Sem Luz

Espetáculo “Sem Luz” estreia em São Paulo

Montagem do Coletivo Teatro do Fim do Mundo é baseada em obra da ganhadora do Nobel de Literatura Elfriede Jelinek

O mundo em suspensão após um grande desastre nuclear, como o ocorrido em Fukushima, foi a imagem usada pela austríaca Elfriede Jelinek a escrever a peça “Kein Licht”, que inspira o espetáculo de dança Sem Luz, já em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade.

A montagem, que foi  contemplada pelo Edital Proac Primeiras Obras de Dança de 2017, é estrelada pelos  intérpretes-criadores Artur Kon e Renan Marcondes. Artur estreia na dança e Renan, que vem da perfomance, também assina a direção do trabalho, que tem ainda direção de movimento de Carolina Callegaro (os dois diretores compõem o Pérfida Iguana, núcleo parceiro na criação) e provocação cênica de Andreia Yonashiro. A concepção sonora é de Sérgio Abdalla Saad Filho e o figurino de Renatto Souzza.

Sem Luz
Créditos: divulgação

Sem Luz: o processo criativo

Apesar de ser pouco conhecida no Brasil, Elfriede Jelinek é uma das mais importantes dramaturgas da atualidade. Artur, que estuda a autora austríaca em seu doutorado, já participou como ator e dramaturgista de duas montagens teatrais de Jelinek, Peça Esporte (2015) e Dramas de Princesas (2016), mas queria experimentar novas linguagens com essa dramaturgia pouco convencional que foi disparadora para a criação de Sem Luz. Ele levou a ideia aos artistas que compõe o projeto e deu início à fase de criação.

“Partimos de uma recusa da atividade positiva do corpo como centro inquestionável da dança, buscando antes um limiar entre vida e morte, movimento e paralisia, corporalidade e espectralidade”, explica o diretor e intérprete Renan Marcondes. “Queríamos que de algum modo o corpo fosse desaparecendo em meio ao cenário, de modo que o próprio espaço se tornasse mais visível. O corpo é movido por alguma coisa, uma radiação que está no ar, e que ele capta, que penetra nele e num limite o desfaz”.

Em suma, essa proposta gera uma montagem em que o protagonismo não é dos performers e, sim, de extensos bastões de cobre manipulados pelos artistas em cena.

“Nos interessa muito o movimento desses objetos que não conseguimos controlar, a sonoridade e imagens que são criadas por eles no ambiente onde se dá a cena. A ideia de ‘fim de mundo’, que está na peça bem como no nome do coletivo, nos faz pensar que esse mundo é (ainda) algo vivo, que os objetos que o habitam podem resistir à nossa ação sobre eles, ação essa que parece cada dia mais nos levar à beira do colapso” explica Artur

O texto de Eldriede Jelinek também aparece, sem contudo ser enunciado teatralmente, mas ajudando a criar as imagens desse mundo após uma grande catástrofe. O cenário e figurinos completamente cinzas, dialogando com uma luz completamente branca e a trilha sonora composta de fragmentos do texto completam os elementos da montagem.

Sem dúvida vale a pena conferir esse trabalho tão apaixonante! Sem Luz tem entrada gratuita e fica em cartaz até o dia 16 de junho na Oficina Cultural Oswald de Andrade.

Além disso, fique de olho nos dias e horários: quintas e sextas às 20h, e sábados às 18h

 

Post Author: Rê Schmidt

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