Anne With an E, a série da Netflix sobre empoderamento feminino

Tagarela, moleca, curiosa, impetuosa e fascinada pela vida. Essa é Anne Shirley de Green Gables, que mais tarde se tornaria fã dos livros e dos irmãos Cuthbert, mas que por ora, era apenas mais uma garota de 13 anos que, desde seus 3 meses de idade quando perdeu os pais, vivia entre orfanatos e lares extremamente abusivos.

A série original da Netflix que estreou em maio de 2017 e terá sua segunda temporada lançada ainda este ano, nos leva de volta ao século XIX. Baseada na obra “Anne of Green Gables” da escritora Lucy Maud Montgomery (que só ganhou tradução no Brasil após 100 anos), é roteirizada pela autora do livro e por Moira Walley- Beckett, conhecida por trabalhar na série Breaking Bad.

Um bom garoto, trabalhador, obediente, que não seja preguiçoso e emburrado. Esse foi o pedido dos irmãos Matthew (R.H. Thomson) e Marília Cuberth (Geraldine James). Um casal de idosos, moradores de uma humilde fazenda na pequena Green Gables, que precisavam de ajuda para os trabalhos mais braçais, e pensaram em adotar um menino para tais afazeres. Porém, um dia por engano, Anne foi enviada para morar com os dois.

No primeiro episódio, o mais longo da temporada, acompanhamos a confusão e conhecemos um pouco da Anne, uma menina que sofreu muita violência física e emocional pelas famílias nas casas por onde passou, mas que sempre enxerga beleza e otimismo nas pequenas coisas do mundo, apesar de uma vida tão amarga e sem cor, e que sempre usa a imaginação para fugir da realidade: – eu gosto mais de imaginar do que de lembrar, por que as piores lembranças são as mais insistentes?

Ao conhecer Matthew no caminho para Green Gables, Anne se mostra otimista e tagarela. Entre atitudes para estimular o “alcance da sua imaginação” e muita insegurança disfarçada por seu entusiasmo, as palavras parecem sair de sua boca sem controle enquanto despeja toda a sua felicidade no homem que finalmente a acolheu como filha. Porém, assim que chegam em casa, Marília afirma que precisam de um menino para ajudar com os trabalhos pesados e não pode ficar com ela. É a deixa para Anne mostrar que não é uma garota comum de 1890, e nos avisar que a série estará cheia de pequenas grandes heroínas.

Matthew é facilmente conquistado pela menina de personalidade forte e frases do tipo: “se você tem grandes ideias, tem que usar grandes palavras para expressá-las”, mas apesar de toda a sua força de vontade, Anne leva algum tempo para ganhar a admiração de Marília, e de todos em Green Gables.

A série tem uma série de arcos importantes para ser tratados em nossa sociedade, como o bullying que Anne sofre na escola por não estar no mesmo nível que outras crianças de sua idade que estudaram a vida toda, o preconceito por ser ruiva, diferente das outras meninas consideradas bonitas naquele vilarejo, a adaptação entre as coisas consideradas “tabus” para as meninas, que Anne não vê sentido em seguir.

Outro ponto forte da série é o feminismo, apresentado através de um grupo de mulheres que se reúnem semanalmente para debater o papel da mulher na sociedade da época, com um roteiro incrivelmente atual, citando temas como maternidade progressista, independência e casamento. Ao longo dos episódios, até mesmo a questão de relacionamentos homoafetivos, retratada de forma gentil e sutil, porém marcante e necessária é mencionada.

Se você não se convenceu até aqui, a fotografia extremamente alegre para combinar com a personagem principal, com aquele tom de época combinado aos figurinos do século XIX não irão te decepcionar, assim como a abertura simples e mágica. O crescimento emocional de cada personagem através de um roteiro muito bem feito também é algo que vale a pena ser mencionado e admirado ao longo dos sete episódios em torno de 45 minutos.

Veja o trailer abaixo, e continue navegando para saber mais sobre essa e outras séries, e o que acontece no mundo da cultura.

Post Author: Mariane Barbosa

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