Tudo que Quero

Com ótimo elenco, Tudo que Quero é um drama sincero porém mediano sobre autismo

O autismo é um daqueles assuntos meio tabu, que costumam ser tratados com certa desconfiança e requerem um certo grau de sensibilidade. Em Tudo que Quero, a ex-criança prodígio Dakota Fanning (da série O Alienista) interpreta Wendy, uma jovem autista que vive sobre os cuidados de uma casa especializada e tenta levar uma vida o mais próxima possível do normal. Fascinada pela clássica série de ficção-científica Jornada nas Estrelas (da qual possui conhecimento enciclopédico), Wendy pretende se inscrever no concurso de roteiros da série e passa seu tempo livre escrevendo seus personagens preferidos. Após um desentendimento com sua irmã mais velha, a garota decide fugir do abrigo e ir até Los Angeles para entregar seu roteiro no próprio estúdio. Com essa premissa, o roteiro de Michael Golamco (da série Grimm: Contos de Terror) consegue entregar um filme sensível e sincero, mas de pouca profundidade.

Propensa a ataques violentos quando mais nova, Wendy quer mostrar a irmã, Audrey, que está bem o suficiente para voltar para casa e conhecer a sobrinha. Audrey, por sua vez, receia a convivência entre a filha recém-nascida e a irmã, e teme tanto pela bebê quanto por si mesma e seu casamento. No entanto, essa faceta da história é pouco explorada e o filme prefere se focar na jornada de Wendy pela estrada, acabando por entregar uma solução final demasiado fácil e ingênua para uma questão muito mais complexa. Mesmo o paralelo que o longa tenta fazer entre sua protagonista e Spock, o famoso Vulcano de Jornada nas Estrelas, acaba perdido para aqueles que não conhecem a série.

Tudo que Quero

A sinceridade do roteiro chega a surpreender às vezes. Sozinha pela primeira vez em território desconhecido, Wendy passa por momentos difíceis que soam bastante reais (encontros com pessoas mal-intencionadas, furto, e acidentes na estrada são algumas das situações sem as quais o filme soaria falso). Esses acontecimentos também dão vazão a um certo nível de comédia devido à ingenuidade e geral desconhecimento da protagonista, arrancando algumas boas risadas do público.

Tudo que Quero é um filme que se apoia no que tem de melhor: seu elenco. Além de Fanning, que atua como um imã para a atenção do público, o núcleo conta ainda com subestimada Toni Collette (Pequena Miss Sunshine) interpretando Scottie, cuidadora de Wendy que acredita no progresso da garota. Alice Eve (ela própria saída do filme mais recente da franquia Jornada nas Estrelas, Além da Escuridão: Star Trek) interpreta Audrey, irmã mais velha de Wendy. As ótimas performances dessas três atrizes, especialmente Collette, dão personalidade e empatia à personagens que, por vezes, podem soar como caricaturas. O longa conta ainda com ótimas participações, especialmente a do ator Patton Oswalt (Jovens Adultos) interpretando um policial que forma uma conexão incomum com a protagonista.

A direção de Ben Lewin (As Sessões) parece inexistente, e Tudo que Quero acabaria passando batido não fosse por suas ótimas performances. Assim, o produto final é genérico e não se destaca, formando um longa agradável, mas que deve ser esquecido com facilidade.

Nota: 3

Post Author: Kissila Machado

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