Tiramos um tempo em nossa viagem para o Rio de Janeiro, no mês passado, para conhecer alguns cariocas que se juntaram para formar uma banda. Agora, eles estão trabalhando em novas músicas e fazendo as oportunidades surgirem para levar o som autoral para outros lugares do país – e quem sabe? – do mundo.
A Sound Bullet, define sua banda como indie rock, mas não gostam de rótulos. Eles deixam claro que a melodia deles tem diferentes elementos desde jazz até math rock. E foi em meio à uma praça, que sentamos para conhecer os donos desse som. Fred (baixo/vocal), Guilherme (vocal/guitarra), Henrique (guitarra) e Pedro (bateria), estão trabalhando há um ano – após saída do antigo guitarrista, que seguiu para projetos pessoais depois de 5 anos de banda – e nos contaram mais sobre tudo que rolou até agora e o que podemos esperar deles no futuro.
A música
“Eu cresci ouvindo muita música em casa por conta da minha mãe. Ela escutava muito Kid Abelha, Alanis Morissette, etc. Ela tocava violão também e, por isso, eu comecei a aprender com algumas revistas de cifras que ela tinha em casa”, diz Guilherme.
O guitarrista Henrique, que agora está estudando mestrado em música, disse que desde pequeno escuta muita música. “Meu avô era de orquestra e tocava trombone. Conforme fui crescendo, fiz aula de violão, faculdade de música, pedagogia em música e agora estou fazendo mestrado”.
Já Fred admite que não gosta muito da influência musical que teve por parte de mãe e acabou seguindo mais o gosto paterno. “Desde pequeno escuto muito samba por causa da minha mãe, mas só gosto mais de Gonzaguinha. Já meu pai ouvia rock progressivo e me mostrou várias bandas de metal. Pouco depois eu comecei a tocar baixo e ele chegou a me ensinar a tocar guitarra por uns três meses”, finaliza Fred.
E o baterista, como não estava apresente, teve a fama levemente difamada pelo Fred e pelo Henrique. “E o Pedro não é músico. Ele é o baterista! rs. Como o Pedro era criança quando começou a tocar com a gente, ele começou aprender conosco. Não que ele tenha aprendido bem”. É tudo brincadeira viu, Pedro!
O rock no Rio de Janeiro
“A cena do rock do RJ é muito problemática com relação a espaços e público. Nós temos um problema muito sério aqui que é de transporte. Se formos tocar na Barra da Tijuca, ninguém que é da zona sul vai. Se a gente vai tocar aqui, ninguém de lá vem. Na zona norte também tem muita dificuldade das pessoas irem porque os lugares não são próximos às linhas”, explica Fred.
Henrique completa: “Além disso, o metrô fecha às 22hs e é muito difícil um show que acabe esse horário. O Imperator mesmo – que é um lugar super cotado, que todo mundo quer tocar, todo mundo gosta de ir lá – é um lugar completamente fora de mão para todo mundo. Não tem uma receptividade estrutural que envolve a cidade”.
2015 – Ano para celebrar
“O ano passado tivemos uma sequência de acontecimentos que foram muito importante para gente. Tocamos num Festival na praia de Niterói, onde abrimos para o Andy Summers, guitarrista do The Police; gravamos a música “When it goes wrong” no Converse Rubber Tracks na Toca do Bandido – um dos estúdios mais renomados do Rio; depois tocamos no Imperator e mais tarde fomos para São Paulo tocar no Pixel Show”, diz Fred.
Novo disco
“Ele é mais uma evolução do trabalho antigo. No outro disco, nós tivemos muito o trabalho de entender e julgar a forma como a sociedade atua. Ele é um pouco crítico e mais introspectivo talvez. No novo trabalho, a gente quer trazer mais mensagens com o sentido de como o que acontece fora reflete na gente por dentro. Nós falamos de comportamento e outros assuntos até mais reflexivos e introspectivos que esse trabalho anterior”.
“Em relação à parte instrumental da música, a gente trabalhou diversos gêneros que gostamos, mas sempre colocando a nossa identidade no que estamos fazendo. A identidade da banda continua, mas nós evoluímos”, esclarece Guilherme.
“O mais legal é que a gente está gostando muito do processo. Se tem que gostar? A gente está gostando!”, completa Henrique.
A receptividade fora do Rio de Janeiro
“De alguma forma é muito diferente de tocar aqui, mas ao mesmo tempo, cada momento que tocamos fora é diferente. Quando a gente toca fora da cidade do Rio de Janeiro, em Petrópolis, por exemplo, que temos um público nosso, é outra coisa! As pessoas estão lá especificamente para ver a gente”.
“É diferente, mas é muito positivo fazer coisas como ir para São Paulo e tocar no Pixel Show. Eles abraçaram muito a gente. No Spotify, a cidade que mais ouve Sound Bullet é São Paulo. E é engraçado porque fomos só três vezes para lá, sendo que uma foi em Sorocaba”.
“Tocar fora do Rio é bom porque a gente mostra o nosso trabalho de uma forma quase que virgem para as pessoas. No Pixel Show, as pessoas nem sabiam que ia ter um show e a receptividade foi absurda! Recebemos muitas mensagens, likes no Instagram, no Facebook… Para um show de uns 25 minutos em um evento que não tem nada a ver com música, ganharmos 50 likes em tão pouco tempo, foi incrível”!
O que vem em 2017?
“Pretendemos lançar um single antes do CD completo, provavelmente em janeiro. Depois, o CD provavelmente – se tudo der certo – sai em março. A partir disso, queremos lançar bastante clipe desse novo trabalho e conseguir fazer turnê para ir para os estados do Sul”.
“Queremos tocar no Brasil inteiro, mas o planejamento que temos por enquanto é de ir para o Sul. Depois, queremos subir para o Nordeste e fazer o máximo de estados que conseguirmos em 2017. Quem sabe no futuro a gente não consiga ir para fora também, acredito que temos potencial para isso”.
Favorita E.t.c.
O acústico de “Amanhã ou depois” é uma versão linda da original que está presente no EP “Ninguém está sozinho”, lançado em 2013. Comece por essa e se convença a escutar todas as outras.
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