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Cainã: beleza da letra à melodia

A música brasileira que busca traduzir sentimentos

Cainã é um artista de Linhares (ES) que nasceu para ser reconhecido pelo país inteiro. As melodias que nos fazem viajar e as letras poéticas que nos inspiram, nos fizeram querer conhecer muito mais da história do dono de “Morador do Mato”, primeiro e – até agora – único álbum, e de como foi o processo dele desde a primeira letra até agora.

Em entrevista, ele nos contou histórias que dão para escrever um livro de tão encantadoras que são. E para que você se encante também, nós damos à palavra ao Cainã.

“A música sempre esteve muito presente na minha vida, a arte em geral!” Cainã vibra arte. Ainda na escola, foi um dos responsáveis em fazer de um mero trabalho, um evento anual, o sarau. Mas, depois de fazer um semestre de teatro na faculdade, ele sucumbiu às pressões da sociedade de conseguir um trabalho e resolver fazer uma faculdade não muito voltada á música, mas também ali, se encontrou novamente no caminho. “Sou formado em design de jogos e comecei a trabalhar na área de trilha sonora para games. Eu percebi que a trilha sonora me deu ferramentas e que era possível produzir coisas minhas na área musical”.

Eu me toquei que a música era realmente o que eu mais gostava. Uma manifestação de criatividade e expressão que eu mais me sentia completo. Foi o tempo de eu me enxergar como produtor, cantor e artista. E, assim, comecei a produzir “Morador do mato”. Comecei a estudar pela internet e o último freelance que fiz na área de games, investi para transformar um quartinho velho que tenho em casa – inclusive estou sentado nele agora – em um estúdio caseiro”, completa.

“Eu olhei minhas composições que estavam guardadas e comecei a dar valor de verdade. Mas como nem tudo começa da noite para o dia e ele precisava de uma banda para tornar aquilo viável, Cainã começou a pensar em pessoas que poderiam entrar no projeto com ele. Na busca de um diferencial, ele chamou duas amigas que haviam participado de saraus com ele na escola. Maressa (bateria) e Heviny (baixo) aceitaram o convite e no final de 2014 tocaram com ele na Virada Cultural para artistas de Linhares após somente duas semanas de ensaio.

“A formação inicial seria nós três e ponto”. A banda estava com três integrantes, mas em um imprevisto, Dan Morellato (irmão de Cainã) integrou a banda para substituir Heviny que teria um compromisso no dia da Virada Cultural. Como ela conseguiu ir no final das contas, tocaram os quatro, sendo Dan no baixo e Heviny no violino.

“O primeiro show foi incrível! Tivemos ali a consagração do meu trabalho. É uma coisa fantástica tocar uma música exclusiva, uma coisa sua”.

O CD começou a ser gravado em janeiro e teve o lançamento um ano depois do primeiro show, no dia 19 de de dezembro de 2015. Logo depois, eles participaram do concurso EDP Live Bands, foram longe – inclusive foi onde os conhecemos – mas depois de pouco tempo anunciaram a saída das duas integrantes mulheres por conta da dificuldade que elas tinham também por morarem em cidades diferentes (elas moram em Vitória).

“A nova formação sou eu na guitarra e voz, o Dan também na guitarra, o Mathias no baixo e o Hugo na bateria”

Perfeccionista, Cainã é daqueles que querem tudo nos mínimos detalhes e no show de lançamento do álbum, chegou a dizer que não conseguiu se entregar à sensação por estar muito nervoso e diz não ter tido uma boa performance. Mas, apesar disso – e mesmo não acreditando muito nesse “mico” dele – Cainã é extremamente espontâneo quando se trata de escrever suas letras. “O primeiro disco foi todo composto por mim porque ainda não existia banda. As músicas geralmente vêm até mim, mas sempre tem um foco de inspiração. Tem sentimento, seja com relação à uma pessoa ou à necessidade de contar uma história. É como se a gente tivesse traduzindo algo do mundo sentimental em forma musical”.

 

O clipe de “Céu”, de ‘Mudança” e todas as nossas produções até o momento, são resultados de esforços no estilo “Faça você mesmo”. A gente fez tudo com o que tinha. Ouve investimento, mas tudo dentro da realidade. “Morador do Mato” é o primeiro passo em busca de um sonho. Está longe de ser um disco perfeito, mas toda essa sonoridade caseira trazem identidade. Retrata o nosso processo.

“‘Morador do Mato’ é o significado de Cainã em tupi-guarani e o conceito do disco é embasado nisso. Eu fiz uma alusão ao início da minha vida. O Cainã pequeno, o morador do mato. Na infância, eu morei em uma casa de tijolinho na praia. A casa foi construída de forma que não tirassem nenhuma árvore do terreno. Eu cresci nessa casa! E esse início de Cainã na vida tem muito significado para mim. Por que não retratar isso no começo da vida profissional? Da carreira, do sonho, da vontade de viver de música? A casinha que está dentro de mim na capa do disco é a casinha onde eu morei na infância. Está tudo conectado. 

Tenho muito orgulho de todo trabalho e todo suor. Acredito muito nessa expressão e eu amo a minha música; amo as pessoas que estão comigo! Enquanto isso nortear o nosso trabalho, a gente vai estar livre de arrependimentos e livre de fazer algo sem significado.

Cainã acredita muito no poder da internet como plataforma para descobrir novas músicas e para interagir com os artistas e resolveu lançar vídeos em seu canal com os áudios separados dos instrumentos em cada música do álbum. “Eu e meu irmão sempre gostamos muito de Red Hot Chili Peppers, tanto que tivemos inúmeras bandas covers. Nessa época, meu irmão achou isolados os áudios das guitarras das músicas deles e era demais porque a gente via a execução do cara e tocávamos com aquilo. Era a sensação de tocar junto que me deixava em êxtase! Eu tocava e não via o tempo passar. Eu já tinha pensado em colocar os áudios no YouTube e acabou que coincidiu de precisarmos de integrantes. Foi o timing perfeito para uma ideia que eu já queria fazer”.

Agora, Cainã tem planos de levar sua música a vôos mais longos e inclusive trazer a identidade de banda e conjunto ao nome. “Ao mesmo tempo que a gente está se formatando como banda e com o nosso trabalho, já penso em coisas novas. Minha vontade nesse novo trabalho é fazer com que ele seja menos costurado, mais inteiriço, seja uma coisa de uma vez. A gente vai sentar, reunir, compor e gravar. Os planos agora são esses: ensaiar, meter o pé na estrada e mostrar nossa arte pro mundo!, finaliza.

Preferidas do E.t.c: Céu, Na Coxa, Morador do mato, Mudança e Conto de Naná. (mas escutem o álbum inteiro!)

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