Encontrar uma pessoa para amar e compartilhar a nossa vida, é sorte. Mas, e se pudermos encontrar duas pessoas ao mesmo tempo?
Comecei a assistir a série original Netflix “You, Me, Her” por indicação da minha prima (Obrigada, Jaque!) e, assim que comecei, vários sentimentos e questionamentos começaram a surgir na minha cabeça.
A série criada por John Scott Shepherd, tem Priscilla Faia (Izzy Silva), Rachel Blanchard (Emma) e Greg Poehler (Jack) como atores principais de uma estória de amor que mexe com todas as nossas concepções de relacionamento amoroso – daqueles com amor de verdade – e nos faz pensar entre o certo, errado e duvidoso, e como nada disso importa.
O ponto inicial da minha confusão mental foi por querer assistir com o áudio original e legenda em francês para ver se aprendo alguma coisa. Com isso, levei uns dez minutos para começar a entender o que estava acontecendo naquela história. Vamos a sinopse e aos primeiros acontecimentos.
PODE CONTER SPOILERS
Emma e Jack são casados e estão passando por uma típica crise de casal de quem está em um relacionamento sério há muito tempo. Os dois começam a série fazendo uma terapia de casal para tentar reacender a paixão entre os dois depois da frustração de tentarem e não conseguirem ter um filho.
Já perto dos 40 anos, os dois estão querendo voltar a tentar conceber uma criança enquanto pretendem também sentir desejo um pelo outro (porque mesmo se amando, as coisas podem ficar um pouco frias, não é mesmo?). E é nesse ponto que as coisas começam a ficar agitadas.
Com o conselho de seu irmão, Jack resolve chamar uma acompanhante para cortejá-la e tentar recuperar sua autoconfiança para que, assim, pudesse melhorar seu desempenho com a esposa. O que Jack não esperava era que ele iria gostar da tal acompanhante, Izzy Silva, passar a querer vê-la ainda mais e que, ao confessar os – até então – só beijos com a moça para a esposa, ela iria não só se encontrar também com ela, como beijá-la e também fantasiar com ela.
Conseguiu entender? Pois é, na primeira impressão nem a gente!
A partir disso e, com mais alguns acontecimentos e preocupações durante a história, os três começam a se relacionar. Ainda com a desculpa de um contrato com uma acompanhante para salvar o seu casamento, os três, aos poucos, percebem que estão apaixonados uns pelos outros. É isso mesmo! É um ménage amoroso de verdade.
Vendo isso se desenrolar – não vou contar mais nada para não comprometer as surpresas da estória – comecei a pensar se esse tipo de relação realmente seria possível na vida real. Se alguém já viveu algo parecido, se alguém conseguiu manter a paixão a três por um longo período de tempo. Será que é possível que nossa “metade da laranja” na verdade seja um terço?
A estória me pegou completamente até porque eu passei a torcer para que esse relacionamento louco, e muito fora da curva, desse certo. Torci para que Emma ficasse com Izzy e Jack, para que Izzy ficasse com o casal e Jack com as duas mulheres – assim como torço para qualquer casal de um filme do Nicholas Sparks. Mas não pude parar de pensar que no final – que na minha concepção, não demoraria a acontecer – alguém terminaria ferido.
Sim! Pensei nisso e lembrei daquele caso típico de que se a gente não tentar fazer funcionar e não nos deixar levar pelas nossas vontades, nunca saberíamos o que poderia ter acontecido. E lembrei também de que mesmo quando as coisas acabam e a gente se machuca, e sofre, e chora, e come sorvete direto do pote, a gente se cura e depois lembra com carinho de momentos bons que tivemos no passado com aquele cara ou com aquela mulher.
Em suma, “You, me, her” me fez lembrar que em termos de paixão e amor não existe certo ou errado em um relacionamento hétero, nem em um relacionamento LGBT, nem em um relacionamento a três (quatro, cinco, é você que escolhe). E que tentar nos privar de qualquer coisa que possa nos fazer feliz é um erro com o qual a gente não pode se deixar levar. Portanto, vivamos e sejamos felizes (pelo tempo que for, com quem quer que seja).