua com o seu carisma que tanto encantou o público em seu filme solo. Já Superman sofreu uma transformação, e para melhor, o que pode ser considerado uma das mais geniais sacadas para poder despertá-lo dentro do seu próprio personagem.

FOTO: Divulgação

Em “O Homem de Aço”, as características pesadas e sombrias que o envolviam não mostravam a personalidade do herói, o esperançoso. O mesmo peso depressivo pode ser visto no Ciborgue que, da mesma forma que o Aquaman, apareceu na sua forma inicial do herói, na tentativa de encontrar o seu caminho.

FOTO: Divulgação

Sempre num tom depressivo, a esperança que o Superman tanto retratou, tinha desaparecido. Com a sua volta, um recurso que poderia ter sido muito bem mais elaborado, mas que mesmo assim foi bem aproveitado, como uma ponta solta que encontrou um propósito, o homem-deus traz à trama que envolve o grupo, a esperança que a história precisava para prosseguir na tentativa de salvar o mundo. Cavill consegue, com esforço, se encontrar no novo Superman que nada tem de novo, mas que nos leva às memórias de um dos mais queridos heróis dos quadrinhos.

FOTO: Divulgação

Batman, com detalhes descaracterizados em alguns momentos, parece mais um tiozão preocupado que tenta incluir um sobrinho num grupo de amigos. Com piadas sinceras sobre o próprio personagem, confunde os fãs nesta “alternativa” personalidade dele mesmo.

FOTO: Divulgação

Já o Flash deixou a desejar. Muito pela interpretação de Ezra Miller, que atualmente trabalhou em projetos indies, e que está nas lembranças ao interpretar o sucesso “Animais Fantásticos”, em 2016, nova saga da escritora J. K. Rowling que acontece no mesmo universo do bruxo Harry Potter. Flash é apresentando com o menino com problemas na família, mas que traz a jovialidade, irreverência e um ar cômico à trama. Mas pareceu, de certa forma, expressões exageradas e que não combinaram com a “seriedade” do clã, muito menos com a do ator.

Comparação inevitável

De forma instantânea houve uma comparação na dupla Batman e Flash, com a dupla Homem de Ferro e Homem Aranha, da Marvel. É, no mínimo, desrespeitoso com os fãs comparar as duas gigantes dos quadrinhos. Justos as duas que estão sempre atreladas, na grande maioria, de forma negativa, a uma competição. Mas ao recrutar Barry/Flash, Bruce toma uma postura que muito lembrou a mesma de Tony Stark, ao recrutar o jovem Peter Parker.

FOTO: Divulgação

Bastidores

Fora tudo que acontece nas telonas, os bastidores também contam suas histórias:

*O diretor Zack Snyder (de “300” e “Watchmens”) e sua esposa, Deborah, produtora do filme, se afastaram da produção do longa em maio deste ano, após o suicídio da filha do primeiro casamento de Snyder. Em entrevista à revista “The Hollywood Report” ele afirmou que decidiu se afastar do filme para ficar com a família e de seus filhos, que realmente precisam dele, pois todos estão passando por situações difíceis. Autumn morreu aos 20 anos de idade, em março, mas a notícia de sua morte foi mantida em sigilo pela família.

Joss Whedon, (pasmem) diretor de Avengers: Os Vingadores – Marvel, foi escalado para dirigir cenas adicionais e fazer a pós-produção do filme, na ausência de Snyder. Em apoio à decisão do diretor, Toby Emmerich, presidente dos estúdios Warner Bros., afirma: “A direção é mínima e é preciso usar o estilo e tom e modelo estabelecidos por Zack – Eles estão passando o bastão à Joss, mas o caminho foi estabelecido por Zack.

*Fãs da DC criaram uma petição para que Snyder lance uma versão dele do longa, que abrace por completo a sua visão para o filme. Eles argumentam que o corte que está sendo exibido no cinema, traz a visão de Joss Whedan e deixa de lado, em muitos momentos, as decisões que Snyder tinha para o longa. Por exemplo, a duração do longa. A versão atual tem 2h 1min, e os criadores da petição afirmam que é resultado de Whedan e que Snyder teria feito um filme mais longo (o que, ainda bem, que não aconteceu). Snyder lançou uma “Versão Ultimate” de Batman x Superman – não se sabe se o mesmo ocorrerá com a Liga. A petição quer 1500 assinaturas.

*Liga da Justiça tem a pior bilheteria de estreia entre os últimos 5 filmes da DC nos EUA. US$ 94 milhões deixam a junção de heróis abaixo de Mulher-Maravilha (103), O Homem de Aço (116), Batman x Superman (166) e Esquadrão Suicida (133,6). Não conseguiu ultrapassar a marca dos US$ 100 milhões.  Já no Brasil, segundo o site Deadline, Liga da Justiça por ter se tornado a maior abertura de todos os tempos do cinema brasileiro. O site diz que que o longa arrecadou R$ 46, 6 milhões em sua estreia no país, ultrapassando Capitão América: Guerra Civil, que era o recordista até então, com R$ 43 milhões. Deve-se considerar também, que o filme teve sessões no feriado do dia 15 de novembro, o que lhe deu um dia a mais.

*Há boatos de que o filme fez um easter egg para Mulher Gato. Segundo relato de alguns fãs, a possibilidade faz sentido. No final do filme, aparece uma mulher muito elegante e algemada, sendo levada pela polícia. Logo em seguida a Mulher-Maravilha aparece guardando numa caixa, uma pequena estátua, que se trata de uma efígie de um gato. Enquanto isso, uma das crianças que se reúnem em torno de Diana, está usando orelhas de gato. Coincidência? Eles acreditam ser referências à heroína. O que nos resta é apenas aguardar e torcer para seja verdade.

Trailer.

Data de lançamento:  16 de novembro de 2017

País/Ano de produção: EUA/2017

Duração: 121 min

Para mais resenhas, acesse aqui.

Post Author: Jaqueline Oliveira

2 thoughts on “Resenha crítica: Liga da Justiça

    Tabaré Golmar

    (18 de janeiro de 2018 - 17:16)

    Interessante seu ponto de vista! Antes de qualquer coisa, é bom afirmar que “Liga da Justiça” é uma boa diversão. Os filmes de Ben Affleck realmente são sempre promissores, e a Liga da Justiça não foi uma exceção. Em suma, Liga da Justiça é um filme bem divertido. Ele é um autentico filme de super-herói. Toda a essência dos heróis, está lá e muito bem representada pelos personagens. Mesmo que não tenha sido perfeito, Liga da Justiça apresenta algo promissor que pode render bons frutos em um futuro próximo, ainda mais pelo o que foi apresentado nas duas cenas pós créditos. Mas que ficou aquela sensação de que o filme poderia ter se arriscado um pouco mais, ter tido um pouquinho mais de ambição, isso ficou. Que venham novas aventuras da Liga da Justiça.

    Jaqueline Oliveira

    (19 de janeiro de 2018 - 10:49)

    Que bacana ler seu comentário!
    Sim! A princípio, com toda a divulgação e ação de marketing pré-filme, a expectativa era que o longa seguisse o mesmo caminho que os outros filmes solo de cada personagem (com a exceção de Mulher Maravilha que foi o que mais fugiu do estereótipo “drama”) da Dc. Mas ao decorrer do filme, a desenvoltura o levou para uma direção mais aventuresca e divertida, o que agradou muito o público.
    No fim, o que importa é a recepção dos fãs (neste, muito boa) e o anseio por novas aventuras da Liga!
    Abraços.

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