A construção que atualmente recebe exposições de arte contemporânea, tem origem desconhecida e um passado coberto por hipóteses
Há muitas incertezas ao redor da Capela do Morumbi. Não se sabe a data da construção, não se sabe a quem pertenceu, não se sabe por que a obra não foi finalizada, por que há buracos nas paredes e nem mesmo o motivo das ruínas estarem ali, em um dos morros do Morumbi; e mesmo sendo chamada de capela, nem ao menos se sabe se o local foi, de fato, uma pequena igreja, já que não há registros que comprovem isso.
Mas o passado incerto e a ausência de documentações sobre a origem do local não foram suficientes para isolá-lo. Ao contrário! As incertezas, os mistérios e as hipóteses atraem os mais curiosos, que se deparam com ruínas antigas – transformadas em uma capela – que são comprovadamente devotas somente à arte lá exposta.
Antes da arte
Embora as ruínas do Morumbi sejam antigas, de antes de 1940 (não há data certa), a arte só chegou ao local em 1980, quando a Capela passou a receber atividades culturais e foi, enfim, aberta ao público. Atualmente o espaço é destinado a exposições de arte contemporânea, que são emolduradas pela simples e bela construção.
Antes disso, porém, muita coisa aconteceu, e muitas hipóteses são consideradas.
As ruínas, que ficam dentro do terreno da antiga Fazenda do Morumbi, passaram por uma grande intervenção no século XX, quando o arquiteto Gregori Warchavchik foi chamado para fazer a reconstrução do local, a fim de valorizar ainda mais os terrenos. Com isso, as ruínas de taipa de pilão foram transformadas na Capela do Morumbi, com o uso de alvenaria e tijolos, tal qual a conhecemos hoje.
As hipóteses
Contudo, as cruzes que são encontradas atualmente no local, assim como a aparência de igreja, só foram dadas à construção por conta de duas hipóteses que já existiam na época. Uma delas, é que as ruínas serviam como capela consagrada a São Sebastião dos Escravos, já a outra, é que – além ser uma capela – as ruínas teriam sepulturas destinadas aos proprietários da Fazendo do Morumbi.
Há ainda uma terceira hipótese, e a única que vai contra a ideia de capela, que cogita a possibilidade do lugar ter sido apenas um paiol, que nada mais é do que um depósito de pólvora, armas e outros instrumentos.
Sem documentos que comprovem essas hipóteses, resta visitar a chamada Capela do Morumbi, ver um pouco de arte, e tirar suas próprias conclusões!
Curiosidades
- As ruínas da Capela foram construídas com a técnica de taipa de pilão, muito comum na cidade de São Paulo entre o século XVI e a metade do século XIX. O curioso é que a taipa de pilão utiliza desde barro prensado, até fibras vegetais e sangue animal.
- O afresco que se encontra no interior da Capela, e que representa o batismo de Cristo, tem uma característica incomum para essa cena: os anjos foram pintados com olhos puxados e cores que remetem aos índios. A pintura foi realizada em 1979, pela artista pernambucana Lucia Suanê.
- A Capela do Morumbi faz parte do Museu da Cidade de São Paulo, que é composto por 13 construções históricas, administradas pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH).
- Há relatos de que, antes mesmo das ruínas serem transformadas em Capela, as pessoas se reuniam no local para contemplar a vista que se tinha de lá, comparada à de um mirante. Atualmente, a vegetação cresceu e, junto com isso, a presença de muitas casas impedem a visão de uma bela paisagem.
Quer conferir?
A Capela está localizada na Av. Morumbi, nº 5387, no bairro do Morumbi, em São Paulo. Seu horário de funcionamento é de terça-feira a domingo, das 9h às 17h, e a entrada é franca.
Para visitas em grupo é preciso fazer o agendamento através do seguinte telefone: (11) 3772-4301.
Dica: como acesso à Capela é um pouco restrito, principalmente para aqueles que moram distante do bairro do Morumbi, a dica é aproveitar o passeio para conhecer a Casa de Vidro, da arquiteta Lina Bo Bardi, que fica praticamente ao lado da Capela, no mesmo quarteirão.
Aproveite!