Sim São Paulo 2017

Aprendizados da Semana Internacional de Música

Fomos acompanhar a SIM São Paulo 2017 e contamos o que aprendemos por lá

A Semana Internacional de Música é uma conferência que acontece todos os anos em São Paulo desde 2013 no CCSP (Centro Cultural São Paulo) que fica na Vergueiro. Com programação de cinco dias, o evento tem dezenas de shows nacionais e internacionais, palestras, stands de empresas do ramo, workshops com profissionais brasileiros e gringos de diversas áreas da música.

A programação da SIM é muito extensa. São cerca de cinco coisas acontecendo ao mesmo tempo. Enquanto tem shows no Espaço Spotify, no Jardim Suspenso, também têm shows de 20 minutos cada em outra área do CCSP. Enquanto tem palestra em uma sala, tem outra acontecendo ao mesmo tempo. O negócio é ficar ligado em tudo e escolher o que melhor se encaixasse com o conhecimento que você queria adquirir ou os contatos com os profissionais que você queria fazer.

E foi assim que fizemos. Fomos a cerca de 10 palestras e meet ups, assistimos diversos shows e aprendemos demais. Veja abaixo as frases que mais nos chamaram atenção nesses dias e o que elas têm para te ensinar também:

“As marcas são parceiras que vão viabilizar a cultura”

Essa frase vem do contexto de festivais que acontecem no Brasil inteiro, dos maiores aos menores, não precisam de patrocínio para acontecer. A frase é de um dos organizadores do Festival Bananada que comemora em sua próxima edição, 20 anos de história. As marcas, claro, ajudam muito, mas os festivais aconteceriam mesmo se aqueles nomes não estivessem impressos em grandes banners ao longo do evento. Elas precisam ser vistas como parceiras dos eventos, são apoios para que a cultura seja cada vez mais disseminada. Mas, quem faz mesmo, é cada um que tem a iniciativa e o pontapé inicial.

SIM São Paulo 2017
Foto: Reduto do Rock

“Pensar em todas as possibilidades em gerenciamento de crise e imprevistos junto à imprensa”

Na palestra com o CEO do Rock In Rio e o diretor do Palco Sunset, ouvimos essa frase. Pode parecer óbvio, mas não é. O exemplo foi o cancelamento do show da Lady Gaga. Eles contam que tinham cinco tipos de release: um para caso vazasse a informação, outro caso a cantora anunciasse antes deles, outro caso eles anunciassem primeiro e por aí vão mais possibilidades.

“Pensar em toda a experiência do cliente”

Outra que veio da palestra do Rock in Rio foi a dica de pensar em toda a experiência do cliente em seu evento. Planeje tudo e pense em cada detalhe do que as pessoas que comprarem ingresso para o seu show, para o seu festival, vão ver desde que entrarem até saírem do local e voltarem para suas casas. Os dois palestrantes, falaram sobre o cuidado com os banheiros, pensar em diminuir a possibilidade de se criarem muitas filas, e até sobre pensar em palco para ficar com bandas tocando próximos às filas de entrada e ambulâncias para os fãs da Gaga que receberiam a notícia de que o show tinha sido cancelado.

“O que vem pela frente nunca é pequeno”

É aquele pensamento positivo que não podemos deixar de ter. Se estamos trabalhando para que um projeto dê certo, com empenho e com vontade, então o que virá nunca será pequeno. Ao menos maior do que o ponto em que você está hoje, com certeza será. Aprendizados e conquistas, nem que não sejam tão grandiosos, nunca serão pequenos.

“Nós não estamos atrás”

Essa é do Raoni Carneiro da TV Globo que ministrou a palestra, vulgo mini aula de inspiração para os que adoram audiovisual, sobre transferir um show para as telas de televisão, cinema, e aparelhos eletrônicos. Ele contou que um profissional renomado da área, responsável por transpor grandes eventos da televisão americana, ao ver seu processo e sua estrutura, o disse: “Vocês não estão atrás”. Ou seja, as vezes pensamos que não temos tudo ao nosso alcance, mas não estamos atrás como imaginávamos. As vezes nossas ideias, nossos meios de contornar uma falta de um equipamento incrível, ou o aprendizado constante que buscamos ter, nos coloca exatamente no mesmo patamar que muitas pessoas de nome por aí.

“Álbuns dos artistas têm mais visibilidade que as playlists”

O hype do ano são as playlist. É vontade de entrar em playlists para cá, vontade de entrar em outra acolá. Pois bem, elas realmente contêm um potencial gigantesco para aumentar a visibilidade das suas músicas, principalmente quando se é um artista pequeno. Porém, segundo os responsáveis pelas playlists da Deezer e da Vevo Brasil, os maiores números nas plataformas ainda são de acesso a álbuns e vídeos específicos de cada artista.

Portanto, não saia por aí achando que todo mundo é aberto para conhecer músicas novas pré definidas por outrem ou via algoritmos. Mas, sim, continue na busca de entrar em playlists diversas, porque mesmo o número sendo menor, ainda te garante milhares de plays dependendo de onde sua música estiver adicionada.

“Panelinha não é bom para ninguém”

Essa é daquela velha colega que sempre te disse para renovar os ares, fazer novos amigos, conhecer um mundo novo. Mas também é da Deezer que te diz para ampliar os horizontes quando o assunto são gêneros musicais e o preconceito que ainda existe no mundo da música. Rock não se mistura com ninguém e talvez seja até por isso que não consegue aumentar seu alcance e voltar a ser um dos estilos mais ouvidos. É só ver como foi a reação de muitos fãs do Metallica à apresentação da banda com a cantora pop, Lady Gaga, e entenderão o que acontece e vem acontecendo há algum tempo.

“Uma bilheteria pagava, outra dava prejuízo”

Um alívio, um respiro, uma luz no fim do túnel. É sempre bom ouvir que pessoas que deram certo com seus projetos também tiveram suas lutas travadas com o caixa no passado. Um festival não conseguir dar lucro em suas primeiras edições, é coisa que vimos acontecer com o Psicodália (PR), que hoje reúne milhares de pessoas. É um exemplo concreto de que persistência é a resposta.

“A gente tem uma lista de sonhos” – Alexandre Osiecki

E é assim que deveria ser para todos. Uma eterna cultivação de sonhos a perseguir durante toda a vida. Afinal, o nosso tempo aqui é muito curto para não sonhar e não tentar ver a felicidade de realizá-los. Alexandre disse que a lista de sonhos são os artistas que ele deseja levar para as próximas edições do Psicodália, mas por aqui a gente também transporta a lista para os nossos objetivos e nossos projetos que nos fazem brilhar os olhos.

Sim São Paulo 2017
Fátima Pissarra – Diretora da VEVO no Brasil – Créditos: Ali Karakas

“É muito fácil reconhecer quando não é verdadeiro. Os fãs de música não aceitam mentira”

Para músicos, artistas e influencers, lembre-se da frase acima sempre que forem fazer uma campanha com uma marca ou pedir patrocínio para alguém. Nada pode ser forçado e precisa, essencialmente, conversar com a sua imagem, com o que você passa, com os seus valores e as suas ideias. Caso a campanha ou a marca seja completamente fora do que se vê de você, não faça. Os fãs sabem quando algo é real, quando tem convergência e a parceria genuína, e quando é pura e exclusivamente interesse financeiro.

“Não é quem você gosta, quem você quer conhecer, quem você quer tirar foto. É quem conversa com sua marca”

Esse aprendizado é mais voltado para as marcas, mas resolvemos colocar por aqui mesmo assim. Assim como os artistas não devem pensar em fazer algo só por dinheiro, as marcas também não devem pensar somente em exposição e procurar pessoas que não conversem com sua empresa apenas tendo em vista o seu gosto pessoal. Esse tipo de atitude acaba sendo ruim para os dois lados.

“Você tem que ser cara de pau”

Cara de pau é algo essencial desde que ouvimos a Mônica Salgado falar em vídeo de 2013 que “jornalista que não é cara de pau não chega a lugar nenhum”. Pois bem, nem eles, nem ninguém. Ter a vontade e a coragem de colocar a cara a tapa, falar com as pessoas, se apresentar, mostrar seus projetos, buscar parcerias e, simplesmente, não ficar parado; é algo que todos deveriam praticar para crescer profissionalmente independente de sua área de atuação.

“Se você tem um patrocinador, outros se interessam. Se não tem nenhum, ninguém quer”

A dica acima é mais do que necessária quando chegamos a esse ponto da conversa. Conseguir patrocínios não é tarefa fácil. É preciso saber vender sua ideia e persistir com os nãos que você certamente levará em suas primeiras tentativas. A dica da Vevo aqui é começar por baixo. Você não precisa pensar somente em grandes marcas para estarem ao seu lado. Empresas da sua cidade talvez estejam buscando parceiros como você e não conseguem encontrar. Outra dica é agregar coisas ao primeiro patrocínio caso sua estratégia inicial não esteja dando certo. Assim, com um garantido, a tarefa de conseguir outros se torna mais fácil.

“Quem não é visto, não é lembrado”

A premissa clara de que você deve fazer acontecer e mostrar o seu trabalho. Ser o rosto do que você faz, das ideias que tem e ser adepto ao nosso bom e velho networking. Se auto divulgue bastante e a cada passo, cada conquista, celebre e mostre seus avanços. E, claro, tenha em mente sempre qual é a mensagem que você quer passar para as pessoas, como você quer ser conhecido, e busque ser a pessoa que você visualiza lá na frente, hoje mesmo. Assim você cria sua imagem, sua identidade perante si mesmo e os outros, e mostra a que veio.

Post Author: Bruna de Oliveira

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