Por Jaqueline Oliveira*
“No primeiro dia, Adão e Eva estavam nus e não se envergonhavam”, além de dita por um sacerdote, a frase é bem mais do que, apenas, o sentido religioso em Normandia Nua. O filme em si é aquele que te tira do sério, mesmo se tratando de um assunto sério. Numa comédia elevada à inteligência, o filme executa bem a ideia de contar sobre uma pequena cidade pela ótica dos moradores. Normandia Nua é bem mais que uma história sobre a vida desse cidadãos e da cultura local, é um escape humorístico à realidade difícil de camponeses e agricultores, à iminência de reação negativa com a chegada de algo novo e a ruptura dela.
Um dos melhores pontos do filme é que cada personagem tem sua voz entoada com suas particularidade (qualidades e defeitos) e sem, aparentemente, precisar mudar para se adaptar ao roteiro. Permanecem ali, fiéis e sinceros o tempo todo. Tudo tem um significado e uma ponte poética que está entre a realidade e a ficção, traduzindo muito bem o sentimento que a história quer passar: como é inevitável termos em nós repressões que em nada nos favorece, e como podemos ser tão ingênuos ao tratá-las, mesmo que inconsciente e diante de problemas.
É um filme que faz da Mêle sur Sarthe, a pequena aldeia da Normandia, o palco da realidade em lentes para o mundo, contando sobre pessoas simples e seus sentimentos, quando postas em desafios, dos mais diversos, como posarem nuas.
Mesmo assim, o filme esbarra no erro quando coloca uma família parisiense, com a filha tendo primeira voz ao narrar, logo no primeiro ato. Depois, as tramas dos outros personagens emergem e a deixam de lado, o que pareceu desconexo. Mas em sua totalidade, e com a linguagem francesa, o filme é divertido e emocionante, num humor cheio de referências.
Em sinopse, Normandia Nua conta a história dessa pequena aldeia que enfrenta uma crise econômica e faz com que o prefeito da cidade aproveite a passagem de um importante fotógrafo pela região para propor uma solução: toda a população teria que posar nua para o artista, como uma forma de protesto.
Com um elenco que tem nomes como François Cluzet, François-Xavier Demaison e Toby Jones, o filme é assinado por Phelippe Le Guay.
Mais de Normandia Nua
Diretor Philippe Le Guay
Em entrevista à A2 Filmes, o diretor disse que levou quase 4 anos para desenvolver esse projeto. Para ele, Normandia Nua é ode ao coletivo, e que o estranho no campo é que a nudez não existe. “Raramente vemos camponeses em vestimentas diferentes de botas e calças. Enquanto na cidade, o corpo é explorado sob todos os ângulos, erotizado e banalizado através da publicidade, no campo continua sendo um tabu. Não que os camponeses sejam puritanos, mas seus corpos permanecem um baluarte”, explica.
Já sobre a escolha por François Cluzet, Le Guay o descreve como uma mistura de charme e intensidade. “Isso combina com um sentimento de raiva e um lado infantil. Ele é mítico no set e, incansavelmente, lê o texto e se aproxima, questiona…”, afirma.
Entre as referências para realizar Normandia Nua, Le Guays coloca “Depois do Vendaval” (1952), de John Ford, e “A Mulher do Padeiro” (1938), de Pagnol.
Ficha Técnica
Título | Normandie nue (Original) |
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Ano produção | 2018 |
Dirigido por | Philippe Le Guay |
Estreia |
21 de Fevereiro de 2019 (Brasil)
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Duração | 105 minutos |
Gênero | |
Países de Origem |
França
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