Entrevistamos a cantora do Rio de Janeiro que encantou com seu EP “Mergulho”
Gabriela Garrido é uma cantora de 21 anos que, ao desprender-se de seus medos e receios, gravou seu primeiro EP com a ajuda de amigos e parceiros. A produção fez com que ela crescesse, principalmente, como artista e a entrega que ela traz nessas quatro músicas, são de trazer ansiosidade para novas faixas que, segundo ela, estão por vir ainda esse ano.
“Aprendi que decidir lançar um primeiro trabalho, ainda mais como artista solo, requer uma grande dose de auto estima. Foi difícil de alcançar. Mas quando se dá esse passo tudo fica mais prazeroso”
Com influências que vão desde as clássicas bandas de rock da adolescência, Cazuza e Cássia Eller, até Paramore, Tegan and Sara, Yeah Yeah Yeahs e o rei do techno brega atual, o cantor pernambucano, Johnny Hooker (desse que ela inclusive faz questões de incluir covers em seus shows), Gabriela traz em seu EP uma beleza sincera em suas canções, com a voz doce e forte que canta em ritmo que mistura o pop, mas que fica muito bem ambientada na MPB.
Veja abaixo a entrevista completa com a cantora e compositora:
E.T.C.: Como você começou o interesse por música?
Gabriela: Desde bem pequena. Tive a sorte de estudar em colégios que ofereciam aulas e atividades relacionadas à música, então pude explorar isso desde criança e sempre foi evidente que era o que eu mais gostava de fazer na escola. A minha casa nunca foi um ambiente muito musical por parte dos meus pais, mas pude beber na fonte da família através de três cantoras que vieram antes de mim: minha avó, minha tia e minha prima. Sei que crescer vendo essas mulheres cantando, mesmo que de vez em quando, foi super importante para que eu tivesse coragem de começar a fazer isso também.
E.T.C.: E quando decidiu que tinha que trabalhar com isso?
Gabriela: As coisas começaram a ficar mais sérias quando eu entrei numa banda durante o meu ensino médio. Eu tinha uma obsessão por bandas de rock e quando meus amigos comentaram que precisavam de alguém pra cantar num projeto deles eu não hesitei em tentar. Começou como brincadeira, mas a gente foi gostando muito do que estava fazendo, era divertidíssimo. E as pessoas na escola pareciam estar gostando também. Foi aí que eu comecei a escrever minhas próprias músicas e a me apresentar. Acho na verdade que foi o palco que me pegou de vez. Foi impressionante como eu comecei a me sentir em casa quando a gente fazia show. O nervosismo foi sumindo e eu pude experimentar uma felicidade nova e empolgante compartilhando as minhas canções.
E.T.C.: Quais foram os maiores desafios na gravação do primeiro EP?
Gabriela: Acho que o maior desafio foi me convencer de que eu era capaz. Aprendi que decidir lançar um primeiro trabalho, ainda mais como artista solo, requer uma grande dose de auto estima. Foi difícil de alcançar. Mas quando se dá esse passo tudo fica mais prazeroso. Contei com ótimos amigos que me ajudaram em todo o processo e, mesmo com todas as dificuldades, foi um bom começo. Não tive todo dinheiro que queria para produzir o “Mergulho” – o que foi outra dificuldade para se superar – e às vezes me sentia insegura durante o processo. A gente fica enchendo nossa cabeça de besteira e se perguntando se é realmente bom o bastante, se alguém vai de fato gostar, quando na verdade compartilhar um trabalho é uma grande libertação pessoal. Faz um bem danado e só dá vontade de fazer mais!
E.T.C.: Onde você tira inspiração para as suas letras?
Gabriela: Amores, conflitos, medo, coragem… é difícil falar sobre essas coisas. Acho que quando as letras estão prontas elas nos ensinam muita coisa que a gente não percebe antes, enquanto estamos compondo. Mas eu escrevo o que precisa ser escrito. O que me deixa inquieta, que faz o coração bater mais rápido, seja de um jeito bom ou ruim.
E.T.C.: A gravação do clipe de “Como sempre” foi em uma viagem entre amigos. Quando surgiu a ideia?
Gabriela: Ultimamente eu percebi que o EP precisava de material audiovisual, que essas letras poderiam ser traduzidas e exploradas de diversas formas que ainda não tiveram a oportunidade de ser. “Como Sempre” é a única música de voz e violão do EP e acredito que ela tem uma simplicidade muito especial. Então, enquanto eu pensava em ideias para ela, lembrei que tinha essa viagem chegando, acompanhada de pessoas muito importantes pra mim. Achei que seria a cara da música gravar um clipe bem simples dos nossos momentos, e que ia ser honesto e divertido também (além de ser perfeito no quesito financeiro). Foi melhor do que a gente esperava!
E.T.C.: Você traz suas letras, e o clipe também, para um lado muito íntimo seu. Você acredita que o trabalho musical sincero aproxima você do público?
Gabriela: Com certeza! Na verdade, se não for pra ser assim, não é pra ser. Acho que na arte a gente precisa se mostrar por inteiro, em toda a nossa sensibilidade. É assim que a gente toca o outro e realmente faz uma diferença.
E.T.C.: Na produção do EP você teve auxílio de banda ou foi só você mesma?
Gabriela: Tive auxílio de três ótimos músicos (e amigos): Eric Camargo e Pedro Tentilhão, da banda Baltazar, e Lucas Branco. Fizemos juntos os arranjos de todas as canções.
E.T.C.: Quais são seus objetivos para esse ano?
Gabriela: Vou lançar um novo disco no segundo semestre desse ano, com um olhar já mais confiante, resultado de todo o aprendizado que o “Mergulho” me deu. Mas até lá ele ainda será bem mais explorado, com clipes, versões, tudo que der pra fazer. Ainda quero que ele atinja muitos ouvidos e almas!