Baby: conferimos o lançamento italiano do Netflix

Série baseada em fatos reais aterrissa no Netflix com direito a polêmica e reflexão

Baby foi lançada no Netflix há poucos dias, e já chamou atenção do mundo ao ser acusada de glamorizar a prostituição infantil – chegando ao ponto de ter originado uma campanha de repúdio do National Center on Sexual Exploitation (NCSE) , órgão norte-americano que combate a exploração sexual.

O show é baseado no escândalo que ficou conhecido na itálica como “Baby Squillo“, ocorrido em 2014, no qual foi revelada uma rede de prostituição infantil criada por donos de clubes (o marido da neta de Mussolini foi um dos nomes envolvidos, para dar uma noção da dimensão do escândalo) e adolescentes de classe média alta de Roma, que topavam a empreitada para comprar roupas de grife e levarem vidas de luxo sem que seus problemáticos pais desconfiassem de nada.

Baby: resenha sem spoilers

O show nos apresenta às vidas de Chiara (Benedetta Porcaroli) e Ludovica (Alice Pagani), duas adolescentes que a princípio parecem não ter nada em comum além de frequentarem a mesma escola – Chiara é a típica garota popular com um futuro promissor, amigos de famílias influentes e membro do time de corrida da escola. Ludo, por outro lado, é conhecida pela família problemática, pelas bebedeiras, festas e pelo vazamento de uma sex tape em uma rede social.

Um incidente acaba as aproximando, e um olhar mais próximo à dinâmica da alta sociedade romana nos revela que as duas não são tão diferentes assim – o que muda de Chiara para Ludo é que a primeira prefere ocultar sua persona selvagem sob um verniz de perfeição. Juntá-las equivale a unir palha a um fósforo aceso, e eventualmente acabamos nos vendo arrastados de um jeito meio pasmo para o submundo italiano da prostituição de luxo.

Paralelamente, somos apresentados a Damiano Younes, um filho de diplomata que acaba de ser assumido pelo pai e, consequentemente, entra de sopetão em um universo de seguranças, carros importadose escolas caras com o qual não está acostumado. Sua revolta e o ar de bad boy mesclados à doçura de sua personalidade fazem dele o personagem que é tudo que Dan Humpfrey poderia ter sido em Gossip Girl.

Baby: análise com um spoiler ou dois

É possível perceber, aqui, uma tendência dos produtores do Netflix europeu de investir em tramas envolvendo adolescentes problemáticos da alta sociedade – a exemplo do hit espanhol Elite, com o qual é impossível não traçar uma comparação, já que foi lançado poucas semanas antes de Baby e tem uma estrutura bastante parecida, com direito à exibição da corrupção que corrói as entranhas de uma sociedade aparentemente perfeita.

Entretanto, o tema central dos dois shows é bastante diferente: se em Elite temos o “caos no formigueiro” ocasionado pela chegada de três “corpos estranhos”, em Baby temos a venda do próprio corpo como alternativa encontrada por duas adolescentes machucadas pelas famílias e por colegas para expressar frustração, raiva e controle – as conversas e encontros com os homens mais velhos são as únicas situações nas quais elas não se encontram à mercê de outras pessoas. E é exatamente por isso que a série foi considerada tão perigosa por centros como o NCSE – ao mostrar a prostituição como forma glamourosa de empoderamento, é impossível não se sentir seduzir. Talvez na segunda temporada, já confirmada, o outro lado da prostituição – que começou a ser revelado nos últimos episódios da season 1,seja aprofundado e possamos ser apresentados a uma perspectiva mais real e multifacetada do tema. Vale esperar pra ver!

 

 

Post Author: Rê Schmidt

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