Cantora americana se reencontrou no country, em composições leves e deixa o pop tradicional para trás
As vezes precisamos nos perder para nos encontrar. E foi exatamente isso que a cantora americana fez nesses últimos anos. A fase de exageros e o hiato desde seu último álbum, a levaram de encontro com ela mesma em termos de composição, identidade pessoal e musical com o lançamento do álbum “Younger now” divulgado hoje e que já está disponível em todas as plataformas de streaming.
São onze faixas que gritam country com um toque sessentista em algumas e uma cantora renovada com voz que não deixou de ser poderosa, mas que parece ainda mais evidenciada em um ritmo que, quiçá, fora feito exatamente para ela.
Faixa a faixa de Younger Now
Younger Now
O disco começa com a faixa que o nomeia e o som de chuva caindo. A música que a cantora apresentou no VMA (Video Music Awards) 2017, fala sobre se sentir jovem, revigorada, reinventada e a beleza de mudar ao longo da vida. A música ganha uma batida mais aliada ao pop no meio e tem um violão muito bem marcado nas partes menos agitadas.
A ponte que marca a passagem do segundo refrão para o final, é extremamente bem produzida. A voz e os elementos musicais entram em perfeita harmonia para encerrar o início dessa nova era.
Malibu
Outra faixa já conhecida, “Malibu”, foi o primeiro single desse trabalho e recebeu imensas críticas positivas, contando o choque que o público levou ao enxergar uma cantora mais harmônica com sua história, seu passado e sua raiz. Os instrumentos nos levam à uma Miley madura, que reencontra o country que a acompanhou durante toda a sua vida por conta de seu pai, Billy Ray Cyrus, e uma letra que conta seu romance com Liam Hemsworth.
Rainbowland
Com participação de Dolly Parton (cantora, compositora e atriz norte-americana), a faixa começa e termina com áudios que Dolly teria enviado à Miley durante o processo de composição das faixas. As gravações dão um toque engraçado à música e um respiro interessante de mudança em produção musical. A letra fala sobre criar um mundo perfeito, que é possível e que podemos fazer isso juntos. Fica muito clara em nossa cabeça a inspiração dela para compor, já que a faixa vai exatamente de encontro com as bandeiras que a cantora levanta com a Fundação Happy Hippie criada em 2014 para ajudar pessoas em situação de rua, população LGBTQ e qualquer pessoa que possa estar em condições vulneráveis perante à sociedade.
Week without you
Essa música possui um toque de música dos anos 50 e 60. Uma balada cheia de backing vocals para contar como é não estar com alguém por perto. Sabe aquele amor que foi bom, mas acabou? Que não dava mais para continuar? É por aí que a Miley está passando nessa faixa.
Miss you so much
Depois de cantar sobre “como seria não te ter por perto”, a cantora começa a próxima faixa com um violão bem marcado num ritmo mais lento do que a anterior. A voz da Miley – que já é única – parece que ficou mais aveludada nessa faixa e as notas muito bem marcadas nas frases que entoam saudade, mesmo com a pessoa ao lado.
I would die for you
Romântica ela? Nem parece! “I would die for you” é mais uma declaração de amor evidente. A música começa bem acústica e ganha uma progressão perto do refrão com violão e guitarra. De tempos em tempos ela volta ao ritmo tímido, alternando batidas. Perfeita para trilha sonora de um filme!
Thinkin’
Essa música torna a espera pela resposta de alguém, a obsessão de não conseguir parar de pensar em uma pessoa, em algo até que divertido. Seguindo toda a proposta do country calmo, Miley sente falta, liga e pensa demais no amado, e a gente, claro, se identifica. Até porque… Quem nunca, né?
Bad Mood
“I wake up in a bad mood”. A produção desse álbum está muito bem feita. Oras por tornar letras de momentos não tão bons em faixas divertidas, oras por acertar exatamente o tom de uma manhã mal humorada. “Bad mood” começa com baixo e violão, mas depois ganha batidas e os mesmos acentos vocais poderosos do início nos refrões.
Love Someone
Aqui o baixo e a guitarra são as protagonistas da música. Apesar das batidas, que se estendem por boa parte do álbum, aqui o que mais chama atenção são os riffs de guitarras em partes específicas da música e o baixo acentuado.
She’s Not Him
Um violino é o responsável por dar início à penúltima faixa de “Younger Now”. O ritmo é diminuído com a ajuda de um piano, uma meia lua e um violão. Uma bela música para se ouvir ao vivo, ainda mais em sua segunda parte que conta com o violino grave. A letra fala sobre dois amores, porém um mais vivo e claro do que o outro, o que acaba tornando impossível manter o relacionamento com aquela que, na faixa, ela não ama de verdade.
Inspired
Perfeita para começar o dia. Calma e inspiradora, como o próprio nome já diz, mesmo antes de entendermos a letra. O dedilhado do violão e a voz da Miley conseguem abrir um sorriso até mesmo nos corações mais tristes. O violino aqui também é muito bem colocado, fazendo parte da base, mas também com seus momentos de glórias enquanto a cantora canta que estamos destinados a sermos a nossa melhor versão e a aproveitar ao máximo de nossa tempo na Terra (o que certamente nos lembra de ouvir o álbum novamente e aproveitar ainda mais cada faixa).
“Younger Now” é uma obra belíssima que cai como uma luva para o momento cheio de disseminação de ódio e intolerância no qual vivemos. O country vindo assim de forma calma, honesta e sincera é exatamente do que precisamos para nos sentirmos inspirados a amar, a criar, a nos reinventar (assim como ela própria o vez) e para seguirmos atrás de nossos objetivos que estão logo adiante.
Além dela, outra cantora que começou sua carreira da TV e, mais precisamente, na Disney, também lançou um disco novo. “Tell me you love me” é o novo álbum da Demi Lovato. Ambos os álbuns foram lançados na data limite para poderem ser indicados no Grammy de 2018, 29 de setembro.