O filme que estreia no dia 10 de agosto nos cinemas
Essa semana foi cheio de cabine de filmes. Na quarta-feira assistimos “Diário de um banana – Caindo na estrada” e na quinta-feira, fomos convidados pela Universal para conferir o filme O estranho que nós amamos (The Beguiled) com direção de Sofia Coppola, que estreia dia 10. O longa é uma adaptação do filme de 1971, dirigido por Don Siegel e estrelado por Clint Eastwood.
Sofia Coppola é cineasta, roteirista, produtora e atriz americana. Com filmes como The Bling Ring, Maria Antonieta, Um lugar qualquer e ganhadora de um Oscar por Encontros e Desencontros (Lost in translation); saber que vem filme novo dela é já apostar na qualidade da produção e ter certeza após conferi-lo nos cinemas ou no conforto de nossas casas.
O estranho que nós amamos não foi diferente e, inclusive, já rendeu a diretora o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes desse ano. A adaptação do filme, conta com as atrizes Nicole Kidman, Kirsten Dunst, Elle Faning e o ator Colin Farrell.
Sinopse
A produção se passa três anos após o começo da Guerra Civil americana, na Virgínia, em 1864. A aluna, Amy (Oona Laurence), de apenas 12 anos, encontra um soldado – que teria se ferido em combate e procurado abrigo e esconderijo ao lado de uma árvore – enquanto colhia cogumelos para o jantar. Ela o resgata e o leva para o internato só de mulheres em que vive e que é regido por Martha Farnsworth (Nicole Kidman).
John McBurney (Colin Farrell) acaba ficando tempo o suficiente na escola para conhecer todas as outras – poucas – mulheres que moram por lá, como foi com Edwina, professora interpretada por Kirsten Dunst, e Alicia, uma das alunas vivida por Elle Faning.
O que achamos
Comparado ao filme original, conseguimos ver muitas mudanças feitas por Sofia Coppola tanto em roteiro como em escolhas na direção. O que mais chama atenção em roteiro é a limpeza que ela fez na trama, tornando as mulheres da casa e apenas aquele presente momento como foco da narrativa.
John McBurney também ganha uma sutileza muito maior com relação ao seu caráter, já que no começo ficamos em dúvida se sua presença no internato é algo de se comemorar ou de temer após o seu ferimento começar a melhorar.
No filme original há todo um machismo exacerbado e um momento histórico – apesar dos dois longas passarem, claro, na mesma época – muito diferente. Lá, uma das moradoras da casa é uma escrava que cuida de diversas tarefas dentro da casa e na narrativa de Sofia foi excluída, o que foi um ponto positivo por não colocar – de novo – negros como representação da escravidão nas telas em uma história em que aquilo de nada agregava.
O filme de Sofia Coppola conseguiu virar a página e trazer uma adaptação que demonstra exatamente o contrário do filme original. Após o virada do filme, é possível ver como as personagens mulheres se unem e permanecem assim até o final. Saímos do cinema com a máxima “Women stick together” na cabeça.
A atuação de Nicole Kidman é algo é ser vangloriado nesse filme. Representando Martha como uma mulher forte que é, porém, também tendo seus momentos de fraqueza com relação a presença masculina, ela consegue trazer para à personagem uma ideia de poder e independência que não vemos por aí todos dias. Além dela, a atriz Kirsten Dunst leva Edwina para outro patamar e, assim como foi conversado com outra jornalista após o filme, pode ter sido a peça chave para o final da trama.
Sofia também acerta – e muito – no tom do filme que fica um pouco mais sombrio, brincando com as luzes de um jeito um pouco mais mórbido e com uma ótima fotografia. Outro ponto forte é o figurino. Os vestidos de época desde os mais simples que elas usavam no dia a dia na escola, até os mais bem elaborados usados para um jantar, são extremamente bonitos e contam a história da época tão bem quanto os outros elementos.
Além disso, uma das cenas finais na mesa de jantar e a postura de cada uma das mulheres diante da situação, é memorável e marcará qualquer pessoa que for ao cinema presenciar a bela atuação das atrizes.
O filme possui apenas 1h33min, mas consegue cumprir o seu papel muito bem. Com uma história que precisa ser um pouco mais pensada, ele surpreende nas mudanças e nas melhorias fotográficas, além nas de figurino e de um roteiro muito mais voltado à força e à independência feminina. Além, claro, de reforçar a ideia de que somos todas muito mais fortes juntas.