Elza O Musical

Resenha crítica de Elza: O Musical

Estivemos na sessão fechada para convidados e jornalistas que rolou dia 23, no Rio de Janeiro

Sete atrizes para encarnar uma mulher com sete vidas. O Musical dedicado à contar a vida e a trajetória profissional da musa Elza Soares é um ato político desde a escolha do elenco, que traz sete atrizes de biotipos, idades e vozes bastante distintos para dar vida a um dos nomes mais influentes da música latino-americana.

Com texto de Vinícius Calderoni, direção de Duda Maia e músicas a cargo de Pedro Luís, o musical conta com patrocínio da Tokio Marine Seguradora e da Rede – o que é muito bacana, se levarmos em conta o quão importante é termos apoio de empresas privadas apoiando iniciativas culturais com propostas mais transgressoras, e se tem uma coisa que Elza: o Musical, entrega, é rebeldia!

Essa Rebeldia é gritada já pela história da cantora em si: Elza Soares foi obrigada a casar aos 12 anos com um homem que a violentara, e teve o primeiro filho aos 13. Com 21 anos, já era viúva, mãe de outros três filhos e começava a trilhar uma trajetória meteórica de sucessos; é gritada também pelos acordes roucos de Larissa Luz, cuja voz extremamente parecida com a da própria Elza chega a assustar – não é à toa que a cantora foi escolhida como voz que lidera os espectadores  rumo às diferentes fases de Elza Soares.

Muitos fatores colaboraram para Elza ser criticada e mesmo hostilizada no início de sua carreira: além de ser mulher, pobre e negra numa época em que não se falava em empoderamento, seu envolvimento  com o jogador Garrincha quando ele ainda era casado foi alvo de escândalo na sociedade carioca, a ponto da cantora ser chamada de “destruidora de lares” por jornalistas e ridicularizada por cronistas esportivos.

A relação com Garrincha foi tumultuada, principalmente em decorrência do alcoolismo do jogador, que teve como efeitos colaterais mais de uma década de abusos físicos  e a morte da mãe da cantora em um acidente causado por ele, em 1969, temas cantados de forma emocionante ao som de  “Maria da Vila Matilde”.

A lista de tragédias pelas quais Elza Soares passou não acaba aí – seu único filho com Garrincha, o Garrinchinha, morreu com apenas 9 anos de idade, também em um acidente de carro – o próprio Garrincha  falecera alguns anos antes, pouco tempo após a separação, de cirrose.

Como se não bastasse,  uma queda em um show no Rio de Janeiro em 1999 resultou em duas fraturas na coluna da cantora, que mais uma vez precisou driblar a tragédia pessoal para seguir cantando.

A própria Elza Soares compareceu à sessão especial de Elza: O Musical, e foi aplaudida de pé pela plateia e pelo elenco por mais de dois minutos – é impossível não se emocionar com o impacto dela nas pessoas, que se fez totalmente compreensível ao término do espetáculo. Logo após o fechamento das cortinas, foi a vez da musa pegar o microfone e proferir algumas palavras:

“Achei tudo muito lindo, assistir vocês me fez voltar no tempo, ver meus pais, ser criança de novo.”

Elza, Larissa Luz
Ao fim do espetáculo, Larissa Luz e o elenco agradeceram os convidados. Créditos: Renata Schmidt

Elza: O Musical, fica em cartaz no Teatro Riachuelo, na Cinelândia (Rio de Janeiro, RJ) até o dia 23 de setembro. Os ingressos podem ser adquiridos na própria bilheteria do teatro ou pelo site do Ingresso Rápido 

Post Author: Rê Schmidt

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