A cantora britânica Marina anunciou com post em seu novo blog os seus novos rumos
Todas as pessoas passam por momentos de dúvida e introspecção em alguma fase da vida e não é diferente com artistas já conhecidos pela grande mídia. Foi o que pudemos confirmar com o post no blog Marinabook da cantora mais conhecida por seu trabalho com Marina and the diamonds.
Depois de anos devota à sua carreira como cantora, Marina diz em carta aberta para os fãs que percebe que precisa de um tempo para deixar aflorar outras personalidades que existem dentro dela, já que a “personagem” que ela vivia dentro dos palcos fazia com que ela de verdade ficasse um pouco mais de lado. Ela afirma que vai estudar psicologia e continuar publicando conteúdo na página do blog. Confira na íntegra o que ela escreveu com tradução do The Brazilian Jewels:
Cara… Essa carta me levou um tempo vergonhoso para escrever. Provavelmente porque eu não escrevo nada além de e-mails e tweets há 12 anos.
Se o último ano tem me ensinado alguma coisa, essa coisa é: demora um bom tempo para você superar a si mesmo.
Março passado, depois de 7 anos na estrada, eu decidi dar um tempo. Eu estava animada com isso. Eu me imaginei assistindo TV todos os dias, sendo uma pessoa indiferente, comendo rosquinhas, porque eu não precisava mais vestir roupas de látex. A realidade: não tem sido o que eu esperava.
Eu tenho sido uma artista por mais de uma década, mas até esse ano, eu não tinha percebido o quanto meu auto senso tinha sido definido por minha atuação como uma artista. Eu nunca imaginava “Marina and the Diamonds” como uma personagem ou uma construção, e eu não achava que o meu eu dos palcos era tão diferente do meu eu do sofá. MATD foi um ótimo veículo que me ajudou a expressar ideias e pensamentos às pessoas. Mas assim como as pessoas constroem personagens online, artistas constroem personagens visuais e, ao longo do tempo, as linhas entre arte e realidade podem se afastar.
Eu não lembro a primeira vez que eu fiquei consciente disso, mas eu comecei a sentir como se houvesse duas partes de mim, eu artista e eu privado, e não havia nada mais para vincular os dois. Eu era uma ou outra, e nenhuma parte da minha personalidade pôde ser presente no mesmo ambiente. Possivelmente porque eu gastei maior parte dos 8 anos passados devota a ser uma artista e isso não deu grandes oportunidades para outras partes da minha personalidade crescerem. Quando uma parte da personalidade domina, outras partes encolhem e a vida pode chegar a uma irreal bidimensional qualidade. Eu me senti confusa quanto ao por que eu não senti mais como se eu estivesse no mundo que eu construí. Eu não acho que meus sentimentos são excepcionais (particularmente no entretenimento), mas eu me pergunto se você já passou por isso em um contexto diferente.
Eu sempre fui interessada em identidade. Nos meus vinte anos, me sentia frustrada por como regularmente minha identidade parecia mudar e mudar até eu começar a considerar a ideia de que uma personalidade fixa poderia não existir. Eu explorei isso em “Electra Heart”, desconstruindo aspectos de identidade feminina em um retrato de arquétipos femininos. Contudo, ano passado me fez reexaminar essa ideia. Não sendo capaz de equiparar minha identidade como um trabalho, projeto ou entidade visível, isso criou muito desconforto e incerteza em mim. O que foi uma surpresa, pois eu pensava que me sentia segura comigo mesma. Como eu posso ter tanta certeza de quem eu sou se eu sou tão suscetível a mudar? Muito do que contribui para a nossa ideia de identidade é descer à pura essência – etnia, classe social, educação, religião, trabalho, relacionamentos – quem somos nós sem essas influências?
Tudo na cultura ocidental parece tão orientado em direção a própria-definição, mas eu esperava ter uma ideia perdida de que você mesmo pode fazer uma vida mais rica. O ano passado não foi cheio de arco-íris – eu sentia como se meu cérebro tivesse sido brutalmente religado – mas deixando ir a uma ideia percebida por mim mesma, resultou em um novo tipo de liberdade pessoal. Minha imagem é nada mais que uma fonte principal de identidade, não significados anteriores como roupas (mais disso num futuro post), marcas de grife + outras coisas que eu subconscientemente usei para me definir.
Mudanças duradouras raramente acontecem da noite pro dia. Ano passado foi dolorido e devagar. Mas eu estou num espaço mais genuíno do que eu estive um ano atrás e eu queria nunca voltar aquele atrofiado jeito de ser novamente. De fato, o único consolo que eu tive nesse período foi poder ler os livros e blogs de outras pessoas que tiveram experiência significante de transição de vida, então eu espero que isso possa ser de ajuda a alguém que está passando por um estágio similar.
A verdade é que eu não estou planejando ir muito adiante agora. Eu estou de fato indo através da minha fase “o que eu deveria fazer com o resto da minha vida”, que muitas pessoas passam nos 21. O que é… legal. Mas eu sou grata por ter a oportunidade de explorar interesses diferentes, e começar o marinabook é uma parte disso. Eu estou começando um curso de psicologia em breve e estou TÃO animada com isso e estou preparada para um novo capítulo. Eu espero que vocês sejam uma parte disso.
Algumas pessoas têm me perguntado sobre música nova e eu sou sempre lisonjeada por ser perguntada. Eu sei que um ano é como uma eternidade no tempo digital. A resposta honesta é que eu não sei quando isso irá acontecer, mas a conexão que eu tenho com a música sempre floresce de uma conexão honesta comigo mesma, e eu confio em meus instintos.
Sempre que voltar ao palco de novo, eu gostaria de sentir como se eu fosse uma soma das minhas partes, não a soma de personagens ou imagens. Essa é a meta. Muita realidade com um pouco de fantasia. Então, marinabook é um caminho para nós ficarmos conectados enquanto eu resolvo isso.
Eu sinto falta de vocês todos!
Apesar de tristes, desejamos sucesso à cantora e que, com o que quer que ela decida que seja melhor em sua vida, que obtenha sucesso assim como teve na música.