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Resenha de Kingsman – O Círculo Dourado: A conduta define o homem – mais uma vez

Resenha Kingsman
*por Jaqueline Oliveira

Mesmo vindo ao mundo através de um grupo de referências, Kingsman – O Círculo Dourado garante a passagem para provar que tem valentia para continuação

A aguardada parte dois é diferente de algumas sequências que vemos por aí. Surpreendentemente, Kingsman – O Círculo Dourado, que estreia no dia 28 nos cinemas, acertou em cheio e nos leva de volta ao mundo da espionagem mais insana, sem a necessidade da auto explicação sobre o que aconteceu no filme anterior. Continua preciso ao encarar a trama de forma “sem limites” e que joga o politicamente correto na nossa cara. Literalmente! O que acaba resultando em olhos vidrados na tela. Afinal, não queremos e nem podemos perder uma cena se quer. Com nossos queridos heróis mais “classudos”, o filme não deixa pontas soltas. Desde a estreia do primeiro longa da sequência, em 2014, existe certa sátira muito bem feita a James Bond, que correlaciona alguns clichês de filmes do gênero (como por exemplo, ser o maior objetivo manter o mundo a salvo), mas com a mão pesada em criatividade, diversão e loucura.

E o peso dessa empolgação, deve-se a Matthew Vaugh, que é, como no primeiro filme, diretor. Sendo essa, a sua primeira sequência em longas. O Círculo Dourado acarreta elogios por sua fotografia excelente. Roteiro que não deixa espaços para pitacos desnecessários. Processo criativo de filmagem, com planos em sequência de tirar o fôlego – absolutamente excepcional. Humor negro e inteligente. Vertentes com sutileza e classicismo. E um elenco que não dá para botar defeito.

Sinopse

Dessa vez, a história mostra a união de Eggsy (Taron Egerton) e Merlin (Mark Strong) a uma aliada organização de inteligência americana, a Statesman, quando a sede da Kingsman é atacada e o mundo é feito refém. As duas equipes precisam unir forças para impedir a ação do inimigo da vez, caracterizado por ninguém mais, ninguém menos que Julianne Moore, no seu papel como Poppy – a representação do perturbado patriotismo e poder feminino nos Estados Unidos. Em uma nova jornada que testa a força e a aptidão dos agentes, os limites são ultrapassados, uma vez que são impossíveis de serem medidos.

Direção

Matthew Vaughn – Matthew de Vere Drummond é um produtor e diretor de cinema inglês e possui em sua biografia produções como o icônico Kick-Ass (2010) e X-Men: Primeira Classe (2011) que foi base de inspiração para a criação desta trama. Além disso, a lista possui Stardust (2007) e Nem Tudo é o Que Parece (2004). Vaughn é conhecido por não fazer mais do mesmo, o que fica bem óbvio nos Kingsmans, porque mesmo em um território que predomina aclamados reis do gênero, propostas que seguem a mesma linha, Vaughn consegue se opor aos estereótipos, com engrenagens triviais que acabam criando um novo: o próprio.

Roteiro

O roteiro é recheado de ironia e de envolvência que faz da história uma boa construção do objetivo que se pretende alcançar com o filme. É assinado por Dave Gibbons, Jane Goldman e Mark Millar, com participação do diretor.

Gibbons é um artista britânico de história em quadrinhos e ficou conhecido depois que começou a trabalhar em títulos de terror publicados pela DC Thomson e pela IPC Media.

Já Goldman é colaboradora junto à Vaughn desde Stardust. É roteirista, muito conhecida pela parceria dos dois e por escrever os livros Dreamworld (2000) e The X-Files Book of the Unexplained (1997). Goldman também trabalhou na história de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014).

Mark Millar é um premiadíssimo autor de banda desenhada. Suas obras mais conhecidas incluem: The Authority, a releitura de Os Vingadores de Stan Lee e Jack Kirby, Os Supremos, Marvel Knights: Spider-Man, Velho Logan, Superman: Red Son, Ultimate Quarteto Fantástico, a saga Guerra Civil, e os autorais Wanted, Kick-Ass e Kingsman: Serviço Secreto. Em Agosto de 2007, recebeu o prêmio Stan Lee no WizardWorld em Chicago.

Imagem

A qualidade da imagem está impecável. Além da produção dos planos em sequência, visualmente, conseguimos sentir tanto as referências britânicas, inclusive no “wearing” de alfaiates, como também na representação americana. Principalmente pela estampa clássica da América de raiz: o Velho Oeste e todo o machismo que nele opera. É uma explosão da testosterona do Oeste com o romantismo “lord inglês”.  Cenas intensas e perfeitas num jogo de edição rápida e planos longos, com a possibilidade de estar e se sentir dentro da cena, por todos os ângulos. Muito explícito na primeira cena de ação.

Som

Como no primeiro Kingsman, as músicas complementam as cenas loucas e chamativas. Geralmente usufruindo de grandes clássicos do Rock e Jazz, a qualidade das ações se completa na junção de uma boa imagem + boa música. Cada um na sua particularidade, mas que fazem uma conexão com o que os olhos veem e com o que se ouve. É uma explosão de sentido que causa empolgação. São entoados charmes como “My Way” de Sinatra e “Take Me Home, Country Roads” de John Denver. Em Take Me Home, fica para Mark Strong representar uma das cenas mais emocionantes do filme, que chega a ser impossível não conter o choro. Emoção que não deveria ter acontecido, devido ao motivo que ela desperta, mas que acabou se tornando a composição mais bonita e dramática entre os dois longas.

Pode ser um absurdo imaginar que esses dois hinos compõem a produção, mas é isso mesmo. E não para por aqui. Tem muito mais absurdo sonoro como este ao longo do filme.

Curiosidades

* O primeiro filme da franquia arrecadou US$ 414 milhões mundialmente;

* Em julho de 2016, o ator Pedro Pascal revelou em seu Instagram, que Colin Firth estaria de volta nessa continuação (para a nossa alegria, ele estava certo);

* Elton John faz um show de interpretação dele mesmo (é exatamente isso que você leu), em sua aparição.

O que achamos?

Geralmente, quando falamos de filmes de espionagem é impossível não nos lembrarmos de clássicos como 007, Missão Impossível, Busca Implacável entre outros que possuem uma linha de proposta bem definida: normalmente é o agente mais forte e inteligente que salva o mundo ou uma nação de um perigo fatal, que é acompanhado por uma linda mulher, num apelo de relação amorosa.

Ao assistirmos a sequência de Kingsman conseguimos notar que existe uma homenagem a este tipo de proposta, mas de uma forma bem mais divertida e surreal, que leva a zueira ao clichê e que não necessariamente exige uma relação amorosa dos principais protagonistas, mas que possui um persistente sexismo não visto em outros filmes. Com cores sarcásticas para a violência extrema e diálogos intensos, a trama se desenrola longe do padrão. Não há limites para a boa conduta, desde que esta esteja de acordo com o bem de todos.

Havia certo temor que não conseguisse superar o primeiro filme. Isso acontece quando o antecessor é bom. Observamos também que há uma luta de classes bem evidente no contraponto extremo que varia entre machismo, feminismo, nobreza, violência, superioridade intelectual e elegância, óbvio. Não é um filme apenas para o público jovem. Caracterizá-lo assim seria no mínimo desvantajoso, considerando suas referências. Kingsman: O Círculo Dourado é um filme único e que possui as suas próprias sacadas. Que leva o espectador às variadas sensações que ele deseja atingir.

P.S. tenho certeza que por um bom tempo você não olhará para um hambúrguer da mesma forma, depois de assistir ao filme.

Ficha Técnica

Título:   Kingsman: O Círculo Dourado (Kingsman: The Golden Circle (Original))

Ano: 2017

Direção: Matthew Vaughn

Estreia: 28 de Setembro de 2017 (Mundial)

Duração: 135 minutos

Gênero: Ação, Aventura e Comédia

Países de Origem: Estados Unidos da América, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

Distribuidor: Fox Film do Brasil

Elenco: Taron Egerton – Gary ”Eggsy” Unwin / Colin Firth – Harry Hart / Mark Strong – Merlin / Channing Tatum – Tequila / Halle Berry – Ginger / Jeff Bridges – Champagne “Champ” / Julianne Moore – Poppy / Pedro Pascal – Jack Daniels – Whiskey / Sophie Cookson – Roxanne ”Roxy” Morton / Calvin Demba – Brandon / Edward Holcroft – Charlie Hesketh / Elton John – O próprio / Laurence Possa – Grigor / Pavel Koutský – Royal Footman / Samantha Womack – Michelle Unwin / Tom Benedict Knight – Angel / Tony Cook (VI) – Chefe / Vinnie Jones – Guarda

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