Espetáculo Quarança denuncia a violência contra a mulher

Peça fica em cartaz até o dia 21 de maio, no Espaço Cultural A Próxima Companhia

No dia 31 de março (sexta-feira) fomos acompanhar a estreia da peça “Quarança” no Espaço Cultura A Próxima Companhia, próximo ao metrô Santa Cecília, na zona oeste de São Paulo. O espetáculo conta a história das mulheres que sofrem no vilarejo de Alereda – uma cidade fictícia que sofre com a seca e que tem uma população vivendo em extrema pobreza.

Em toda a história, encenada por apenas três atrizes, ouvimos e vemos a vida de Rosa Ararim, que perdeu sua mãe por conta da grande violência que ocorre na cidade, uma violência que afeta muitas mulheres! Sofrendo a opressão do exército de homens liderado por Sô Déo, as mulheres são estupradas e não têm nem direito a beber da pouca água que consegue-se achar na cidade, sem que antes ela passe pelo tal homem. Oprimidas, com medo e perdendo cada vez mais mulheres, elas vivem até que Rosa Ararim se enche de coragem para conseguir enfrentar e mudar a realidade em que viviam.

Em toda a duração da peça, que chega a ter duas horas de duração, as três atrizes revezam entre si os papéis e nos deixam com a ideia clara que somos todas uma só. Todas mulheres com um pouco da coragem e da vontade de mudar o mundo machista à nossa volta. Uma verdadeira crítica ao estado que vivemos todos os dias, umas mais e outras menos, mas ainda assim, sofremos.

Peça Quarança Sao Paulo — Foto: Divulgação

A peça tem como inspiração a vida e os feitos de Aracy Guimarães Rosa, que em meio à Segunda Guerra Mundial, ajudou incontáveis famílias de judeus a entraram no Brasil e fugirem dos campos de concentração de Hitler, a partir de seu trabalho como chefe na sessão de passaportes no Itamaraty, em Hamburgo, na Alemanha. Além disso, ela foi esposa do escritor Guimarães Rosa, e o livro “Grandes Sertões: Vereda”, escrito por ele, fora dedicado à ela e com indícios de que a “guerreira Diadorim” tenha sido inspirado nela.

“Quarança” vem do verbo “quarar a roupa”, que significa clarear a roupa pela exposição à luz do sol e, na história, as mulheres que falecem são quaradas, assim como a os crimes contra a mulher que, ao menos na peça, também são expostos à luz do sol.

O elenco é formado por Juliana Oliveira e Paula Praia, de A Próxima Companhia, e pela atriz convidada Lívia Lisbôa. Luciana Lyra é quem assina a dramaturgia, encenação e direção.

Em cartaz até o dia 21 de maio, a peça tem ingressos entre R$ 10,00 e R$20,00. A classificação etária é de 14 anos, por apresentar de maneira forte as questões que aborda.