Resenha crítica de Aquaman – há esperança para a DC nos cinemas

Por Jaqueline Oliveira

Não é que os outros filmes sejam horríveis, mas dadas às circunstâncias de outras obras sobre heróis ganharam títulos merecidíssimos e, por esta razão, a comparação ser inevitável, com tudo que pode sobre seu universo e todas as primeiras características possíveis dele, Aquaman ressurge à glória da DC Comics nas telonas. “Mulher-Maravilha” (2017) já tinha sido cotada para ser a pedra angular para tal mudança nas produções da editora que agora, com este filme e com os próximos lançamentos, como “Shazam” que já surpreendeu em trailer, e “Aves de Rapina (e a Fantabulosa Emancipação de Uma Certa Arlequina)” que está em produção pela Warner,  aos poucos se consolida e começa a nos mostrar um conteúdo mais exigente para olhos cada vez mais ambiciosos e que já não conseguem se firmar em velhas fórmulas.

Na DC, o que funciona é o peso da responsabilidade e a aceitação dela de cada personagem, transformando-os em verdadeiros heróis. A fórmula de maior potencial em todo o universo da editora é essa grandiosidade dada à eles, que foi trabalhada de forma massante em alguns dos principais títulos, deixo como exemplo “Batman vs Superman: A Origem da Justiça” (2016), que divide opiniões até dos mais experts no assunto. Se esta grandiosidade tiver um espaço com dosagem certa e for bem aprimorada, sem excessos de drama, faz da história de qualquer personagem heroico da DC, uma história de um verdadeiro e grande herói. Apenas, grandioso. Herói.  E é exatamente isso que acontece em Aquaman.

Confira a o trailer!

Em sinopse, Aquaman apresenta uma aventura cheia de ação pelo deslumbrante mundo subaquático dos sete mares, estrelada por Jason Momoa no papel-título. O filme revela a origem de Arthur Curry, meio homem, meio atlante, que embarca em uma jornada para descobrir quem ele realmente é e se ele é digno de seu destino… ser rei.

O que achamos?

Além do aspecto de nos apresentar um novo universo, o subaquático, o longa acerta em cheio na grandiosidade de Arthur Curry, como de seu intérprete Jason Momoa. Numa impecável performance, Momoa dá vida ao personagem e, ao que parece, sem esforço algum. A conexão entre os dois é visível e chega até ser sentida, em termos de personalidades. Momoa é conhecido por ser um fisioculturista e por lutar pelas causas ambientais. Quer casamento mais perfeito que esse? Outro detalhe é que os atores que interpretam Curry mais jovem, também tentam manter esta característica, mas que se enraíza mesmo com Momoa.

FOTO: divulgação

Este novo “fundo do oceano” é bem explorado tanto teoricamente, como visualmente, sem a necessidade da auto-explicação. A história vai se desenvolvendo fora do âmbito de ter que parar para poder contá-lá, lembrando muito a forma como a apresentação de novos povos/regiões é feita no universo de Star Wars.

A imersão dessas particularidades se ambientam naturalmente e conseguem nos fazer viajar no novo mundo. Nos faz entender como é e nos agrada, por ser bem encaixado e sem as pontas soltas que tanto vemos em outras produções. Criaturas marinhas gigantes, diferentes e de várias formas flutuam por este novo reino, e nos dá a sensação de que não falta nada para transformar o oceano em um universo incrível de filmes, o que se deve à ótima execução.

Dirigido por James Wan, de Invocação do Mal (2013) e A Freira (2018), conhecido por dirigir e produzir filmes de baixo orçamento que se tornam um sucesso nas bilheterias, como é o caso de Saw (2004), o seu papel em Aquaman foi de tentar, ao máximo, reduzir os desconexos que a uma má execução de ideia traz para qualquer roteiro. Para alguns, a DC sofre, nos cinemas, a Síndrome da Imitação da Marvel, o que não faz muito sentindo, considerando o vasto abismo que há nas produções cinematográficas das duas e pelo fato de os personagens da DC Comics serem exaltados pela a tal grandiosidade que tanto estamos falando aqui: “em serem heróis”. O fato é que se considerarmos a síndrome, Aquaman trata de dar um jeito e traz as referências para si, ao desconstruí-las e transformá-las, pois consegue não ser uma cópia fracassada da concorrente. E se não considerarmos, Aquaman também sai em vantagem, por ter, exatamente, esta desconstrução do que já estamos acostumados a ver, em seu próprio universo, bem desenvolvido e sabendo dosar seu heroísmo em equilíbrio. Aquaman traz a esperança para o universo, por ser (sim) um filme bom.

FOTO: divulgação

MAS… mesmo com todos os elogios à produção, há falhas específicas e pontuais que não tiram o brilho do projeto. Uma delas é o risco que o roteiro tem ao tentar transformar uma relação instantânea entre Aquaman e a personagem Mera (Amber Heard ), o que incomoda, principalmente, por ser acompanhada, repetidamente, por flertes em horas erradas, talvez para preencher algum espaço no próprio roteiro. Outro problema é que a narrativa se divide em passado e presente, o tempo todo, e na contramão deste tempo, tenta dar espaço para um vilão que quer vingança, o Black Manta. O fato é que, desnecessariamente e equivocadamente, em uma cena, ele é posto de forma humorística, confundindo o público, sem propósito para tal e só fez perder tempo de filme em tela.

Falando em vilão, a ideia da imitação da Marvel pode ganhar força se relacionarmos Aquaman com Thor – e que no fim fica ainda mais evidente. Os  dois filmes giram em torno de um homem que faz parte de um mundo diferente; ambos possuem irmãos malvados e sedentos de poder que forçam uma batalha sobre o legítimo herdeiro do trono, e que são forçados a lutarem entre si, fora outros aspectos que trazem á memória a produção da Marvel. Porém, ainda sim, são ócios da própria história e trajetória do desenvolvimento do personagem Arthur e seu destino, muito além de uma mera comparação com outra história parecida – afinal, as fôrmas de heróis não são tão diferentes assim. Já outro detalhe que incomoda são algumas passagens do filme, mal passadas. Às vezes, até a própria trilha propicia o incômodo, tirando a emoção que o espectador está construindo com o filme, numa pausa brusca para uma passagem.

FOTO: divulgação

Elenco e +

O filme também é estrelado pelo indicado ao Oscar Willem Dafoe (“Platoon”, “Homem-Aranha 2”), como Vulko, conselheiro do trono de Atlântida; Patrick Wilson (dos filmes “Invocação do Mal”, “Watchmen – O Filme”) como Orm/Ocean Master, o atual Rei de Atlântida; Dolph Lundgren (dos filmes “Os Mercenários”) como Nereus, rei da tribo atlante Xebel; Yahya Abdul-Mateen II (da série da Netflix “The Get Down”) como o vingativo Black Manta; e a vencedora do Oscar Nicole Kidman (“As Horas”, “Lion – Uma Jornada Para Casa”) como a mãe de Arthur, Atlanna; além de Ludi Lin (“Power Rangers”) como o capitão Murk, do comando de Atlântida; e Temuera Morrison (“Star Wars: Episódio 2 – Ataque dos Clones”, “Lanterna Verde”) como o pai de Arthur, Tom Curry.

FOTO: divulgação

Wan dirige o filme a partir de um roteiro de David Leslie Johnson-McGoldrick (“Invocação do Mal 2”) e Will Beall (“Caça aos Gângsteres”, da série de TV “Training Day”), com história de Geoff Johns & James Wan e Will Beall, baseado nos personagens da DC, com o Aquaman criado por Paul Norris e Mort Weisinger. O filme é produzido por Peter Safran e Rob Cowan, com produção executiva de Deborah Snyder, Zack Snyder, Jon Berg, Geoff Johns e Walter Hamada.

A equipe de Wan nos bastidores inclui colaboradores habituais como o diretor de fotografia indicado ao Oscar Don Burgess (“Invocação do Mal 2”, “Forrest Gump – O Contador de Histórias”), o editor Kirk Morri (dos filmes “Invocação do Mal”, “Velozes & Furiosos 7”, dos filmes “Sobrenatural”) e o desenhista de produção Bill Brzeski (“Velozes & Furiosos 7”). Juntam-se a eles a figurinista Kym Barrett (trilogia “Matrix”, “O Espetacular Homem-Aranha”) e o compositor Rupert Gregson-Williams (“Mulher-Maravilha”).

FOTO/Pôster: divulgação

Ficha Técnica

Título Aquaman (Original)
Ano produção 2018
Dirigido por James Wan
Estreia
13 de Dezembro de 2018 (Brasil)
Duração 140 minutos
Classificação  12 – Não recomendado para menores de 12 anos
Gênero
Ação Aventura
Países de Origem
Estados Unidos da América

*O filme tem estreia prevista para 13 de dezembro de 2018, em versões 2D, 3D e IMAX.

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Post Author: Jaqueline Oliveira

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