Amar, questionar, sentir e viver são os temas mais presentes nas músicas do grupo, e formam o que eles chamam de “guia de letra” de suas composições
Tudo começou por diversão na época da faculdade, em 2009, quando a ideia era fazer um hardcore para se divertir. Depois de um ano nessa brincadeira, dois integrantes desistiram, mas Rafael Barnez resolveu continuar, dessa vez, com uma proposta mais séria e com outra formação, mais madura e bem estruturada. Nascia então a banda atual, com André Alfinito (baixo e vocal), Rafael Barnez (guitarra e vocal), Filipe Ragazzini (bateria) e Vitor Antunes (teclado e vocal), que se juntou ao grupo em 2013.
O nome, no entanto, não mudou. Puerto Madero remete sim à primeira história da banda, que tinha um integrante descendente de argentinos, exatamente da cidade portenha que deu nome ao grupo musical. Porém, após as alterações de 2010, Barnez, Alfinito, e Ragazzini avaliaram uma possível mudança de nome, mas descobriram um fator que pesou muito na decisão final. “A todo o momento Puerto Madero recebe embarcações do mundo inteiro, com diversas propostas e diversas histórias, isso tudo conversa muito com o nosso jeito de compor, pois fazemos quase uma retenção do que está à nossa volta e levamos para nossas letras”, explica Barnez, que descreve todos da banda como ouvintes assíduos e perceptivos de tudo que acontece no dia a dia.
Além desse importante motivo, o guitarrista fala que os fãs também contribuíram com a decisão de se manterem como Puerto Madero. “Já tínhamos um público, pequeno, mas que seguia a gente, então não quisemos gerar uma complexidade desnecessária de mudança de nome”, conta Barnez.
Com o nome antigo e com novos integrantes, o projeto que começou por brincadeira deu certo. Hoje, seis anos depois, eles continuam firmes e fortes e estão trabalhando o segundo álbum da banda, chamado “Hipersensibilidade”. O CD tem 10 faixas, foi lançado no fim de 2015 e contou (pela primeira vez!) com a participação dos quatro atuais integrantes. “Fizemos as composições desse segundo álbum todos muito juntos. Tem um pouco de cada um, está bem bacana”, comenta André.
E para curtir melhor o disco, que tal começar pelas músicas que cada um dos integrantes mais gosta de tocar nos shows? Olha a lista aí:
André – Viver pra crer (faixa 7 do CD)
Barnez – Sob controle (faixa 3)
Filipe – A luz que entrou no mar (faixa 6)
Vitor – Escolhas (faixa 8)
Coração de Puerto Madero
Se o coração de um porto está dentro das grandes embarcações, o coração dessa banda está em suas composições, e no que eles chamam de “guia de letra”. É através do amor, do sentimento, das vivências e até dos questionamentos diários que eles se inspiram e produzem sons ligados aos acontecimentos da vida. Portanto, de uma forma ou de outra, tudo que eles criam, está ligado a esses quatro temas, e Barnez revela o porquê: “Traçamos isso como uma proposta de mensagem da banda. Então sempre tentamos encaixar nossas melodias dentro desses grandes grupos”, diz.
Quanto à composição das músicas, a única regra entre eles é ser livre, já que não há um ritual fixo de composição. “Não exigimos que um ou outro apareça com uma letra pronta, não temos isso. Gostamos muito de compor em ensaio, às vezes adiantamos algumas coisas como lição de casa, ou simplesmente criamos durante nossos encontros mesmo. Deixamos rolar e as músicas acabam saindo”, conta André, que é complementado pelo tecladista e também vocalista Vitor: “Foi assim que fizemos o novo CD, as 10 faixas saíram dessa maneira”.
Da composição à roteirização
E é nesse clima saudável, sem pressão, entre amigos, mas com muita responsabilidade, que a banda também produz seus videoclipes. Ao todo já são três, todos disponíveis no Youtube. E engana-se quem acha que eles só cantam e tocam. Grande parte das sugestões e ideias de clipes vieram dos próprios integrantes em conjunto com produtoras. “Em todos os vídeos que fizemos participamos ativamente. Primeiro porque gostamos muito disso e, segundo porque somos formados em comunicação, o que nos dá mais afinidade com esse processo, principalmente com o roteiro”, comenta Barnez.
Mesmo com todo esse interesse e certo conhecimento da área, eles contratam produtoras para auxiliar na direção, nas filmagens e em outras etapas, mas as ideias finais (que prevaleceram nos vídeos já produzidos) sempre foram as sugeridas pela Puerto Madero.
No caso do clipe “Não quero mais”, o mais famoso da banda, eles conquistaram até um prêmio pelo olhar crítico que tiveram. André, que interpretou o galã das cenas, comenta como conseguiram isso: “Pensamos em um roteiro que fizesse o anti-herói vencer na vida. No caso, brincamos um pouco com os estereótipos e colocamos um gordinho que conseguiu conquistar uma bela menina”. Mesmo em um tom engraçado, a proposta deles, mais crítica e provocante, funcionou tão bem que foi premiada na 4º edição do Fest Clip, em 2013.
Agora, o mais recente clipe da banda, “De quem andar”, já possui mais de 18 mil visualizações no Youtube e, em breve, terá a letra da música comentada aqui no site do ETC, pelos próprios compositores e roteiristas. Enquanto não revelamos o que está nas “Entre Linhas” dessa música incrível, curta o clipe!